Você avalia as redações de seus alunos e… eles voltam a cometer os mesmos erros! Pare de enxugar gelo e veja agora como seu trabalho pode ser mais eficaz – e como conseguir fazer a avaliação de redações sem se cansar!
Nesse sentido, os alunos não falam abertamente, mas a gente vê que não aproveitam muito as avaliações que recebem… sem mencionar que acham que o professor está sempre irritado, a julgar pelas marcas vermelhas espalhadas pela folha.
Afinal, Eles também confessam que certas perguntas feitas nas margens pelos professores parecem sem sentido.
Sem dúvida, é inevitável: as avaliações acabam esquecidas, dobradinhas, no meio das apostilas.
Isso porque o resultado é ruim: para desespero do professor, os alunos repetem exatamente os mesmos erros, redação após redação.
Desse modo, vamos te ensinar agora o jeito ideal de avaliar redações (que pode ser potencializado com nossa plataforma para escolas!)
A mentalidade correta para avaliar uma redação
Primeiramente, estamos falando de “avaliar a redação” e não de corrigi-la, notou?
Sim, porque “corrigir” implica apenas reescrever na forma correta. Alunos não precisam disso: eles precisam saber como não repetir uma falha, que é a função da avaliação.
Por isso, o que você não imaginava é que a avaliação perfeita começa antes de pensar na gramática ou na clareza da redação do seu aluno.
Coloque-se no lugar do aluno
Lembra-se quando você, professor, era aluno?
Caso você escrevia sua redação pensando em fazer seu melhor. Tudo que queria era que o professor entendesse você.
Por isso, seu aluno também pensa assim: ele quer é que você entenda o que ele diz. O que ele diz é importante para ele. É muito frustrante para um aluno tentar explicar o que pensa e ver que o professor só prestou atenção nos erros de gramática!
Portanto, não supervalorize erros em detrimento das ideias.
Claro que as ideias dependem de uma escrita clara, com gramática correta (e às vezes até a letra impede que você entenda a ideia!).
Mas corrija a gramática, ao mesmo tempo que mostra a seu aluno até que ponto o compreendeu. Ele ficará feliz pelo seu esforço e gentileza e evitará aquele erro gramatical nas próximas redações.
Um exemplo:
em vez de anotar
“não entendi”
prefira anotar
“acho que você quis dizer [tal coisa], não? Ou será que queria dizer [tal outra coisa]?”
Sim, porque – não seja desalmado – alguma coisa você entendeu!
Nunca corrija a opinião do aluno
Muito provavelmente seu aluno é egresso do ensino médio (ou ainda não o terminou) e você sabe como é o pensamento nessa faixa etária. Sem dúvida, ele vai evoluir com o tempo – nada de críticas!
Por mais absurda que a opinião ou os argumentos de seu pupilo pareçam, “pegue leve”. Por isso, Faça-o raciocinar até o ponto que for possível para a maturidade dele, de maneira que ele comece a notar sozinho alguma possível fragilidade no argumento.
Opinião não se corrige (nem se avalia).
Aliás, como todo mundo, eles gostam muito de perceber que o professor os respeita!
Avaliação de redações: evite tendências ideológicas ao avaliar
Não avalie com base na sua tendência ideológica, por favor. As discussões ideológicas podem perigosamente levar a senso comum.
Digamos que seu aluno esteja usando como opinião algum senso comum, como
“o agronegócio brasileiro está destruindo a natureza”
Pergunte a ele se há evidências desse fato. Ele precisa de provas do que diz. Sem evidências – sem provas – a argumentação é frágil demais!
Isso não significa afirmar que o aluno está errado: apenas mostrar a ele que na dissertação não existe “porque sim” nem “porque não” – tudo tem que se basear em evidências.
Isso porque é assim que você ajuda seu aluno a argumentar: mostre a ele que pode haver mais de um ponto de vista de um fato que ele considera verdade porque todos repetem.
Um outro detalhe que você já deve ter notado: alunos que ainda estão no ensino médio tentam agradar ao professor, escrever o que o professor “gostaria” de ler. Vestibulares e concursos analisam as redações de forma neutra, então seja o mais neutro possível nessa hora.
