Otimismo é uma coisa, mas positividade tóxica é outra totalmente diferente, e que pode ser muito prejudicial à saúde mental das pessoas. Você já ouviu falar do termo?
Leia os textos motivadores a seguir e, com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo sobre o tema “Positividade tóxica”.
TEXTO 1
Quando a ONU (Organização das Nações Unidas) criou, em 2012, o Dia Internacional da Felicidade – 20 de março – para celebrar a importância desse sentimento na vida das pessoas, a pandemia de Coronavírus e todas as suas consequências nefastas não eram parte da realidade global. Mas como comemorar – e sentir – a felicidade num ambiente tão carregado como o atual?
A orientação dos especialistas para quem deseja encontrá-la ou mantê-la é começar essa busca assumindo e acolhendo a própria tristeza e todos os outros sentimentos desconfortáveis com os quais temos convivido no último ano.
“Felicidade tem a ver com viver intensamente o presente, para o bem e para o mal, com seus dias de pesar e gravidade, como os que estamos passando agora. Tem menos a ver com expectativas e mais com a realidade”, diz o psicanalista Christian Dunker, professor titular do Instituto de Psicologia da USP (Universidade de São Paulo).
A afirmação corrobora o trabalho feito em 2014 por pesquisadores da University College London, no Reino Unido, que criaram uma fórmula matemática capaz de prever o quanto uma pessoa será feliz com base no que ela projeta e na relação disso com a realidade. A conclusão, veja só, já pôde ser conferida em memes nas redes sociais: quanto menor a expectativa, maior a felicidade.
“Essa relação ficou ainda mais evidente durante a pandemia. Notamos em nossos estudos sobre felicidade que quanto mais a pessoa cria ideações sobre o que vai acontecer nos próximos meses, mais vulneráveis elas ficam”, disse à CNN o neurocientista Robb Rutledge, que liderou a pesquisa.
Mas como não ter esperança de dias melhores diante do caos em que o mundo se enfiou? A pandemia já fez mais de 2,5 milhões de mortos no planeta e trouxe graves consequências econômicas, que resultaram em fechamento de postos de trabalho e aumento do desemprego.
Além disso, as restrições impostas pelo isolamento social também foram responsáveis por um aumento dos transtornos mentais. O Brasil foi o país que apresentou mais casos de ansiedade e depressão entre os 11 países que participaram de um levantamento realizado pela USP.
#Goodvibesonly
Esse cenário trágico pode estimular reações opostas e igualmente nocivas: uma tristeza irremediável ou um otimismo descabido. Imaginar que é possível estar sempre alegre agora é, no mínimo, irreal. Mas o discurso que prega o otimismo irrestrito como forma de enfrentar adversidades também pode trazer graves consequências à saúde mental, alertam os estudiosos do assunto.
Esse movimento ganhou força recentemente nas redes sociais com a #Goodvibesonly, que já contabiliza mais de 13 milhões de menções no Instagram. E foi batizado pelos especialistas de “positividade tóxica”.
“Trata-se de um fenômeno de negação da tristeza e de outras emoções consideradas negativas”, afirma o psiquiatra Daniel Martins de Barros, do departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP. Ao acreditar nessas afirmações de positividade contínua e achar que a felicidade é uma obrigação, começamos a nos esforçar para não sentir medo, raiva ou tristeza, emoções que, apesar de desconfortáveis, têm funções essenciais à sobrevivência humana.
“Se ignoramos esses sentimentos, passamos a ter dificuldade de acessá-los, até o ponto de não conseguirmos mais identificá-los. Só que eles continuam lá e em algum momento explodem em forma de adoecimento psicológico”, explica o psiquiatra.
Barros cita um estudo, publicado na revista científica “Journal of Personality and Social Psychology”, que mostrou que pessoas que evitavam entrar em contato com seus sentimentos negativos apresentavam mais problemas de saúde mental do que as que costumavam aceitar todas as suas emoções.
Resiliência x positividade negativa
Por mais difícil que seja a realidade, a única maneira saudável de encará-la é aceitá-la do jeito que ela é. Isso não significa deixar de tomar atitudes conscientes para ter algum bem-estar, lembra o médico de família Marcelo Demarzo, fundador e coordenador do Centro de Pesquisa Mente Aberta – Mindfulness e Promoção da Saúde, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). “Frente a um momento de sofrimento, primeiro precisamos reconhecer que ele está ali e depois ver o que é possível fazer para amenizá-lo”, explica.
