Caminhos para o enfrentamento da cultura incel na sociedade contemporânea | Tema de redação

cultura incel

Você já ouviu falar na cultura incel? Se a resposta for não, atenção: essa expressão tem ganhado destaque na mídia, em séries e, principalmente, nos debates sociais sobre violência, misoginia e extremismo. Só para você ter uma ideia, a série Adolescência, da Netflix, trouxe à tona o termo ao retratar um personagem que se identifica com esse grupo, levantando uma discussão urgente.

A palavra “incel” vem da união de “involuntariamente celibatário” e define homens heterossexuais frustrados com a própria vida afetiva, que culpam as mulheres e a sociedade pela falta de sucesso romântico. Mas a coisa vai muito além disso: comunidades online ligadas à cultura incel têm sido associadas a discursos de ódio e até a crimes violentos, como atentados e tiroteios em escolas.

Diante disso, a cultura incel já é considerada um fenômeno social e comportamental que merece atenção — inclusive como tema de redação no ENEM, em vestibulares e concursos. E para você mandar bem se ele aparecer, preparamos este post completo com textos motivadores, repertórios e argumentos prontos para te ajudar.

Proposta de Redação

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema ““Caminhos para o enfrentamento da cultura incel na sociedade contemporânea “, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. 

Desse modo, selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa de seu ponto de vista.

Instruções para redação

  1. O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.
  2. O texto definitivo deve ser escrito à tinta preta, na folha própria, em até 30 (trinta) linhas.
  3. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para a contagem de linhas. 
  4. Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:
  • 4.1 tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo consideradas “textos insuficiente”; 
  • 4.2 fugir do tema ou não atender ao tipo dissertativo-argumentativo; 
  • 4.3 apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto;
  •  4.4 apresentar nome, assinatura, rubrica, ou outras formas de identificação no espaço destinado ao texto.

Textos motivadores sobre Cultura incel

TEXTO 1 – O Conceito de Incel

A série Adolescência, da Netflix, causou polêmica ao citar o termo “incel” em um dos episódios. A expressão, que une as palavras “involuntariamente celibatário”, define homens heterossexuais frustrados por não conseguirem estabelecer relações afetivas ou sexuais — e que acabam culpando as mulheres e a sociedade por isso. O que começou como uma conversa sobre timidez e exclusão social nos anos 1990, virou, com o tempo, uma bandeira de grupos misóginos que promovem discursos violentos, especialmente em fóruns e redes sociais.

Segundo a Liga Anti-Difamação, que atua no combate ao extremismo, muitos fóruns online ligados à cultura incel incentivam ideias perigosas, como a superioridade masculina, o ódio ao feminismo e até atentados contra pessoas consideradas “privilegiadas” por esses grupos. Estudo publicado na revista Current Psychiatry Reports apontou que essas comunidades compartilham ideologias como a crença na “hipergamia feminina” — a ideia de que mulheres se relacionam apenas com homens considerados mais atraentes ou bem-sucedidos — e uma forte hierarquia social baseada na aparência física.

Além disso, casos reais de violência foram associados à cultura incel. Um dos mais conhecidos ocorreu em 2014, nos Estados Unidos, quando Elliot Rodger matou seis pessoas e feriu várias outras, deixando um manifesto repleto de frases misóginas. Após o ataque, ele se tornou um ídolo em fóruns incel. Situações semelhantes também foram registradas no Canadá e na Inglaterra, reforçando o alerta sobre o poder destrutivo dessas ideologias quando somadas a sentimentos de exclusão, solidão e frustração masculina.

Fonte adaptada de: CNN Brasil

TEXTO 2

Após o sucesso da série Adolescência, que trouxe o termo “incel” para o centro dos debates sobre juventude e violência de gênero, a cultura incel ganhou novo destaque com o lançamento do thriller Garota Invisível, da autora Lisa Jewell. A obra, publicada no Brasil pela editora Intrínseca, mergulha em uma trama densa e atual, explorando os efeitos do ambiente digital tóxico e das comunidades misóginas que se organizam em fóruns online.

