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Tema de Redação: UEM 2016

Tema de Redação: Aumento da emigração de brasileiros

As propostas de tema de redação da UEM podem abordar temas diversos, que envolvem questões sociais, políticas, ambientais, culturais, entre outros. Esses temas são escolhidos para promover a reflexão dos candidatos sobre assuntos relevantes e estimular o desenvolvimento de habilidades de análise crítica e argumentação. É importante destacar que as propostas de redação da UEM podem variar a cada ano, e a universidade disponibiliza as provas anteriores em seu site oficial. O Tema de Redação: UEM 2016 foi: “Doação de órgãos: de qual lado você está?”

Confira abaixo quais foram os textos motivadores:

Texto 1 do tema de redação UEM 2016

Doação de órgãos: de que lado você está?
O coração do meu filho bate no peito de outra criança “Mamãe, eu vim para ajudar!”. O Guilherme ainda nem sabia falar direito e já vivia repetindo isso! Como no dia em que um amiguinho dele queria desistir de uma apresentação na escola. O Gui pegou a mão do menino e disse: “Fica aqui comigo, eu te
ajudo; eu vim para ajudar!”. Meu filho era assim, generoso, amoroso, ativo… Dormia tarde e acordava cedo, como se soubesse que tinha que aproveitar cada segundo neste mundo, pois teria pouco tempo conosco. […]
No dia em que morreu, ele repetia sem parar que estava feliz […] Uma amiga me convidou para passar o feriado de Corpus Christi do ano de 2013 na casa dela à beira-mar. Curtimos o sábado inteirinho na praia. O Gui brincava e corria sem parar, repetindo:
“Mãe, tô muito, muito, muito feliz!”

É bom saber que meu filho sentiu tanta felicidade no seu último dia de vida. À noite, eu estava escovando os dentes no térreo da casa e ouvindo o Gui brincar no sótão com o filho da minha amiga (ambos tinham 4 anos). Lembro de escutar a irmã da minha colega falar: “Gui, vem mais para cá, você pode cair”. No segundo seguinte, meu filho estava em queda livre. Despencou e bateu com a cabecinha no chão, no andar térreo. Ele havia se apoiado em falso na hora de mudar de lugar e perdeu o
equilíbrio. […] Eram 20h quando entrei no pronto-socorro. A médica logo disse que o estado do Gui era gravíssimo e que ele precisava ir para um hospital maior, em Santos. Fomos transferidos de ambulância e o Fábio (o pai) foi nos encontrar lá. O médico explicou que faria uma cirurgia para retirar um coágulo do cérebro, mas advertiu: “Caso sobreviva, ele deve ficar em estado vegetativo”.
A cirurgia durou uma hora e meia. Durante cada um desses 90 minutos eu rezei por um milagre. Quando o médico disse que tinham conseguido retirar o coágulo, senti que ele podia virar o jogo. “Força, Gui! Você sai dessa”, eu repetia baixinho, mandando boas energias para meu menino, que passou a noite sedado na UTI. Na manhã seguinte, foram reduzindo a sedação e nada de o Gui responder. Só conseguia respirar com a ajuda dos aparelhos e sua sensibilidade não voltava. O tormento de alternar esperança e
desespero se estendeu por mais quatro dias. Até que os médicos nos deram a notícia: o cérebro do nosso menino havia morrido. Doamos os órgãos e pensei: “Pronto, Gui, você ajudou!”
Não vou perder tempo tentando descrever aqui a dor. Ela não cabe em palavra nenhuma. Eu ainda estava tonta quando nos perguntaram se íamos doar os órgãos, que permaneciam saudáveis. Me lembrei da voz do Gui dizendo: “Mãe, eu vim para ajudar!” Encarei o Fábio. Nos falamos pelo olhar e fizemos que sim com a cabeça. Quinze minutos depois, assinamos o papel da doação e o compromisso de não ir atrás das famílias que recebessem os órgãos. Soube pela mídia que uma menina de 1 aninho tinha recebido o coração. O nome dela não poderia ser outro: Vitória. “Pronto, Gui:
você ajudou”, pensei. […] Passaram-se oito meses e, em fevereiro de 2014, a família da Vitória quis nos conhecer. Eles estacionaram o carro na frente da nossa casa e meu coração disparou. Quando dei por mim, estávamos todos no meu jardim. Eu abraçada a Deisi, mãe da Vitória, e ao Vinícius, filho mais velho dela. Fábio, aos prantos, não desgrudava do Joel (pai da Vitória). No colo da mãe, a baixinha
chorou. Eu a peguei e ela sorriu. A gente pede um milagre e esquece que pode fazer um.
Pensei no milagre que era ter um pedacinho do Gui naquela criatura e senti a presença de Deus. A cada sorriso que Vitória abria, uma sensação de gratidão inundava meu coração. Quando o Joel e a Deisi nos contaram que ela tinha nascido com dois problemas cardíacos e, literalmente, morou no hospital até ter 1 ano e 7 meses, Fábio e eu tivemos a certeza de que havíamos feito a coisa certa ao doar os órgãos do Gui.

