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TEMA DE REDAÇÃO – Depressão no meio acadêmico

Depressão no meio acadêmico

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema: Depressão no meio acadêmico. Sua redação deve apresentar proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. Atente-se para o número mínimo de 7 linhas e máximo de 30 para desenvolver suas ideias. 

Texto 1 – Depressão tem alta taxa entre os estudantes

Doença provoca baixo desempenho acadêmico e pode levar a problemas mais graves, que vão da evasão até a dependência química Metade dos universitários brasileiros vivenciou algum tipo de crise emocional no ano passado.

A depressão foi a mais representativa: atingiu cerca de 15% dos estudantes, enquanto a média geral entre jovens de até 25 anos fica em torno de 4%. Os dados sobre os universitários são da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). Para psicólogos e professores, a principal causa dessas crises é a mudança da adolescência para a vida adulta, que ocorre bem na fase em que o jovem está na graduação.

Por causa das cobranças, o estudante se sente pressionado e confuso e o resultado é a falta de motivação para estudar, dificuldade de concentração, baixo desempenho acadêmico, reprovação, trancamento de disciplinas e, na pior das hipóteses, evasão. “É o período em que o estudante vai consolidar sua personalidade e ganhar características do curso que escolheu.

Essa formação de identidade, somada à necessidade de corresponder às expectativas dos outros, gera estado depressivo”, explica o professor e coordenador da Clínica de Psicologia da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), Luiz Henrique Ramos. Cobrança Nem sempre o sofrimento é causado apenas pela tentativa de mostrar à família e aos amigos que dá conta da vida adulta.

A cobrança de si mesmo por um bom desempenho também é responsável por causar ansiedade nos universitários. Segundo Ramos, algumas situações específicas durante o curso podem desencadear o problema. No caso dos cursos de Saúde, a hora de atender o paciente pode gerar medo, insegurança e causar situações de ansiedade e depressão.

Os estudantes de Medicina estão entre os grupos mais atingidos, segundo o psiquiatra e professor de Medicina da Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Dagoberto Hungria Requião. Além do medo do início do atendimento, o contato com corpos nas aulas de Anatomia também pode causar tristeza e desânimo. “Ele chega ao curso superior entusiasmado e se depara logo com a morte.

Nem todos estão preparados e têm maturidade para isso. ” Formada há três anos, a médica Amanda – que não quis ser identificada – lembra que passou por um estado de depressão no primeiro ano da faculdade. Depois de poucos meses de aula, começou a faltar. “Não ia mais e nem fazia provas. Simplesmente ficava em casa vendo televisão.

Hoje sei que o que senti foi medo de comparação com as notas dos colegas, pois tinha acabado de passar pela pressão do vestibular e não aguentava mais aquilo. ” Após quatro meses em casa, ela procurou um médico, tomou remédio e em pouco tempo estava de volta à sala de aula.

Disponível em https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/vida-na-universidade/depressao-temalta-taxa-entre-os-estudantes-2oyhrf8hrqh5aqwrfccac0ci6. Acesso em 03.05.2016.

Exemplo

O quadro expressionista “O grito”, do pintor norueguês Edvard Munch, retrata a inquietude, o medo e a desesperança refletidos no semblante de um personagem envolto por uma atmosfera de profunda desolação. Para além da obra, observa-se que, na conjuntura brasileira contemporânea, o sentimento de milhares de indivíduos assolados pela depressão no meio acadêmico é, amiudadamente, semelhante ao ilustrado pelo artista. Nesse viés, torna-se crucial analisar as causas desse revés, dentre as quais se destacam a negligência governamental e o fator grupal.

A princípio, é imperioso notar que a indiligência do Estado potencializa o problema. Esse contexto de inoperância das esferas de poder exemplifica a teoria das Instituições Zumbis, do sociólogo Zygmunt Bauman, que as descreve como presentes na sociedade, todavia, sem cumprirem sua função social com eficácia. Sob essa ótica, devido à baixa atuação das autoridades e instituções, como a falta de políticas assistencialistas para tratar transtornos emocionais e acompanhamentos constantes da situação do acadêmico, contribuem para problemas mais acentuados, que vão da saída do curso até a dependência de substâncias nocivas a saúde. Nessa perspectiva, para a completa refutação da teoria do estudioso polonês e mudança dessa realidade, faz-se imprescindível uma intervenção estatal.

Outrossim, é igualmente preciso apontar o fator grupal como outro fator que contribui para a manutenção do problema. Conforme o pensador Jurgen Habermas, a razão comunicativa – ou seja, o diálogo – constitui etapa fundamental do desenvolvimento social. Nesse ínterim, a falta de estímulo ao debate no âmbito escolar e midiático a respeito das consequências da depressão na sociedade e seu papel destrutivo no futuro acadêmico, todavia, coíbe o poder transformador da deliberação e, consequentemente, ocasiona indíviduos mortificados e estigmatizados acometidos em um estado depressivo grave, o que acaba limitando sua percepção dentro da sociedade. Dessarte, é inadmissível que esse cenário continue a perdurar.

Portanto, são necessárias medidas capazes de mitigar o problema. Logo, a Mídia, por intermédio de programas televisivos de grande audiência, irá discutir o assunto com psicólogos, com o objetivo de mostrar as reais consequências do problema e orientar os espectadores a respeito do impasse. Essa medida ocorrerá pela elaboração de um projeto estatal, em parceria com o Ministério das Comunicações. Em adição, o Estado deve desenvolver políticas assistencialistas e acompanhamentos constantes para tratar os transtornos emocionais do acadêmico, a fim de reduzir a evasão e a estigmatização do indivíduo que tem seu sonho comprometido. Espera-se, assim, que os sofrimentos emocionais retratados por Munch delimitem-se apenas ao plano artístico.