Barreiras para combater o crime organizado no Brasil / Tema de redação

Crime organizado

Você já se perguntou por que o combate ao crime organizado é tão difícil no Brasil?
Apesar de décadas de enfrentamento, essa estrutura criminosa continua crescendo e se adaptando, infiltrando-se em instituições públicas e moldando a vida nas grandes cidades. O tema voltou ao centro dos debates após a megaoperação no Rio de Janeiro, que resultou em mais de 120 mortes, entre elas, quatro policiais, e reacendeu o debate sobre segurança pública, letalidade policial e políticas de prevenção.
Diante desse cenário, refletir sobre as barreiras para combater o crime organizado é essencial para compreender não apenas as falhas estruturais do Estado, mas também os impactos sociais, econômicos e políticos desse fenômeno.

Proposta de Redação sobre  crime organizado no Brasil

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Barreiras para combater o crime organizado no Brasil ”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. 

Desse modo, selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa de seu ponto de vista.

Instruções para redação sobre  crime organizado no Brasil

  1. O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.
  2. O texto definitivo deve ser escrito à tinta preta, na folha própria, em até 30 (trinta) linhas.
  3. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para a contagem de linhas. 
  4. Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:

4.1 tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo consideradas “textos insuficiente”; 

4.2 fugir do tema ou não atender ao tipo dissertativo-argumentativo; 

4.3 apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto;

 4.4 apresentar nome, assinatura, rubrica, ou outras formas de identificação no espaço destinado ao texto.

TEXTO I — O ESTADO E O CRIME ORGANIZADO: UMA GUERRA INTERNA

 O crime organizado é um fenômeno que desafia o Brasil há décadas, atravessando as fronteiras da violência urbana e alcançando o campo político e econômico. Recentemente, o país assistiu a uma das maiores operações já registradas contra facções criminosas: uma megaoperação conduzida pelo governo do Rio de Janeiro, que teve como alvo o Comando Vermelho (CV).
A ação, liderada pelo governador Cláudio Castro (PL-RJ), mobilizou forças policiais em áreas de mata nos complexos da Penha e do Alemão, onde confrontos armados resultaram em cerca de 120 mortes. Uma das estratégias utilizadas, conhecida como “Muro do Bope”, buscou encurralar os criminosos considerados narcoterroristas.
As cenas de violência e o alto número de mortos provocaram reações em todo o país. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, solicitou explicações ao governo estadual, enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a necessidade de um trabalho coordenado e nacional no combate ao crime organizado.
As imagens da operação, comparadas a uma verdadeira guerra civil, revelam um problema estrutural: a ausência de políticas públicas eficazes, a precarização das forças de segurança e a falta de integração entre União, estados e municípios. Ao mesmo tempo, o uso de tecnologias de ponta, como drones capazes de lançar bombas contra policiais, evidencia a sofisticação das facções, que desafiam o poder do Estado e a própria noção de soberania nacional.

Fonte adaptada: Gazeta do Povo (2025)

TEXTO II — DESIGUALDADE, IMPUNIDADE E A EXPANSÃO DO CRIME ORGANIZADO

Enquanto houver desigualdade econômica no Brasil, será difícil conter o crime organizado. Essa é a síntese feita por especialistas em segurança pública e direito penal que alertam: enfrentar o crime organizado é também enfrentar as causas sociais que o alimentam, como pobreza, exclusão e ausência do Estado em comunidades vulneráveis.

De acordo com o jurista Walter Maierovitch, desembargador aposentado e estudioso do tema, o país vive um cenário preocupante em que as facções criminosas se infiltram nas estruturas estatais, lavando dinheiro obtido com o tráfico e a corrupção em atividades formalmente legais, como empresas de transporte, coleta de lixo e até financiamento de campanhas políticas. Para ele, “as máfias são parasitárias: grudam no Estado, sugam e corrompem agentes públicos”.

O professor Daniel Pacheco Pontes, da Faculdade de Direito da USP, explica que as diferenças regionais intensificam o problema. “Em algumas áreas, como no Rio de Janeiro, o Estado já perdeu o controle territorial. Em outras, como São Paulo, ainda há resistência, mas o avanço é constante”, afirma. Segundo ele, a desigualdade social é o principal combustível das facções, que recrutam jovens em busca de pertencimento e renda.

Além disso, Pacheco critica a ineficiência na aplicação das leis. “Não basta endurecer o Código Penal. O problema é a falta de aplicação efetiva das normas e a sensação de impunidade que isso gera.”

