Chegou a hora de falarmos sobre os temas de redação subjetivos. Eles tiram o sono de vestibulandos e de concurseiros, mas hoje vamos lhe mostrar como se dar bem com as bancas que exigem esse tipo de proposta.
Para começo de conversa, é preciso que você entenda o que é algo subjetivo. No dicionário, “subjetivo” significa “Que é individual; relativo ao sujeito; próprio de cada pessoa; particular: opinião subjetiva”. Aplicando o conceito em um tema de produção textual, o que temos é uma proposta de redação mais “aberta”, que delega ao estudante a função de encontrar um caminho textual a ser seguido. Além disso, os temas geralmente são abstratos e bastante reflexivos.
Mas não é assim sempre? Não! O ENEM, ao logo da sua história, ficou conhecido por trabalhar com propostas de redação que apresentam um recorte temático bem específico e pautadas em questões objetivas. Desde 2018, isso mudou um pouco e as propostas se tornaram um pouco mais abrangentes, mas nada que se compare aos temas subjetivos que são costumeiramente cobrados em vestibulares e concursos.
Alguns exemplos para que você entenda melhor o que são temas de redação subjetivos
Em 2017, o tema de redação do ENEM foi “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”. Note que não tem mistério, o caminho estava dado: era preciso falar sobre os empecilhos encontrados pelos deficientes auditivos em sua trajetória educacional. Não há espaço para que o estudante faça algo muito diferente disso sem ser penalizado. Já em 2018, o tema foi a “A manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”. Trata-se de uma temática que promove uma discussão objetiva, mas o recorte temático é mais amplo. A falta de uma palavra-chave fortemente norteadora como “desafios” deu ao estudante mais possibilidades de abordagem do tema.
Até aqui, deu para você entender um pouco mais sobre recorte temático, o qual, conforme já falamos, costuma ser mais amplo quando se trata de temas de redação de vestibulares e concursos. Somado a isso, tem-se a discussão sobre temas bastante subjetivos: a UDESC – Universidade do Estado de Santa Catarina – , por exemplo, já propôs um tema cuja frase temática era apenas “Insegurança”. Sim, só isso.
Dicas de como trabalhar com uma proposta assim
1 – Jamais ignore os textos motivadores, pois, muitas vezes, eles vão lhe salvar. Existem vários tipos de insegurança, certo? No entanto, ao ler com calma e atenção os textos de apoio, é possível compreender o que a banca quer:
2 – Entenda que a subjetividade contida na proposta é apenas a maneira que a banca escolheu para expor o tema, mas você, produtor do texto, não pode fazer uso dela. Sua redação deve, assim como quando se trata de temáticas objetivas, ser pautada na racionalidade e na argumentação científica.
3- Para isso, nunca se coloque dentro do fenômeno a ser analisado, mantendo distância do objeto de reflexão. Analise-o com objetividade, parta da conotação para a denotação. Pegue uma ideia abstrata e associe-a a coisas concretas.
Como funciona na prática?
Suponha que você precisa escrever um texto sobre o seguinte tema:
“A pressa é inimiga da felicidade”. Vamos tornar isso um objeto de análise objetivo?
Por que, na atualidade, vivemos com pressa?
Crise econômica/ consequente necessidade de ter mais de um emprego/ longas horas perdidas no trânsito.
E por que isso nos afasta da felicidade?
Menos tempo com familiares e amigos/ menos tempo para projetos pessoais/ menos tempo para cuidar da saúde física e mental.
Tudo isso que citamos pode ser amparado por pesquisas, pois todos os argumentos são passíveis de comprovação por meio de pesquisas, e não sentimentais e subjetivos. É possível, também, usar uma contextualização mais “leve” e acessível, com música, por exemplo. Enquanto escrevemos, pensamos na música “Paciência”, do Lenine”, e na música “Tocando em frente”, do Almir Sater.
Além disso, veja que não se tratam de argumentos pessoais, uma vez que todos abordam um problema da sociedade, e não especificamente de um indivíduo.
4 – A linguagem nunca deve se voltar para o sentimentalismo. É preciso construí-la de forma clara e objetiva.
5 – Não abra mão de realizar todas as etapas do processo de escrita: interpretação da proposta, chuva de ideias e pesquisa sobre o tema, planejamento/projeto de texto, escrita, revisão e passagem do texto para a folha oficial.
Não tem muito segredo, viu?
E vai ficar ainda mais fácil depois destes exemplos. O tema é: “O dinheiro traz felicidade?“
Comece delimitando-o: essa temática suscita a subjetividade das preferências individuais que envolvem as relações do cotidiano dos atores sociais com o dinheiro, que podem resultar em enunciados pessoais, sentimentais, afetivos e passionais.
Agora, determine uma tese. Afinal, dinheiro traz ou não traz felicidade? No exemplo abaixo, o autor do texto tenta sustentar o posicionamento de que dinheiro traz felicidade, porém não tem sucesso, porque utiliza argumentos sentimentais e subjetivos.
“Para se desfrutar de todas as possibilidades benéficas do dinheiro é preciso lutar por aquilo que se quer, mantendo o foco em seus objetivos, se preparando profissionalmente através de um curso superior, para depois ter posses e poder se divertir, satisfazendo suas vaidades, e até mesmo ter segurança para as horas mais difíceis. Sendo assim, é fácil perceber que o dinheiro traz felicidade.”
Percebam que o autor do texto não consegue se afastar do objeto analisado, trazendo, talvez, até algumas percepções e sentimentos acerca do dinheiro. Não há uma análise sociológica.
No segundo exemplo, o estudante acredita que o dinheiro não traz felicidade e tem sucesso ao sustentar a sua tese porque constrói uma argumentação racional:
“A partir da perspectiva sociológica das utopias sociais, o dinheiro, como produto, gera mecanismos de sedimentação dos desejos, proporcionando um bem-estar efêmero da sua posse, fundamentado em efeitos criados pelo ter, devidamente distanciado do estar. Tendo em vista que aquilo que move a busca incessante pelo dinheiro é o consumo, o ator social lida constantemente com a instabilidade emocional fomentada pela transitoriedade da satisfação desses desejos realizados, que se multiplicam de acordo com a abrangência das relações sociais. Portanto, a plena realização depende de outras esferas psicossociais que estão além da compra e da venda.”
Conseguem perceber o quanto, nesse caso, o autor se afasta do fenômeno analisado e busca explicações racionais para ele? É isso que você deve fazer!
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