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TEMA DE REDAÇÃO – Combate ao machismo no mundo gamer

No mundo dos jogos on-line, as mulheres ouvem piadinhas infames, xingamentos descarados e até ameaças, se por acaso vencem o jogo – esse é o machismo no mundo gamer! 

Se esse fosse o tema da próxima redação do Enem ou do vestibular, o que você escreveria? Não custa nada se preparar: aqui vão 3 textos motivadores para ajudá-lo a pensar no caso. Em seguida escreva uma dissertação argumentativa expondo o problema do machismo no mundo gamer e como ele poderia ser minimizado. 

TEXTO 1

‘Vivi situações humilhantes’: ela criou campanha contra machismo nos games

“Tenho 21 anos e minha relação com o mundo gamer começou aos 7, influenciada por meu pai, que também joga. Ele me mostrou alguns games e me apaixonei por esse universo ao ver o quanto aquilo podia ser algo legal e divertido. Hoje em dia, jogo profissionalmente e já disputei várias competições de “Rainbow Six Siege”, ganhando três delas. No campeonato de 2020, por exemplo, fui a melhor do ranking no circuito feminino desse jogo. Por outro lado, sendo mulher nesse meio sei que o machismo no mundo gamer é algo muito comum, infelizmente. Vivi situações horríveis e humilhantes. Em trocas com outras jogadoras percebi o quanto isso é comum e percebi, então, a necessidade de criar algo contra esse tipo de situação que fazia a gente sentir como se ali não fosse nosso lugar. Foi daí que nasceu a ideia da campanha “Game Sem Preconceito”.

(…) 

Numa das primeiras vezes em que fui agredida online, eu estava jogando com meu pai e um outro jogador, ao perceber que eu era mulher, começou a dizer coisas terríveis – me chamou de vagabunda e disse que eu deveria ir lavar louça em vez de jogar. Eu fiquei muito nervosa e abalada. Mesmo meu pai tendo me defendido na hora e me confortado, aquela foi uma situação muito constrangedora e eu me senti extremamente mal. Em outra ocasião, estava jogando junto com outras meninas na equipe e resolvi me comunicar com elas por voz. Quando um rapaz que também estava no jogo me escutou falando, ele começou a me xingar gratuitamente. Isso pelo simples fato de eu não ser homem. Fui, novamente, chamada de vagabunda, p*ta e ouvi que, por ser mulher, não poderia estar ali. 

Fonte: https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2021/08/13/sou-gamer-e-criei-uma-campanha-contra-o-machismo-nos-jogos.htm / Acesso em 21 jun 2022.

TEXTO 2

O mundo gamer ainda é machista e nós precisamos falar sobre isso!

Direto de Belo Horizonte, a gamer Paula Cabral traz um pouco da sua vivência. Com 26 anos, começou frequentando lan houses, nos anos 2000, onde era praticamente a única menina.

Existe espaço para os jogadores denunciarem dentro dos jogos? Você já denunciou? 

Infelizmente, ainda tem muito preconceito, tanto no chat, por escrito, quanto no microfone. Mas tem como denunciar. Você pode selecionar se foi por chat ou voz, preenche as informações sobre o episódio e envia a denúncia. Já presenciei bastante coisa e já denunciei muito. Sei de relatos de contas que sofreram punições, foram banidas por algum tempo, após as denúncias. 

O que gostaria de ver melhorar em um futuro recente para o ambiente ficar mais saudável?

Sou muito contra as lines, que são as disputas só entre mulheres e só entre homens. Para mim, elas simbolizam que as mulheres seriam inferiores. Por exemplo, em uma disputa de boxe, colocar um homem e uma mulher para lutar seria errado por questões biológicas, musculares, estruturais do corpo humano. Mas, nos games, o que vale é o intelecto, não uma habilidade física. Em termos de jogo, não existe nenhuma diferença de um homem para mulher. Não faz sentido existir line só feminina. Eu e a XIS, a organização onde trabalho, somos totalmente contra. O que espero do futuro do cenário é a line mista, mulher jogando junto com homens nos campeonatos.