O pesquisador Eduardo Dyna, da UFSCar, complementa que o PCC e outras facções se tornaram transnacionais, com atuação direta em países como Paraguai e Bolívia. “Esses grupos não querem substituir o Estado, mas explorá-lo, aproveitando suas fragilidades para expandir seus negócios ilícitos”, explica.

Já o cientista social Vinícius Figueiredo, do Observatório de Segurança Pública da Unesp, defende que a repressão pura e o encarceramento em massa apenas fortalecem o ciclo de violência. “O Brasil tem a terceira maior população carcerária do mundo. Cada prisão superlotada é um centro de recrutamento de novos criminosos. Sem políticas sociais integradas, estaremos apenas alimentando o sistema que queremos combater.”

De forma geral, os especialistas concordam que combater o crime organizado vai além das ações policiais. É necessário fortalecer as instituições, investir em inteligência, garantir oportunidades sociais e criar políticas de longo prazo voltadas à educação e à equidade econômica. Caso contrário, o país continuará preso a um ciclo de violência e corrupção que fragiliza a democracia e perpetua a insegurança coletiva.

Fonte adaptada: Jornal da USP (2025)

TEXTO III — NOVA LEI REFORÇA O COMBATE AO CRIME ORGANIZADO NO BRASIL

Na tentativa de responder ao avanço das facções criminosas e à recente escalada da violência no Rio de Janeiro, o governo federal sancionou uma nova legislação voltada ao endurecimento do combate ao crime organizado. A medida, aprovada pelo Congresso Nacional e de autoria do senador Sergio Moro (União-PR), ex-juiz da Operação Lava Jato, foi publicada no Diário Oficial da União no dia 30 de outubro de 2025.

A nova lei, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cria duas novas modalidades de crime relacionadas à obstrução de investigações e ações contra organizações criminosas:

  • obstrução de ações contra o crime organizado;
  • conspiração para obstrução de ações contra o crime organizado.

Ambos os crimes passam a ter penas de reclusão de 4 a 12 anos, além de multa.

Além disso, a legislação prevê reforço na segurança pessoal de juízes, promotores, policiais e militares — inclusive aposentados —, bem como de seus familiares, quando houver risco comprovado relacionado ao exercício de suas funções. A proposta busca proteger aqueles que estão na linha de frente do enfrentamento às facções e ao tráfico, áreas em que há altos índices de ameaças e atentados.

A sanção ocorreu logo após a megaoperação no Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho (CV), que resultou em mais de 120 mortes. A coincidência entre o episódio e a publicação da lei reacendeu o debate sobre como equilibrar ações repressivas e garantias de direitos humanos.

Para juristas, o texto representa um avanço institucional, mas sua eficácia dependerá da implementação prática e da integração entre os entes federativos. Em outras palavras, endurecer penas sem fortalecer o sistema de inteligência e as políticas de prevenção pode tornar a lei mais simbólica do que efetiva.

Dessa forma, o novo marco legal reflete tanto a tentativa do Estado de recuperar sua autoridade quanto a urgência de repensar o modelo de segurança pública, conciliando repressão, prevenção e justiça social.

Fonte adaptada: g1 (2025)

TEXTO IV — CHARGE: “CRIME ORGANIZADO DEIXA MUITAS MORTES NO RIO”

A charge ilustra a tragédia da violência urbana no Rio de Janeiro, onde as operações policiais contra o crime organizado frequentemente resultam em altos índices de letalidade.
No desenho, o Cristo Redentor, símbolo da cidade, aparece em meio a um mar de ossos e caveiras, tentando alcançar um helicóptero militar que dispara projéteis. Essa composição visual evidencia a ideia de um Estado em guerra contra seu próprio povo, ao mesmo tempo em que simboliza a impotência diante do avanço das facções criminosas.

Ao utilizar elementos reconhecíveis da paisagem carioca, como o Cristo e o Pão de Açúcar, o artista critica a banalização das mortes em nome da segurança pública. O olhar desesperado da figura religiosa transmite a dimensão humanitária do problema, sugerindo que o combate à criminalidade, quando guiado apenas pela repressão, gera mais vítimas do que soluções.

Assim, a charge funciona como uma metáfora da crise social brasileira: o Rio de Janeiro se transforma em palco de uma guerra onde a população civil é a principal vítima, refletindo a falta de políticas de prevenção, educação e oportunidades que deveriam estar no centro da estratégia contra o crime organizado.

