Olá, pessoal!
Nós sempre recebemos muitas mensagens de alunos que têm dificuldade na hora de pensar na proposta de intervenção e como inseri-la na redação. Por isso, preparamos este post para sanar a dúvida de todos!
Vamos lá?
Já sabemos que redação do ENEM e de vestibulares diversos obedecem à clássica estrutura dos textos dissertativos argumentativos. Nesse gênero textual, há três pontos que são básicos: apresentação do ponto de vista, sustentação do ponto de vista e proposta de solução dos problemas trazidos ao longo da redação.
Frequentemente, o ENEM traz temas que permitem o posicionamento do autor, sem haver exatamente certo ou errado com relação ao ponto de vista, o que agrega maior peso avaliativo neste texto é a argumentação e a forma como o escritor sugere resolver o problema, por isso, não deve haver preocupação em ter sua opinião considerada como correta ou incorreta pelo avaliador, mas sim demonstrar razões plausíveis e bem ancoradas para pensar como você pensa.
O primeiro momento de conquistar o leitor, já que o avaliador é, antes de mais nada, um leitor do texto, é a introdução. Aqui, é essencial que você apresente num parágrafo único o tema, sem repetir o que foi dado na proposta de redação, e seu ponto de vista — positivo, negativo ou ambos — sobre o assunto. Muitas vezes, o assunto nos permite levantar aspectos positivos e negativos, fazendo comparações, se essa for sua intenção, não se esqueça de dar igual espaço textual aos argumentos favoráveis e contrários ao longo do texto.
O ponto de vista
Tenha certeza de que o ponto de vista adotado para sua redação seja convincente em primeiro lugar para você, pois é impossível passarmos credibilidade a alguém por meio de nossas palavras se nem nós mesmos acreditamos no que dizemos. Creia: isso é perceptível no próprio processo de escolha das palavras e organização frasal.
Optando por desenvolver uma linha de pensamento em que se somem aspectos positivos e negativos sobre o mesmo tema, esteja certo de que os motivos a favor e contra que você tem sejam equivalentes, caso não, para um leitor atento (como são todos os corretores), ficará visível sua tendenciosidade para um lado ou outro, o que leva a desconto de conceitos.
Em nenhuma hipótese apresente sua ideia inicial com palavras que denotem imprecisão como achar, pensar, talvez, provavelmente. Lembre-se: o primeiro passo para uma redação nota 1000 é apresentar com propriedade e convicção sua posição sobre o assunto em questão.
Veja o exemplo de introdução de uma redação nota 1000 no ENEM 2018. A redação foi escrita por Thais Saeger Ruschmann da Costa e está disponível no site do Inep, organizador da prova.
“É fato que a tecnologia revolucionou a vida em sociedade nas mais variadas esferas, a exemplo da saúde, dos transportes e das relações sociais. No que concerne ao uso da internet, a rede potencializou o fenômeno da massificação do consumo, pois permitiu, por meio da construção de um banco de dados, oferecer produtos de acordo com os interesses dos usuários. Tal personalização se observa, também, na divulgação de informações que, dessa forma, se tornam, muitas vezes, tendenciosas. Nesse sentido, é necessário analisar tal quadro, intrinsecamente ligado a aspectos educacionais e econômicos”.
Note como, mesmo sem termos acesso ao tema, conseguimos compreender que o assunto central é a relação entre uso da internet e vida social, isso acontece porque a autora abre o texto já apresentando a temática e, ao mesmo tempo, posicionando-se, pois, ao incluir a expressão “é fato”, sabemos que sua visão é positiva.
Após o momento da introdução, temos o desenvolvimento, que ocupa a maior parte do texto e que também traz uma série de detalhes quanto à sua execução. Chegou o momento de você demonstrar o porquê pensa como pensa. Tire da sua cabeça a intenção de “convencer” o leitor, seu leitor não precisa ser convencido, ele precisa entender qual o assunto, o que você pensa sobre o assunto, por que você pensa aquilo e como você resolveria o problema proposto. A finalidade é fazer com que seu texto seja coerente e lógico para qualquer pessoa que o leia, independentemente da visão pessoal dela, e o desenvolvimento é parte chave para se alcançar esse objetivo.
A escolha de argumentos
O desenvolvimento deve ter ao menos dois parágrafos, sendo que cada parágrafo contará com a exposição de um argumento diferente sobre seu ponto de vista. Esteja plenamente consciente de que os argumentos selecionados de fato comprovam o que você diz, servindo enquanto base.
É recomendado que você inclua pareceres de pensadores, autores, pesquisadores ou dados estatísticos sobre o tema requerido, porém, como nem sempre temos essas informações à mão no momento da produção textual, uma alternativa é recorrer a um fato histórico ou a um acontecimento de amplo conhecimento, isso confere autoridade a seu texto. Nunca cite um pensador ou teórico apenas “por citar”, assegure-se de que o elemento selecionado tem relação direta com a temática.