No enredo, a jovem Saffyre, marcada por traumas e episódios de automutilação, desaparece misteriosamente. O principal suspeito é um homem de mais de 30 anos, descrito como incel por nunca ter se relacionado com uma mulher e que enfrenta acusações de assédio em uma escola. Ao longo da história, ele se envolve ainda mais com fóruns incel na internet, revelando como esse submundo pode influenciar o comportamento e os pensamentos de homens socialmente isolados.

A cultura incel, termo que une “involuntário” e “celibatário”, não se resume apenas à frustração afetiva. Ela engloba ideologias violentas e misóginas, nas quais mulheres são vistas como inimigas ou responsáveis pelas frustrações masculinas. O livro, assim como a série da Netflix, denuncia o impacto que esse tipo de discurso pode ter, especialmente quando aliado à solidão, à exclusão e à ausência de apoio emocional.

Com narrativa envolvente e reviravoltas impactantes, Garota Invisível mostra que a cultura incel não é apenas um fenômeno virtual, mas uma realidade preocupante que atravessa o cotidiano e pode influenciar atitudes no mundo real. Ao retratar a complexidade emocional de seus personagens, a obra levanta um alerta sobre a urgência de discutir saúde mental, masculinidade tóxica e violência simbólica — temas cada vez mais presentes nas redações e provas de atualidades.

Fonte adaptada de: cnnbrasil.com.br

TEXTO 3

A cultura incel sob olhar acadêmico: solidão, racismo e masculinidade tóxica

Mais do que uma expressão da internet, a cultura incel passou a ser objeto de pesquisa científica no Brasil. Um estudo de Iniciação Científica da Universidade Federal do Espírito Santo, desenvolvido pelo estudante Yan Cardoso e orientado pela professora Maria Cristina Dadalto, investiga os aspectos psicossociais das comunidades incel e as relações entre solidão, masculinidade tóxica e racismo. Intitulada Análise psicossocial da cultura incel: explorando facetas on-line e na vida real, a pesquisa mergulha na origem, evolução e contradições desses grupos.

Segundo Cardoso, o movimento incel, que surgiu como um espaço para desabafos sobre dificuldades afetivas, se transformou em um ambiente tóxico e antifeminista com a massificação da internet. Ele explica que a chamada “manosfera” ou “machosfera” elevou discursos de frustração a ideologias de ódio, ligando a rejeição amorosa a narrativas radicais como o red pill — um símbolo da libertação masculina diante de um suposto domínio feminino.

A pesquisa se destaca por trazer uma abordagem interseccional. Sendo um homem negro que participou de fóruns incel na adolescência, Cardoso revela que a experiência de exclusão afetiva é ainda mais complexa quando atravessada pelo racismo. Enquanto o discurso incel tradicional foca em padrões estéticos e status, sua vivência mostrou que a rejeição também é alimentada por estereótipos raciais profundamente enraizados.

Utilizando métodos de etnografia virtual e análise qualitativa, o estudo conclui que os incels não formam um grupo homogêneo. Há desde os que propagam ódio até aqueles que buscam apoio emocional. O ponto em comum é a ausência de reconhecimento social e afetivo, que pode se transformar tanto em dor quanto em radicalização. Para o autor, entender essas nuances é essencial para não reduzir a comunidade a caricaturas e, mais importante, para criar formas mais humanas de acolhimento, educação e prevenção da violência.

Fonte adaptada de: ufes.br

TEXTO 4 – Super-Incel: quando a cultura incel vira crítica em forma de HQ

Cultura incel

Repertórios socioculturais para abordar a cultura incel

Livros

1. Garota Invisível — Lisa Jewell
O thriller explora o universo incel por meio da história de um homem solitário, frustrado e acusado de assédio, que se envolve com fóruns misóginos na internet.

A obra evidencia como a solidão masculina e a exclusão social podem ser convertidas em discursos de ódio, tornando-se um alerta sobre os riscos da radicalização digital.

2. Homens Difíceis — Brett Martin
O livro analisa o surgimento de personagens masculinos complexos e emocionalmente instáveis em séries contemporâneas.

Pode ser usado para refletir sobre o impacto da cultura pop na formação de identidades masculinas, especialmente aquelas ligadas à virilidade, violência e ressentimento — traços muitas vezes explorados pela cultura incel.

