Você sabe o que é metonímia? Essa palavra nada comum acaba aparecendo em meio aos estudos de gramática e figuras de linguagem. É um conceito cobrado no vestibular e que também pode ser usado nas redações de provas, mostrando aos corretores domínio da língua e da norma culta – e tirando o texto daquele molde engessado que acabamos fazendo sem querer.
Para te ajudar a memorizar o conceito de metonímia e saber reconhecer uma quando surgir em suas questões, preparamos um conteúdo explicando cada categoria dessa figura, dando exemplos, e apontando as diferenças dela para outras ideias parecidas.
Confira também nosso post com técnicas de memorização para ter mais facilidade nos estudos!
Entenda de uma vez por todas o que é metonímia
Basicamente, estamos diante de uma metonímia quando substituímos um termo por outro que possui relação direta com ele. OI? Que? Calma! Assim como outras figuras de linguagem, a metonímia é um recurso usado para expressar uma ideia utilizando o sentido figurado.
Isso quer dizer que essas sentenças são maneiras de falar algo sem utilizar uma palavra com o sentido exato, mas fazendo uma associação com outro termo para passar a mensagem.
Mesmo não sendo a mesma palavra, o sentido se mantém pela ligação de dependência entre um vocábulo e outro. Dessa forma, também estamos incluindo os outros tipos dessa figura, pois a parte pelo todo é apenas um deles.
Sabemos que essa não é a forma mais comum de entender esse conceito. Geralmente, lembramos da metonímia como a figura onde substituímos a parte pelo todo. Ou seja, numa frase citamos a ideia mais geral e fica implícito que falamos de apenas uma parte daquilo.
Mesmo que a definição da “substituição da parte pelo todo”, ela não engloba toda a complexidade e desdobramentos dessa figura de linguagem. Isso porque parece que estamos falando necessariamente de algo que está dentro de outro, mas essa não é a ideia.
Para ler depois: “Figura de linguagens: 10 exemplos e como usá-las no Enem“
Quais são os tipos de metonímia?
A diferença entre uma classe e outra se dá pelo tipo de ligação que a palavra usada e a que ela substitui possuem. Conheça quais são cada um desses tipos de relação e os exemplos para compreendê-los melhor.
É importante lembrar que sempre existe uma relação direta entre os termos, mas que alguns desses tipos permitem que essa substituição seja feita na direção contrária da que apresentaremos. Por exemplo, se falamos de efeito pela causa, também é válido uma troca do termo de causa pelo de efeito.
Vamos aos casos:
- Substituição da obra pelo autor:
“Na prova será cobrado Monteiro Lobato” – substituição de “livros de Monteiro Lobato”, que é a obra, pelo autor;
- Substituição do produto pelo local:
“Fui ao mercado comprar um Minas” – utilização do local, Minas Gerais, para indicar o produto que seria o queijo;
- Substituição do singular pelo plural:
“O aluno deve manter o celular desligado durante a prova” – uso do singular de aluno para ditar uma regra válida para todos os alunos (plural);
- Substituição do proprietário pelo que ele possui:
“Preciso ir ao dentista marcar minha consulta” – substituição do consultório odontológico (a propriedade) pelo dono;
- Substituição da classe pelo indivíduo (ou o contrário):
“O Homem é o mais selvagem dos animais” – a classe seres humanos foi representada pelo indivíduo, o homem;
- Substituição do efeito pela causa (ou o contrário):
“Eu suei muito para conseguir ficar pontual” – suor é um efeito e a causa é ter corrido para chegar pontualmente;
- Substituição do conteúdo pelo continente:
“Eu gostaria de uma jarra de 500ml, com gelo e açúcar, por favor” – utilizou a jarra (continente) no lugar do suco ou do líquido que viria nela (continente);
- Substituição do produto pela marca:
“Preciso comprar Cotonete, Band-aid e Gillete” – ao invés de utilizar o produto (hastes com algodão, curativo adesivo e lâmina de barbear), emprega-se as marcas que são mais conhecidas nesse segmento;
- Substituição do abstrato pelo concreto (ou o contrário):
“Pedro usa muito a cabeça” – deixa-se de lado a ideia abstrata, o pensamento, para usar uma concreta que está relacionada a ela, a cabeça;
- Substituição do utilizador pelo instrumento:
“A chuteira 10 do time marcou de novo” – não utiliza-se o utilizador, nesse caso o jogador que utiliza o número 10, para citar seu instrumento, a chuteira;
- Substituição do objeto pela matéria:
“A prata foi cravada no peito do monstro” – refere-se a uma adaga de prata (o objeto), mas utiliza apenas o material que ela é feita;
- Substituição do significado pelo sinal:
“A bandeira dos educadores precisa ser defendida” – usa-se o sinal, a bandeira, no lugar do que ela significa, nesse caso uma luta;
- Substituição da parte pelo todo:
Ontem assisti Kubrick” – substituição de “um filme do Kubrick”, a parte, pelo autor como um todo.
Qual a diferença entre metonímia e metáfora?
Essa é uma dúvida que passa na cabeça de muitas pessoas. A metáfora é uma outra figura de linguagem que muitos alunos ainda confundem com a metonímia. Para ficar mais simples diferenciar uma da outra, preparamos uma tabela resumindo as características de cada uma. Veja abaixo!
Figura de linguagem | Metáfora | Metonímia |
Definição e características | – É uma mudança de termos que funcionam como uma analogia, mudando o significado do termo utilizado;- Existe uma comparação de algo com outro; | – É uma troca de palavras que possuem uma relação direta, onde o significado não se altera; – A relação entre as palavras existe naturalmente, não depende de quem fala. |
Exemplos | Meu namorado é um gato – essa metáfora usa uma comparação de gato com a beleza do namorado | Comi dois pratos nos almoço – uma metonímia de conteúdo por continente, uma vez que a ideia é que comi o alimento que estava no prato |
Dessa forma fica muito mais fácil entender a diferença, não é mesmo? Sabendo o que é metonímia, seus tipos e a diferença para a metáfora, poderá responder com muito mais certeza as questões que envolvam essas figuras de linguagem. Empregue esse conhecimento também nas suas redações, verá que sua escrita fica muito mais rica e interessante.
Não sabe como fazer isso? A gente te conta!
Como usar a metonímia na redação?
Uma excelente maneira para utilizar a metonímia nos seus textos é empregando-a para substituir um conceito concreto com um mais abstrato. Essa substituição funciona muito bem para evitar as repetições de termo que descontam nota, também para mostrar uma bagagem sociocultural.
Quando opta-se por substituir um termo de causa pelo seu efeito, por exemplo, entende-se que a pessoa que o fez possui conhecimento mais aprofundado no tema, pois consegue compreender a relação entre a ação e suas consequências. Essa pode ser sua grande carta na manga para criar exemplificações eficientes e que estejam bem conectadas ao resto da redação.
Acompanhe o blog da Redação Online para encontrar mais dicas e resumos de conteúdos que vão fazer a diferença no próximo Enem. E não deixe de acessar o post “Classificação verbal: saiba o que é e suas categorias” para estar com a gramática ainda mais afiada nos testes!