Adaptado de https://fastcompanybrasil.com/games/o-mundo-gamer-ainda-e-machista-e-nos-precisamos-falar-sobre-isso/ / Acesso em 21 jun 2022.

TEXTO 3

Streamers enfrentam machismo no universo gamer

No meu primeiro dia de stream, enquanto fazia divulgação após uma partida, um dos jogadores começou a me insultar. Sofri gordofobia, racismo e insultos com as piores palavras que possa imaginar. Ele me disse que eu não deveria estar jogando, apenas pelo fato de eu ser uma mulher”, relata Laura Cavalcante, mulher preta e streamer há três anos.

O desabafo de Laura ilustra o que pesquisas nessa área já apontam. Esse ano, a Reach3 Insights, em parceria com a Lenovo, desenvolveu uma pesquisa em nível mundial e mostra que 77% das mulheres gamers enfrentam alguma situação desconfortável por conta de seu gênero. O julgamento de habilidades (70%), controle (65%) e comentários condescendentes (50%) são as violências mais recorrentes.  

Além disso, a pesquisa também aponta que 59% das mulheres entrevistadas usam identificação de gênero masculino ou não identificam o seu gênero para se resguardar do assédio durante os jogos.

Fonte: https://www.ufpb.br/comu/contents/noticias/mulheres-streamers-enfrentam-violencia-e-machismo-no-universo-gamer / Acesso em 21 jun 2022.

TEXTO 4

8 relatos do machismo que as mulheres gamers sofrem todos os dias - Revista  Galileu | Buzz

Fonte: https://revistagalileu.globo.com/blogs/buzz/noticia/2016/03/7-relatos-do-machismo-que-mulheres-gamers-sofrem-todos-os-dias.html / Acesso em 21 jun 2022.

EXEMPLO:

No preâmbulo da Carta Magna brasileira, definiu-se o Estado Democrático como imprescindível ao exercício da cidadania. Hodiernamente, contudo, a prevalência de comportamentos machistas em jogos virtuais, por exemplo, configura uma realidade à margem da democracia. Nesse viés, o machismo no mundo gamer, em território nacional, representa ainda enormes desafios. Pode-se dizer, então, que a inércia estatal e o individualismo do empresariado são os principais responsáveis pelo quadro.

Primeiramente, ressalta-se a inoperância governamental para combater o conservadorismo. Segundo o pensamento hobbesiano, o Estado é encarregado de garantir a estabilidade social, entretanto, isso não ocorre no Brasil. Devido à negligência das autoridades, de acordo com o jornal “O Globo”, as referências culturais conservadoras, em 2016, permitiram que mulheres fossem constrangidas em jogos RPG. Dessa forma, geram-se condições desfavoráveis à autonomia feminina, e os direitos mais básicos normatizados em lei, como o direito à proteção, são ameaçados.

Outrossim, a exclusiva ambição por lucro é parte elementar do problema. Acerca disso, destaca-se um princípio ético fundamental da filosofia de Eric Voegelin, do qual se deduz que o egocentrismo prejudica a conservação da prosperidade coletiva. Assim sendo, em análise realizada pela revista “Exame”, verificou-se que nos últimos anos, empresas de streaming, visando somente o enriquecimento, contribuíram com o machismo no mundo gamer ao limitarem a contratação de meninas para compor equipes de Counter-Strike, objetivando burlar o pagamento de benefícios trabalhistas. Logo, desrespeita-se, em nome de interesses individuais, uma importante noção da metafísica voegeliana, amplamente aceita, que h.armoniza os vínculos humanos. Dessarte, o bem grupal padece sob o jugo do egoísmo.

Portanto, são necessárias medidas capazes de restabelecer a ordem democrática. Cabe ao governo federal atuar em favor da população, mediante a gênese de leis que coíbam as influências conservadoras, a fim de assegurar a plena liberdade das mulheres. Ademais, o corpo social deve obrigar os empresários a descontinuarem os projetos que favoreçam posturas machistas em jogos, por meio de atos educativos e campanhas de mobilização em locais públicos, com a distribuição de cartilhas informativas, no intuito de viabilizar um ambiente justo e equilibrado. Assim, obter-se-ão os requisitos indispensáveis para a restauração da soberania civil.