 Fonte: O Liberal (2025)

Repertórios socioculturais para usar no tema: “Barreiras para combater o crime organizado no Brasil”

📚 Quais livros e obras literárias ajudam a discutir o poder e a corrupção nas instituições brasileiras?

  • “Capitães da Areia” (Jorge Amado) — retrata como a exclusão social empurra crianças e adolescentes à criminalidade, revelando a ausência do Estado e o ciclo de marginalização.
  • “Ensaio sobre a Cegueira” (José Saramago) — metaforiza a cegueira moral e a falência das instituições diante do caos coletivo.
  • “O Quinze” (Rachel de Queiroz) — embora retrate a seca de 1915, expõe a desigualdade estrutural que ainda alimenta a criminalidade no país.
  • “A Revolução dos Bichos” (George Orwell) — crítica à manipulação do poder e à corrupção de ideais, aplicável à atuação de facções que reproduzem dinâmicas autoritárias.
  • “O Estado e a Revolução” (Vladimir Lênin) — serve para discutir o papel do Estado e o uso legítimo (ou não) da força como instrumento de controle social.

🎬 Quais filmes e séries ajudam a compreender o avanço do crime organizado e a falência do Estado?

  • “Tropa de Elite” (José Padilha) — aborda a violência institucional e o colapso ético dentro das forças de segurança, expondo o ciclo entre repressão e corrupção.
  • “Cidade de Deus” (Fernando Meirelles) — mostra o crescimento do crime nas periferias cariocas e a ausência de políticas públicas de inclusão.
  • “O Mecanismo” (Netflix) — inspirado na Lava Jato, discute a corrupção estrutural e o conluio entre poder político e econômico.
  • “Narcos” (Netflix) — evidencia como o narcotráfico se torna um sistema político e financeiro paralelo, influenciando governos e fronteiras.
  • “Carandiru” (Hector Babenco) — denuncia as consequências da superlotação carcerária e o poder das facções nas prisões brasileiras.

⚖️ Quais leis e legislações são fundamentais para o combate ao crime organizado?

  • Lei nº 12.850/2013 — define e disciplina o crime organizado, estabelecendo meios de investigação e punição para grupos criminosos estruturados.
  • Lei nº 14.532/2023 — amplia a tipificação de crimes de ódio e racismo, reforçando o enfrentamento a redes criminosas com discurso de intolerância.
  • Lei sancionada em 2025 (Lei Moro-Lula) — cria novos crimes de obstrução de ações contra o crime organizado, com penas de 4 a 12 anos de reclusão, e reforça a proteção de autoridades envolvidas.
  • Constituição Federal (Art. 144) — define que a segurança pública é dever do Estado e responsabilidade de todos os entes federativos.
  • Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas) — relaciona-se ao combate ao narcotráfico e à prevenção do uso de entorpecentes, eixo central das facções criminosas.

📅 Quais fatos históricos ajudam a contextualizar o fortalecimento do crime organizado no Brasil?

  • Massacre do Carandiru (1992) — episódio que impulsionou a criação e a consolidação do PCC, símbolo do poder do crime dentro e fora dos presídios.
  • Criação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) — tentativa de retomada de territórios no Rio de Janeiro, mas que fracassou por falta de investimento social.
  • Rebeliões simultâneas de 2006 (São Paulo) — marcaram a expansão nacional do PCC e a demonstração de seu poder de articulação.
  • Megaoperações no Rio (2023–2025) — mostraram o conflito entre repressão e direitos humanos, com críticas internacionais devido à letalidade policial.
  • Escândalos da Lava Jato (2014–2021) — revelaram como a corrupção política enfraquece o Estado e permite o crescimento de redes criminosas.

🎵 Quais músicas podem ser usadas como crítica social e reflexão sobre a violência e o abandono estatal?

  • “Diário de um Detento” (Racionais MC’s) — denuncia as condições desumanas nas prisões e o papel do sistema penal na reprodução do crime.
  • “Haiti” (Caetano Veloso e Gilberto Gil) — expõe a desigualdade e a violência urbana como sintomas da falência do Estado.
  • “Homem na Estrada” (Racionais MC’s) — mostra como o ex-detento é rejeitado pela sociedade e empurrado novamente à marginalidade.
  • “O Calibre” (Paralamas do Sucesso) — questiona o uso abusivo da força policial e a banalização da violência.
  • “O Homem na Esquina” (Criolo) — reflete sobre a falta de oportunidades e a permanência do jovem negro nas estatísticas da criminalidade.