Às vezes, a gente fica pedindo milagres para Deus e deixa de perceber que podemos ser responsáveis por esses milagres também. Perder um filho é uma dor sem fim. Mas ter salvado uma vida ao doar os órgãos dele ameniza a angústia. Porque dá sentido à partida dele. […] Desde então, ficamos muito próximos da família da Vitória. Nos falamos sempre e, no Dia das Mães, fomos visitá-los em Santa Catarina. Ficamos na casa deles. Foram dias maravilhosos, vendo a Vitória viver com tanta energia. Emocionante o sorriso que ela dá toda vez que cochicho em seu ouvido: “Aproveita bem esse coração generoso que bate dentro do seu peito, menina”. (Luciana Novello, 43 anos, funcionária pública, Campinas, SP) “O coração era tão perfeito que começou a bater sozinho!” “Guerreira” é a palavra que define minha filha. Eu estava com quatro meses de gravidez quando descobri, num ultrassom, que a Vitória tinha dois problemas raros no coração. Era como se ela só tivesse metade do órgão – e essa metade não funcionasse muito bem. Assim que nascesse ela iria precisar de uma cirurgia muito arriscada! […] Em abril de 2012, Vitória nasceu. No segundo dia de vida, já foi submetida a três horas de uma operação difícil, durante a qual teve várias paradas cardíacas. Foi um mês na UTI. Graças a Deus, minha filha foi forte e voltou para o quarto. Ficou lá por dois meses, até que seu coração se desestabilizou e ela voltou a ter paradas cardíacas com frequência. Por dois meses, ela ficou entre a vida e a morte. Então, com 5 meses, passou por nova cirurgia para tentar corrigir o coração. Depois de outro mês na UTI, os médicos deram o braço a torcer: não tinha jeito de sobreviver com aquele coração. Assim, Vitória entrou para a lista de transplantes. Me ligaram às 3h da manhã: havia um coração compatível com a Vitória Eu sabia que nossas chances eram mínimas, porque pouquíssimos pais autorizam doação de órgãos de crianças no Brasil. E ainda teria que ser um coração compatível com o dela. Mesmo assim, nunca perdi as esperanças. Sete meses depois, me ligaram às 3h da manhã: havia um coração compatível vindo de Santos para São Paulo. Minha pequena teria o órgão transplantado a partir das 11h da manhã. […] Assim que o transplante terminou, os médicos vieram contar que, ao contrário do que normalmente acontece, nem tinham precisado dar choque no coração para que ele começasse a bater dentro da minha filha. O órgão era tão perfeito para ela que funcionou sozinho assim que foi colocado no peito dela. Na primeira vez que vi minha pequena após o transplante, notei que seus lábios, sempre roxinhos, estavam tão vermelhos que parecia que ela tinha passado batom. Estava linda! Vitória ainda ficou cinco meses no hospital se adaptando ao coração transplantado. Depois de um ano e sete meses, pude levar minha filha para casa […] Depois do transplante ela continuou com o problema no pulmão, um deles não funcionava. No mesmo ano ela precisou abrir as artérias para não forçar o coração. A equipe médica da rede pública foi muito dedicada ao caso dela, sou muito grata a cada um que se empenhou no transplante da Vi, o cuidado deles foi essencial para minha pequena. É graças a eles que hoje ela respira normalmente. […] Nossa volta para casa teve muita repercussão na mídia local e acabamos comentando que gostaríamos de conhecer os heróis que tinham salvado a vida de nossa guerreira para lhes agradecer. Soubemos, então, que a família era do interior de São Paulo e tinha topado nos encontrar! […] É raríssimo uma mãe e um pai terem a coragem que a Luciana e o Fábio tiveram, de doar o coração do Gui. […] Graças a eles, a Vitória hoje tem 4 anos, é saudável e ativa, vive rindo. Todo dia deixa claro que não veio aqui a passeio. Exatamente como eu tenho certeza de que o Gui faria!

(Deisi Rossetti Cavanholi, 36 anos, dona de casa, Orleans, SC) (Adaptado do texto disponível em . Acesso em 14/9/2016)

Texto 2 do tema de redação UEM 2016

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