Não se esqueça de escolher bem o vocabulário. Opte por expressões que demonstram segurança e firmeza, como: é fato, verdadeiramente, inquestionavelmente, observa-se, entre outras opções.
Analise a construção do primeiro parágrafo de desenvolvimento da redação de Thais Costa:
“É importante ressaltar, em primeiro plano, de que forma o controle de dados na internet permite a manipulação do comportamento dos usuários. Isso ocorre, em grande parte, devido ao baixo senso crítico da população, fruto de uma educação tecnicista, na qual não há estímulo ao questionamento. Sob esse âmbito, a internet usufrui dessa vulnerabilidade e, por intermédio da uma análise dos sites mais visitados por determinado indivíduo, consegue rastrear seus gostos e propor notícias ligadas aos seus interesses, limitando, assim, o modo de pensar dos cidadãos. Em meio a isso, uma analogia com a educação libertadora proposta por Paulo Freire mostra-se possível, uma vez que o pedagogo defendia um ensino capaz de estimular a reflexão e, dessa forma, libertar o indivíduo da situação a qual encontra-se sujeitado – neste caso, a manipulação”.
Thais traz, na abertura do parágrafo, o primeiro argumento, de que “o controle de dados na internet permite a manipulação do comportamento dos usuários”, o que se segue é a defesa e sustentação desse argumento. Além disso, ela recorre à proposta de educação libertadora de Paulo Freire para a conferência de autoridade a seu parágrafo.
Tendo argumentado, sustentado os argumentos e levantado os problemas pertinentes, é necessário propor soluções, parte que frequentemente compõe a conclusão. As soluções têm sido chamadas tecnicamente de proposta de intervenção.
Para que uma redação seja avaliada com nota 1000, a proposta de intervenção é fundamental e existem parâmetros para que ela seja construída.
A proposta de intervenção
Pense no seguinte: se você tivesse o poder de resolver o problema proposto na redação, o que você faria? A resposta já te dá um pequeno referencial de caminho a seguir.
A proposta de intervenção (ou solução) deve ser sempre aplicável, possível, ainda que em longo prazo. Nunca proponha algo inviável, ambientado apenas no mundo dos sonhos.
É possível incluir a proposta de intervenção ao longo do desenvolvimento ou apenas na conclusão, porém, comumente, as soluções compõem a parte final do texto.
Esqueça a ideia de apontar o dedo para os culpados, a função da proposta de solução é demonstrar meios de se resolver a problemática e não de julgar possíveis culpados. Cuide para que os princípios básicos da humanidade, legalidade e religiosidade sejam respeitados em sua proposta. Jamais proponha algo contra a lei ou que demonstre preconceito religioso, por exemplo.
Boas propostas de intervenção frequentemente envolvem três agentes: Estado, população e escola. É importantíssimo que a proposta não gire em torno apenas da ideia de conscientização, mas que explique de que forma essa conscientização acontecerá.
Você pode incluir exemplos de soluções que já funcionaram em outros lugares ou outras situações, caso haja. Lembre-se apenas de analisar se a fonte das informações é de fato confiável, se o contexto é semelhante e se o exemplo é realmente aplicável a tal contexto.
Não use vocábulos que remetam ao termo conclusão, afinal, no momento da conclusão, é bastante óbvio que iremos concluir o texto, por isso, usar expressões como conclui-se que, em conclusão é alternativa redundante. Ao invés disso, acrescente verbos e termos potentes, tais quais: considera-se, é imprescindível, é necessário, dessa forma, dado o exposto, em vista de, dentre outras possibilidades.
Para finalizar a proposta de intervenção, pense na seguinte situação: se sua proposta de intervenção fosse de fato colocada em prática, quais seriam os bons resultados para a sociedade? A resposta a essa pergunta pode ser uma forma de fechar o texto.
Para concluir sua redação, Thais sugere que o Ministério da Educação ofereça meios de debates e discussões nas escolas, além de incluir a disciplina de educação tecnológica a fim de resolver o problema discutido por ela durante a produção textual. A autora também conta quais seriam os resultados positivos gerados por sua proposta. Note a construção:
“Infere-se, portanto, que o controle do comportamento dos usuários possui íntima relação com aspectos educacionais e econômicos. Desse modo, é imperiosa uma ação do MEC, que deve, por meio da oferta de debates e seminários nas escolas, orientar os alunos a buscarem informações de fontes confiáveis como artigos científicos ou por intermédio da checagem de dados, com o fito de estimular o senso crítico dos estudantes e, dessa forma, evitar que sejam manipulados. Visando ao mesmo objetivo, o MEC pode, ainda, oferecer uma disciplina de educação tecnológica nas escolas, através de sua inclusão na Base Comum Curricular, causando um importante impacto na construção da consciência coletiva. Assim, observar-se-ia uma população mais crítica e menos iludida”.
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