Elogie
É garantido que elogiando seu aluno ele vai escrever cada vez melhor!
Temos visto “correções” de redação em que o aluno só recebe críticas – quem se sente estimulado a continuar escrevendo desse jeito?!
A cada redação cuja avaliação você finaliza, destaque algo que foi bom nela. Por mínimo que seja!
Uma forma de pensar realmente cheia de personalidade…
uma gramática praticamente perfeita…
um argumento realmente indiscutível…
seja o que for, elogie e veja o resultado com seus próprios olhos!
Bem, você acabou de compreender a postura necessária de um professor ao avaliar a redação de um aluno. Como vê, isso precede a avaliação “técnica” da redação em si.
Agora vamos a essa avaliação, especificamente, na ordem que consideramos a mais produtiva para você (seu tempo precisa ser valorizado, não é?).
Avaliação de redações: o que avaliar na redação do seu aluno
Além disso, como professor, você sabe o que deve analisar na redação do aluno, mas há uma sequência mais eficiente de fazer isso. Siga a ordem abaixo.
Avalie a gramática e o vocabulário
Avaliar a gramática e erros mais óbvios logo de início facilita na sua próxima leitura da redação. Assim você conseguirá compreender mais rápido o que o aluno escreve, principalmente se ele ainda não tiver um bom nível de escrita.
Já que isso significa que você só avaliará a gramática e o vocabulário sem se preocupar com mais nada, nesta etapa inicial, ok?
Há modos variados de indicar falhas de gramática, e isso é também pessoal de cada professor. Entretanto, sugerimos que você indique a falha sem destaques exagerados (isto é, você não quer assustar seu aluno).
Se seu aluno está engatinhando na escrita, mostre a correção da falha (ou seja, não se limite a demarcá-la).
Se ele já está aperfeiçoando a escrita, apenas indique que ali há uma falha e deixe que a descubra. Você pode circulá-la e anotar “falha de acentuação” ou “palavra inadequada aqui” – ele vai tentar descobrir qual falha é aquela.
Tentar entender o que está errado é um exercício valioso para ele.
Avalie as ideias
Nesta etapa esforce-se para entender o que o aluno está querendo dizer.
Na verdade, uma dissertação argumentativa é muito complexa – complexa demais para que você consiga dar conta de todo tipo de falha envolvendo ideias! Por isso, não precisa ir tão a fundo de uma só vez.
Para aluno iniciante, procure localizar a opinião dele no início da redação – a tese. Dar opinião é a base de qualquer dissertação e para os alunos isso não é difícil.
Esteja preparado para chamar a atenção do aluno se ele usou um fato (indiscutível) em lugar de opinião – é uma falha muito comum e criaria problemas na hora da argumentação.
Em seguida, de parágrafo em parágrafo, localize as justificativas da opinião dele.
Antes de tudo, chame a atenção de seu aluno para parágrafos que não têm argumentos – ele pode estar escrevendo uma dissertação expositiva sem perceber!
O que avaliar na argumentação
Quanto aos argumentos, ele está se justificando bem?
Muitos aspectos são envolvidos nessa hora, tenha paciência porque a argumentação demora mesmo para se ajustar, não pressione.
É importante que seu aluno perceba que você está tentando entender tudo que ele diz, e que você pensará com carinho em tudo.
Para ajudar, aqui abaixo estão alguns critérios em que seu aluno precisa da sua ajuda.
- Ambiguidades – Mostre ao aluno se algum trecho tem mais de uma interpretação. Ambiguidade é bem perigoso, no entanto só é percebido com algum treino.
- Coloquialismo – Os alunos costumam pensar que coloquialismo são apenas gírias, e ignoram certas frases que também são, como “se formos pensar”. Não é fácil ajudá-lo a perceber a diferença, mas pergunte a ele como ele falaria com o professor-corretor cara a cara, se pudesse – essa é a linguagem ideal.
- Metáforas – Outra tendência comum, especialmente de alunos que já escrevem com boa gramática, é tentar reproduzir a escrita literária, ou serem prolixos. Desestimule-os a fazer isso! Seja claro e diga que dissertação é texto objetivo, e precisa ser entendido de imediato.