Um exemplo prático e atual para entender como aplicar essa sequência: ao se perder o emprego, uma pessoa pode, para evitar a tristeza e o pânico, buscar um consolo na ideia de que já nem estava tão feliz naquele trabalho. Não há nenhum problema em enxergar na demissão uma possibilidade de mudança de carreira, que é algo positivo e motivador. Mas é fundamental lidar com a realidade, sem negar que existe ao menos um lado muito negativo nisso, que é a perda de renda. “Isso é uma positividade saudável”, afirma Demarzo.
O especialista lembra ainda que a positividade saudável está relacionada à resiliência, que é a capacidade de, em uma situação de sobrecarga, lidar com ela e sair mais forte da experiência. “Ao contrário da resiliência, a positividade tóxica é um bloqueio, uma negação de uma situação, que não traz nenhum aprendizado”, conclui.
Fonte: cnn brasil
TEXTO 2
O conceito de positividade tóxica vem ganhando cada vez mais espaço nas discussões da web: influencers, psicólogos, gente como a gente – parece que, de repente, está todo mundo falando sobre isso. Especialmente em tempos de pandemia, em que nossa realidade, no geral, está condicionada às interações via internet, é preciso refletir e falar sobre a plasticidade e a superficialidade dos discursos apresentados nas redes sociais e, principalmente, sobre como eles alimentam a positividade tóxica e impõem uma supressão dos sentimentos que pode agravar dores emocionais e levar ao sofrimento.
Como viemos parar aqui?
A positividade tóxica vem acompanhada de frases como “mas pense pelo lado positivo”, “você atrai o que você emana”, “se isso aconteceu, é porque está vibrando nessa frequência”. Muitas vezes, podemos interpretar essas falas como conselhos, uma tentativa de se ajudar e não se deixar abalar com os desconfortos que estamos sentindo. Mas a verdade é que, ao nos obrigarmos a pensar positivo e ser gratos apesar de todas as circunstâncias, estamos invalidando, reprimindo e acumulando sentimentos negativos.
O problema de represar esses sentimentos é que, em algum momento, eles vão se manifestar. Bruxismo, ansiedade, falta de ar, dores no corpo, inflamações, alergias e outros sintomas podem surgir em decorrência de situações emocionais. A partir do momento em que a felicidade e a positividade são apresentadas como a máxima e única possibilidade de ser e estar no mundo, a tratativa com os sentimentos negativos é de reprimi-los, não vivenciá-los e, então, não entendê-los, sendo que esse processo faz parte da vida, do autoconhecimento e da evolução.
Não adianta fingir que está bem. Seja para você mesmo ou para as pessoas que estão ao seu redor. O jeito de lidar com as frustrações, a raiva e todas as outras emoções que geram desconforto é senti-las – e cada um sente do seu jeito. Aceitar que esses sentimentos existem e lidar com eles faz com que sejamos mais empáticos e com que haja um amadurecimento emocional. Quando entendemos nossas fragilidades, somos mais gentis e compreensivos com as fragilidades das outras pessoas e isso pode ser uma ótima forma de abrir um canal de comunicação para compartilhar nossas emoções.
A cilada das redes sociais
Voltando para a questão das redes sociais, aquela velha história que todos sabemos: o que é mostrado não é real. Mas por que, apesar de sabermos disso, continuamos sentindo um mal-estar ao comparar nossas vidas com as vidas de outras pessoas que parecem estar tão bem, na telinha do celular? É difícil se sentir feliz quando estamos no meio de uma pandemia, nosso feed está cheio de hashtags #GratiLuz , #Gratidão , #Positividade , #GoodVibes e parece que está todo mundo ok, menos você.
Com o isolamento social, nossa realidade ficou condicionada às redes sociais que, na verdade, não dão conta de trazer a experiência humana em toda sua complexidade, apenas fragmentos dela que, na maioria das vezes, são a parte feliz. O discurso de “está tudo bem apesar de tudo” é sucintamente acompanhado de uma falsa noção de espiritualidade que muitas vezes, além de invalidar a nossa experiência de vida real, humana e imperfeita, estimula a comparação com a experiência de vida apresentada por outras pessoas nas redes sociais – e obviamente essa comparação não é saudável.
Precisamos entender que a positividade é um estado emocional que oscila entre outros estados e que isso é perfeitamente normal. O sofrimento emocional não deve ser um tabu e palavras positivas não dão conta de resolver essa questão. Em alguns casos, a ajuda profissional é bem-vinda e dos amigos e familiares também. Mas o principal é estar atento para não cair nessa cilada, não se cobrar de estar sempre bem e tentar reconhecer e se afinar com seus sentimentos negativos.
Fonte: libbs
TEXTO 3
Fonte: twitter xamanicos
TEXTO 5
Fonte: veja abril
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