Argumentos para o tema: Barreiras para combater o crime organizado no Brasil

ARGUMENTO 1 — Desigualdade social e ausência do Estado como combustível da criminalidade

Causa:
A desigualdade socioeconômica e a ausência de políticas públicas nas periferias criam um terreno fértil para o recrutamento de jovens pelo crime organizado.

Consequência:
Essa realidade perpetua o ciclo da violência e enfraquece a confiança da população nas instituições, dificultando o enfrentamento efetivo do problema.

Repertório aplicado:
Segundo o professor Daniel Pacheco (USP), “enquanto houver tamanha disparidade econômica, será difícil conter o avanço do crime organizado”.
O livro “Capitães da Areia”, de Jorge Amado, ilustra essa lógica, mostrando como a falta de oportunidades empurra crianças e adolescentes à marginalidade.

Frase modelo:
Portanto, a persistência da desigualdade social impede o rompimento do ciclo da violência, reforçando a necessidade de políticas públicas integradas que unam educação, cultura e segurança.

ARGUMENTO 2 — Falhas na aplicação das leis e corrupção institucional

Causa:
Apesar de o Brasil possuir uma legislação penal robusta, a ineficiência na aplicação das normas e a corrupção em órgãos públicos minam o combate às facções criminosas.

Consequência:
Esse cenário gera impunidade e descrença social, favorecendo a infiltração do crime em setores políticos e econômicos, como denunciou o jurista Walter Maierovitch (USP).

Repertório aplicado:
O filósofo John Locke, em Segundo Tratado sobre o Governo Civil, defende que o Estado existe para garantir segurança e justiça. Quando falha nisso, perde sua legitimidade.
O filme “O Mecanismo” reforça a crítica à corrupção institucional, evidenciando como o poder e o dinheiro corrompem a justiça.

Frase modelo:
Logo, enquanto a corrupção corroer o sistema jurídico e político, o combate ao crime organizado continuará sendo uma luta desigual e ineficaz.

ARGUMENTO 3 — Repressão sem prevenção e o aumento da letalidade

Causa:
As ações policiais excessivamente repressivas, sem investimentos equivalentes em políticas sociais, tornam o enfrentamento ao crime uma “guerra interna” marcada por mortes e abusos.

Consequência:
Essa abordagem alimenta a violência, fortalece o discurso das facções e transforma comunidades vulneráveis em zonas de conflito permanente.

Repertório aplicado:
A charge de T. Falcão (O Liberal, 2025) simboliza essa contradição: o Cristo Redentor tenta proteger o povo enquanto é cercado por tiros, representando o caos e a tragédia humana.
O filme “Tropa de Elite” também problematiza essa lógica de guerra, mostrando que o uso da força sem inteligência agrava o problema em vez de resolvê-lo.

Frase modelo:
Desse modo, combater o crime sem enfrentar suas causas sociais equivale a enxugar gelo, perpetuando a violência que deveria ser contida.

ARGUMENTO 4 — Fragilidade das políticas públicas e falta de integração entre os entes federativos

Causa:
A desarticulação entre governo federal, estados e municípios no planejamento de políticas de segurança impede ações estratégicas e coordenadas.

Consequência:
Isso dificulta a troca de informações, o fortalecimento das instituições e o enfrentamento conjunto de redes criminosas que atuam de forma nacional e transnacional.

Repertório aplicado:
O cientista político Zygmunt Bauman, em Modernidade Líquida, afirma que o Estado perdeu parte de seu poder de controle no mundo globalizado, tornando-se vulnerável a estruturas paralelas — como o crime organizado.
A Lei sancionada em 2025 (Moro-Lula) tenta responder a essa fragilidade, mas sem integração institucional, sua eficácia será limitada.

Conclusão — Tema: Barreiras para combater o crime organizado no Brasil

Diante do exposto, é inegável que o combate ao crime organizado no Brasil exige muito mais do que ações repressivas: requer a reconstrução das bases sociais e institucionais que o sustentam. Afinal, a desigualdade e a corrupção estatal se entrelaçam em um ciclo que perpetua a violência e enfraquece a confiança nas instituições.

Assim, ao unir repressão estratégica e prevenção social, o Brasil poderá romper as barreiras históricas que alimentam o crime e caminhar rumo a uma sociedade onde a justiça prevaleça sobre a vio

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