- Coesão – Procure desestimular seu aluno a usar coesão “forçada”, quer dizer, aquela formada com conectivos (geralmente conjunções) em início de frases. Mostre ao aluno em sua avaliação que existem outras formas de coesão – ele vai adorar, pois a redação fica menos infantil!
- Repetição desnecessária – Hoje existe um medo generalizado por parte dos alunos quanto a repetição de palavras. E muitos corretores pioram a situação se dando ao trabalho de contar as palavras repetidas numa redação! Ora, a repetição de certas palavras fulcrais no assunto é fundamental para a coesão. Desse modo, quando notar que seu aluno está usando sinônimos, afetando a coesão, ensine-o outras formas de evitar repetições desnecessárias.
Avaliação de redações: avalie a conclusão
A conclusão você pode avaliar de forma fácil: ela conclui o que está no texto? Isso é o bastante.
Mas você encontrará casos em que os alunos “enfeitam” a conclusão com chave de ouro ou com frases que consideram impactantes. Ou seja, frases de impacto não têm qualquer pontuação nos vestibulares e concursos – informe-os sobre isso com insistência.
Um motivo para a demora dos alunos em escrever 30 linhas reside nos “enfeites” que eles insistem em incluir…
Uma última dica: ensine o aluno a concluir o texto todo, e não apenas o parágrafo anterior (eles fazem muito isso!).
Avalie a abordagem
A conclusão você pode avaliar de forma fácil: ela conclui o que está no texto? Isso é o bastante.
Mas você encontrará casos em que os alunos “enfeitam” a conclusão com chave de ouro ou com frases que consideram impactantes, visto que frases de impacto não têm qualquer pontuação nos vestibulares e concursos – informe-os sobre isso com insistência.
Um motivo para a demora dos alunos em escrever 30 linhas reside nos “enfeites” que eles insistem em incluir…
Por fim, uma última dica: ensine o aluno a concluir o texto todo, e não apenas o parágrafo anterior (eles fazem muito isso!).
Avalie a abordagem
Tendo lido a redação de seu aluno com atenção para as ideias que ele quis transmitir, como mostramos acima, fica fácil analisar se ele abordou corretamente o assunto.
Veja se o tema ou assunto da proposta é o mesmo da redação, ou se houve fuga ou tangenciamento.
Esse é um momento da escrita em que o aluno costuma precisar muito da sua ajuda.
Em geral os alunos ignoram a proposta e os textos fornecidos. Você pode fazer o seguinte: lembre seu aluno de que a proposta é como alguém falando com ele. Como ele responderia ao que a proposta diz?
A dificuldade nessas horas reside no fato de que os alunos veem as propostas de redação como questões dissertativas de outras disciplinas, em que há uma resposta certa “esperada”. Sem falar que há alunos que têm medo de usar o material fornecido!
O resultado disso são redações que fogem do foco e incluem uma profusão de informações e fatos que o aluno se força a incluir (para tentar “acertar o que é pedido”).
Não é bom encorajar seu aluno a incluir dados para mostrar conteúdo, já que o corretor de provas sempre será um professor de português, e a correção sempre recairá sobre aspectos do português. Insistimos nisso porque o importante é ser claro e saber se expressar, e não dominar o conteúdo.
No entanto, mencione aqui ou ali na avaliação algum vídeo que você viu ou livro que leu que tenha a ver com o argumento dele. Assim você o estimula a aumentar o repertório de forma natural (não decorada).
Avaliação de redações: orientação final
Não deixe passar letra ilegível, margens irregulares nem recuos imperceptíveis nos parágrafos. Um número imenso de alunos tem apresentado essas falhas na redação.
Nessa hora não seja tão bonzinho, já que nos vestibulares e concursos (principalmente nestes) essas falhas têm mais peso do que parece.
Conclusão
Estas são as estratégias de avaliação de redação para fornecer feedback mais eficazes que existem. Experimente-as já na primeira redação que cair em suas mãos nos próximos dias!
O segredo por trás da avaliação de redações (e não correção) é que ela é rica como uma aula.
E se você quiser sair 100% do velho jeito trabalhoso de avaliação de redações, saiba que é possível sim: nossa plataforma faz isso para você!