Confira os textos motivadores a seguir e escreva uma redação sobre o tema ”Relacionamento abusivo entre pais e filhos”!
Há uma brincadeira que diz que “a nossa conta da psicóloga deveria ser enviada aos nossos pais”. Esta brincadeira surgiu devido aos inúmeros traumas causados nos filhos por seus progenitores. Como este é um assunto relevante, resolvemos trazer um tema de redação a respeito: Relacionamento abusivo entre pais e filhos.
Leia os textos motivadores a seguir e, com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo sobre o tema “Relacionamento abusivo entre pais e filhos”.
TEXTO 1
Quando falamos em relacionamentos abusivos, a discussão muitas vezes se restringe às relações amorosas. No entanto, amigos, colegas de trabalho e mesmo familiares podem criar laços tóxicos.
A psicóloga Josie Conti explica que pode ser difícil perceber quando um relacionamento passa do limite comum dos altos e baixos e começa a ser abusivo. “Todo relacionamento sofre nuances, assim como o nosso humor no dia a dia se altera. Mas existe um um ponto nas relações que pode indicar um desajuste maior do que o esperado”, diz. Esse ponto seria, segundo a psicóloga, quando há um desequilíbrio grande entre perdas e ganhos para as duas partes. Em relacionamentos abusivos, uma das pessoas sempre precisa ceder e sofre com isso, enquanto a outra ‘dita as regras’.
Essa dinâmica se aplica, por exemplo, àquele amigo que começa a ignorar o outro em uma conversa quando é contrariado, aos pais que fazem o filho sentir que não será amado a menos que cumpra certas exigências, como escolher certa profissão, entre outras atitudes que exijam esforço e concessões emocionais de apenas uma parte. “Enquanto a pessoa engole essas atitudes para não magoar o outro, ela magoa a si mesma e vai se fragilizando como ser humano”, explica Josie.
Para identificar um relacionamento abusivo, a psicóloga explica que é preciso prestar atenção a um ciclo que se repete. Primeiro, começam a ocorrer momentos de tensão motivados por algo sem significância. Em seguida, há incidentes de comportamento abusivo – que pode ser físico ou emocional. Gritos, xingamentos, ameaças, vitimização, intimidação e culpabilização são alguns exemplos. Depois disso, há reconciliação. A pessoa abusiva pede desculpa ou acha desculpas para seu comportamento abusivo. Com isso, começa uma fase de calmaria, em que a vítima consegue perdoar o ‘incidente’ e o relacionamento volta a ser ‘bom’. Pelo menos até o próximo momento de tensão, quando tudo recomeça, alerta Josie. “É um ciclo destrutivo que vai minando a autoestima da pessoa, e ela não enxerga que pode sair, encontra até mesmo desculpas para o outro.”
O relacionamento abusivo normalmente só chega ao fim quando a vítima percebe o ciclo e impõe uma mudança de comportamento ou rompe a relação. Mas isso pode demorar muito para acontecer, pois há uma ‘simbiose’ entre as duas pessoas, explica Josie. Enquanto uma das partes sente que ‘precisa’ da outra, aquele que abusa nutre seu narcisismo ou necessidade de controle e de imposição a partir do abuso.
Segundo a psicóloga, um relacionamento abusivo pode, sim, ser melhorado com terapia. “Pode ser até que o abusador sofra por fazer isso [ter atitudes abusivas] – a não ser no caso dos sociopatas. Se for um relacionamento tóxico, buscar terapia pode ajudar a identificar o que faz o abusador precisar desse controle. Há sim uma possibilidade de melhora.” Já com a vítima, trabalha-se a autoestima e a necessidade de impor limites e se libertar do ciclo.
Fonte: emais estadão – relacionamento abusivo não acontece apenas entre casais
TEXTO 2
Eu passei a minha vida inteira escutando coisas como “Queria ser amiga dos meus pais como você”, “Eu considero os seus pais como meus, porque com os que tenho não posso contar” e coisas do gênero. Quando era mais nova, me considerava apenas uma pessoa sortuda – afinal, eu sempre tive meus pais como meus melhores amigos, eles sempre me deram liberdade de conversar sobre qualquer assunto com eles. Hoje em dia, depois de adulta, percebi que alguns dos casos citados pelos meus amigos se classificavam como relacionamento abusivo – e, claro, conversar com meu psicólogo sobre o assunto também me fez prestar mais atenção nessas coisas externas. Sim, isso existe entre pais e filhos também!