Filmes

1. Joker (2019)
A história de Arthur Fleck mostra a trajetória de um homem marginalizado, emocionalmente instável e socialmente excluído, que mergulha em discursos de ódio e violência como resposta ao abandono social. A obra é uma metáfora potente sobre como o ressentimento pode ser canalizado em formas perigosas de comportamento.

2. Clube da Luta (1999)
O filme retrata a crise da masculinidade no fim do século XX e pode ser usado para refletir sobre como homens frustrados criam grupos baseados em violência, dominação e recusa da sensibilidade.

Série

1. Adolescência — Netflix
Inspirada em fatos reais, a série aborda os perigos dos discursos incel entre adolescentes, mostrando como fóruns online e redes sociais podem se tornar espaços de manipulação emocional, misoginia e violência. A trama escancara o papel da internet na radicalização de jovens.

Legislações e documentos legais

1. Constituição Federal de 1988 – Art. 5º
Assegura a igualdade entre todos os cidadãos e proíbe qualquer forma de discriminação. Pode ser utilizado para denunciar o caráter preconceituoso e violento da cultura incel, que se baseia na inferiorização das mulheres.

2. Agenda 2030 da ONU – Objetivo 5
Prevê a igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas. Serve como base para propor ações concretas que combatam a misoginia e promovam relações mais justas entre os gêneros.

3. Projetos de Lei que visam criminalizar a misoginia no Brasil

  • PL 890/2023: propõe punição por práticas misóginas.
  • PL 872/2023: prevê pena de reclusão e multa para incitação à misoginia.
  • PL 40/2025: inclui misoginia na Lei do Racismo (Lei 7.716/1989).
  • PL 896/2023: aumenta a pena para injúria com motivação misógina.

Argumentos para utilizar na redação sobre cultura incel

Para garantir uma boa pontuação na Competência III do ENEM, é essencial apresentar argumentos sólidos, bem estruturados e articulados com a realidade.

Argumento 1 – A herança patriarcal e a perpetuação do machismo estrutural

Causa:
Desde a formação das sociedades ocidentais, o modelo patriarcal estabeleceu a superioridade do masculino em relação ao feminino. Esse padrão consolidou um sistema de dominação que associa o valor do homem à virilidade, à autoridade e ao controle sobre as mulheres.

Consequência:
Na contemporaneidade, esse legado se manifesta em discursos como o da cultura incel, que não apenas culpabiliza as mulheres pelas frustrações masculinas, mas também legitima o ódio e a violência simbólica ou física contra elas. Isso reforça desigualdades de gênero e prejudica a construção de relações baseadas no respeito e na equidade.

Repertório filosófico:
A filósofa francesa Simone de Beauvoir, em O Segundo Sexo, afirma que “ninguém nasce mulher: torna-se mulher”.

Solução:
É fundamental investir em políticas de educação de gênero desde o ensino básico, abordando masculinidades saudáveis, empatia e desconstrução de estereótipos. Além disso, campanhas públicas podem atuar na valorização da igualdade e na problematização da cultura machista enraizada.

Argumento 2 – A ausência de fiscalização e o sentimento de impunidade nas redes

Causa:
O crescimento da cultura incel está diretamente ligado à falta de regulamentação efetiva das plataformas digitais, que, muitas vezes,

permitem a circulação de discursos de ódio, misoginia e incentivo à violência sem responsabilização dos autores.

Consequência:
Essa lacuna de fiscalização gera a sensação de impunidade, o que favorece a radicalização de jovens e a formação de comunidades hostis.

Repertório filosófico:
A pensadora Judith Butler, referência nos estudos de gênero, afirma que os discursos produzem realidades.

Solução:
O fortalecimento de leis que tipifiquem e punam práticas misóginas — como os projetos de lei em tramitação no Brasil —

É essencial para coibir esse tipo de conduta. Além disso, as redes sociais devem assumir responsabilidade ativa, criando mecanismos de denúncia mais eficazes e ações educativas em suas plataformas.

Conclusão sobre o tema Cultura incel

Por fim, esse é um tema atualíssimo, que pode facilmente aparecer em propostas de redação do ENEM, vestibulares e concursos. E para você não ser pego de surpresa, o melhor caminho é treinar com estratégia, repertório e correções detalhadas.

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