É notório a relevância da língua, visto que possibilita a comunicação, consequente aproximação das pessoas e a continuidade de conhecimento de geração em geração. No entanto, esse mecanismo pode ser utilizado como ferramenta para segregação sociocultural. Com uma parcela da sociedade que julga o modo que o cidadão se comunica e um Governo pouco atuante, o preconceito linguístico é evidente no Brasil. Portanto, torna-se necessário a discussão acerca dessa temática para que haja entendimento da enorme variação linguística dos brasileiros e maior atividade do Estado.
Em primeira análise, a imensidão do Brasil e sua forma de colonização gerou uma população miscigenada e muitas variantes linguísticas, mas, infelizmente, pessoas influenciadoras utilizam isso de má forma para ganhar reconhecimento e agravam a repressão contra os marginalizados. O território nacional é o 5ª maior do planeta, de região a região é notado diferentes formas de diálogo e, muitas vezes, o considerado mais diferente vira chacota, como o Chico Bento, representante do sertanejo nos quadrinhos da Turma do Chico Bento. Isso também é verificado na vida real, a humorista Marcela Tavares recebeu fortes críticas e foi taxada de preconceituosa por parcela da população reprimida devido ao seu quadro de nome Não Seja Burro onde ensina a língua portuguesa e age ridicularizando os falantes da norma coloquial.
Paralelamente a esse fator, classes diplomadas consideram que seu conhecimento é indubitável e aplicável em qualquer situação do cotidiano agravando a segregação sociocultural, quando deviam saber distinguir o cenário para adaptar de melhor forma o seu linguajar. Caso que constata esse fator é o do médico de SP Guilherme Capel afastado do cargo após debochar, em rede social, do paciente que não possuía ensino fundamental completo e, por isso, não sabia ler o receituário e repetir os termos técnicos que o bacharel dizia.
Sendo assim, há necessidade da atuação do primeiro e terceiro setor da sociedade para que haja melhora no quadro de preconceito linguístico. O Ministério da Educação precisa instituir, na grade de ensino, o estudo a fim dos alunos aprender que não há o certo e errado da língua portuguesa, mas o mais adaptável às circunstâncias. Conselhos Regionais e Federais de profissões, como O Conselho Regional e Federal de Medicina, devem aumentar o monitoramento e punição contra profissionais que oprimem cidadãos devido à sua forma de fala. O Poder Legislativo precisa criar uma diretriz exclusiva contra preconceito linguístico com pena de indenização ao reprimido, e, em casos que mais intensos que afetem a saúde mental da vítima, prisão. ONG?s com a ajuda de profissionais reconhecidos e celebridades devem fazer palestras em centros de ensino e locais públicos com o intuito de demonstrar que a modo de fala não é sinônimo de superioridade. Com essas medidas o preconceito linguístico será minimizado e não haverá novos "Chicos Bento? oprimidos na sociedade.