No entanto, vamos com calma: não é porque seu pai não te deixou ir naquela festa por causa do horário ou porque sua mãe deu uma bronca em você por algo errado que encontrou, que significa que você está em um relacionamento abusivo com seus pais, ok? Não vamos confundir as coisas! O fato deles falarem ‘não’ algumas vezes ou não deixarem que tudo aconteça da forma que a gente quer, não significa que rola algum tipo de abuso, pelo contrário, eles estão apenas exercendo a função de pais. O relacionamento abusivo, neste caso, acontece como em um namoro. Sabe quando você vê uma mãe colocando todas as ações do filho como inferiores? Quando não o aceita do jeito que ele é, bate, tranca dentro de casa e se acha no direito de fazer o que bem entende ele, porque, afinal, “fomos nós que te colocamos no mundo”? Ou qualquer tipo de abuso psicológico, físico ou sexual? ISSO, sim, é problemático – e muito.
Também existe aquele tipo de relacionamento que não chega a ser tão grave quanto agressões e questões psicológicas, mas atinge tanto quanto: quando os pais sentem dificuldade de “liberar as amarras” e te impedem de crescer, algumas vezes até fazendo chantagem emocional quando você pensa em morar sozinho, por exemplo, ou começa a namorar e, consequentemente, fica menos tempo em casa.
O pior de tudo é que muita gente de fora da situação realmente passa a mão na cabeça de pais e mães que tomam atitudes assim, aquele famoso “não é minha família, não vou me meter, eles sabem o que é melhor para a educação do filho deles”. Nem sempre é assim!
Mas não vamos depositar toda a culpa nos pais que agem dessa forma. Na maioria dos casos, isso foi passado de geração em geração; ou seja, eles se tornaram mais agressivos ou invasivos por conta da criação que eles tiveram no passado. Então, não é válido depositar isso de volta neles, porque as chances de dar certo são nulas. A solução? Uma boa e velha conversa franca. Não, isso não é segredo e nem solução para 100% dos problemas, mas é sempre bom sentar e tentar resolver com a pessoa que te faz mal.
Se houver um acordo, a presença de um psicólogo é extremamente importante! Buscar ajuda de um profissional talvez faça seu pai ou sua mãe acabar aquele sentimento ruim do passado. E sempre alimente na sua cabeça que a culpa não é sua e, dependendo, nem deles. Vai confiando cada vez mais no seu potencial, independente do que dizem – afinal, VOCÊ se conhece melhor do que qualquer outra pessoa. É necessário ter paciência, mas as coisas vão melhorar!
TEXTO 3
Relacionamento abusivo está longe de significar conflitos entre casais ou amigos. O abuso pode acontecer em qualquer forma de relação, até mesmo nas mais essenciais à vida. Com a família acontece o primeiro contato social de uma criança e é, muitas vezes, a partir desse relacionamento que surgem os maiores conflitos, capazes de mudar a relação inteira ou até mesmo colocar um fim nela.
A psicóloga Luciene Lima explica que existem vários formatos de famílias abusivas, porém o excesso ou a falta costuma ser o elemento que promove a característica tóxica. “Nós temos, por exemplo, o pai que protege demais os seus filhos, que tenta controlar ou decidir toda a vida dele, o que acaba por impedir que essa criança ou jovem se desenvolva. Esse comportamento cria filhos dependentes, que não têm coragem de assumir a própria vida e que sempre acabam dependendo dos pais. Também temos o oposto, aqueles pais que acabam por agredir os filhos, muitas vezes através de palavras, mas que também pode evoluir para algo físico”, afirma. A psicóloga esclarece que o processo de identificar que se vive uma relação familiar abusiva leva tempo. Geralmente, a percepção se dá conforme a pessoa alcança um determinado grau de maturidade. Nesse momento, ela costuma perceber que o comportamento da sua família não faz com que ela se desenvolva. “Quando isso ocorre, esse jovem, por exemplo, acaba por tentar passar mais tempo fora de casa. Alguns tentam passar o dia inteiro estudando ou trabalhando, e assim acabam se distanciando dessa relação tóxica”, explica.
Paula Couceiro, 29 anos, teve uma infância maravilhosa ao lado de uma mãe dedicada e avós maternos presentes. Contudo, na fase da adolescência, quando ficou com o primeiro menino aos 14 anos, tudo mudou. Em vez de diálogos, vieram proibições e, consequentemente, mentiras. “Depois do episódio aos 14 anos eu mentia sobre absolutamente tudo. Namoros, amizades, saídas… qualquer coisa que pudesse contrariar a fé deles, eu escondia. Mas mentira tem perna curta, então um dia fui pega, e aí abri o verbo: disse tudo que estava vivendo escondido nos últimos sete anos. Como era de se esperar, eles surtaram e me colocaram para fora de casa”.
Aos 21 anos, Paula foi expulsa de casa logo que seus responsáveis descobriram que ela não era mais virgem. Do Espírito Santo, ela foi para Belo Horizonte (cidade natal de sua família paterna) e teve todo o suporte do pai, que manteve seus custos até o fim da graduação.
Quando questionada sobre como esse episódio influenciou no seu desenvolvimento pessoal, ela é sucinta: “Quem nunca comeu doce quando come se lambuza”. Sair da casa de um ancião e ir direto para uma república foi o maior prazer da sua vida até então. Mas não por muito tempo. “Bebi, cheirei, fumei, transei com todo mundo da cidade… e, por fim, fiquei deprimida. Eu vivi 21 anos em oito meses e me deprimi profundamente”, desabafa.
Para Paula, a experiência de morar sozinha e ter sua própria liberdade foi crucial para que ela se encontrasse. “Sem minha mãe e meus irmãos; meu pai trabalhando em São Paulo que nem um cão; eu morando com uma galera muito louca; vivi uma vida que eu não estava acostumada. Precisei me conhecer sem todo aquele controle familiar para, enfim, encontrar a Paula… que também não era aquela menina descabeçada”.
“Arrumei namorados em busca de amparo, de cuidado….me relacionei por anos com pessoas que pudessem cuidar de mim”, diz Paula
Ela diz não guardar mágoas da mãe, mas confessa que não sabe se algum dia vai conseguir perdoá-la. “Não tenho que perdoá-la. Tenho que compreendê-la, e a compreendo. É preciso muita coragem para ser o que se é, e muita força para pagar o preço por isso. Hoje, não tenho ressentimentos, nem saudade… Tenho compaixão”, reflete.
Quanto à comunicação, as poucas notícias que dá e recebe são via e-mail. Segundo Paula, a religião materna – testemunha de Jeová – não permite contato com pessoas que abandonam a doutrina.
Hoje divorciada, com uma filha bebê e vivendo um relacionamento com uma mulher, ela reconhece que é bem mais forte e feliz. “Abri mão de mãe, irmãos e da família que me criou. Mas encontro, todos os dias, no rosto refletido no espelho a minha versão mais autêntica. Faria tudo outra vez pra encontrar a mulher que me tornei. Essa é minha herança para minha filha Isis: liberdade”, declara.
A falta de apoio da família de pessoas LGBTQ+
Tiago Paganotte Meireles começou a ter conflitos com a família aos 17 anos, após assumir sua homossexualidade. Os pais de Tiago tiveram dificuldade em aceitar a situação e as brigas começaram. As repressões e acusações contra o filho ficaram frequentes e tornaram o convívio insustentável. Aos 19 anos, Tiago decidiu sair de casa, mesmo sem ter condições de se sustentar sozinho. Ainda assim, contou com o apoio financeiro da mãe, mesmo que ela ainda não o aceitasse.
Tiago Meireles conta que, ao sair de casa, o sentimento era de raiva e irritação, confessando que agiu de maneira bem agressiva com os pais. Logo depois, o que sentiu foi tristeza. Seis meses após o episódio, Tiago estava no hospital com uma inflamação grave na garganta. Ao sair de lá, não voltou para onde morava sozinho e sim para a casa da família. Para Tiago, um ponto decisivo para a mudança de comportamento dos pais foi a percepção de que ele não ia ceder e, se continuassem a rejeitá-lo, iriam perdê-lo.
A partir da mudança de mentalidade dos pais, Tiago e a família conseguiram construir novamente uma boa relação. Hoje, os pais o aceitam e conversam abertamente sobre sua sexualidade. Tiago não deixa de enfatizar a importância que dá em ter um bom convívio com a família, sobretudo para enfrentar os desafios que encontra diariamente. “Por mais que a gente subestime, ter suporte dos pais em casa é muito importante. Eu continuo enfrentando problemas e preconceitos na rua, mas pelo menos em casa eu não tenho mais”.
A busca por liberdade
Com Gabriela Silva, os conflitos por liberdade se intensificaram na adolescência. O fato de o seu pai não a deixar ir a festas que não fossem na sua casa ou ir à casa de alguma amiga nunca fazia sentido para ela. “Coisas simples que um adolescente faz, como ficar até mais tarde na escola ou ir pra casa de algum colega, eu não podia e eu nunca conseguia entender o porquê. Nunca nem tinha um motivo. A resposta era: porque não quero”, relata.
A falta de liberdade e autonomia durante a adolescência fez com que Gabriela se tornasse uma adulta insegura. “Hoje tenho extrema dificuldade de confiar nas pessoas. Conto nos dedos as que confio. Não ter liberdade fez de mim uma pessoa que tem medo de errar, porque isso ainda é algo incomum já que na maior parte da vida tive pessoas decidindo por mim”.
Casada e com dois filhos, Gabriela, que mora com os pais até hoje, conta que algumas mudanças aconteceram após seu casamento. “Nunca pude passear com um namorado, só podíamos nos encontrar na minha casa, ao lado do meu pai. A primeira vez que saí sozinha com o namorado foi na lua de mel. Só mudou quando casei”, lembra.
Fonte: universo ufes – relacionamento abusivo entre familiares cria complicações para toda a vida
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