O avanço das tecnologias digitais trouxe benefícios para a educação e a comunicação. No entanto, também ampliou os riscos enfrentados por crianças na internet.
Atualmente, os crimes digitais contra crianças assumem diversas formas: abuso sexual, exposição indevida de imagens, assédio virtual, cyberbullying e aliciamento. Esses atos violam direitos fundamentais e afetam profundamente o desenvolvimento infantil.
Casos recentes mostram a gravidade do problema. O influenciador Hytalo Santos, por exemplo, foi preso em agosto de 2025, acusado de tráfico de pessoas, exploração sexual e trabalho infantil artístico. Já o vídeo de denúncia publicado por Felca, com mais de 45 milhões de visualizações, impulsionou um aumento de 114% nas denúncias de violência sexual online, segundo a SaferNet.
Diante disso, é preciso refletir: quais são os principais desafios para proteger as crianças dos perigos digitais? E como garantir que as plataformas e os adultos cumpram seu papel na prevenção desses crimes?
Proposta de Redação sobre crimes digitais contra crianças no Brasil
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Caminhos para combater o etarismo nas relações sociais no Brasil”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos.
Desse modo, selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa de seu ponto de vista.
Instruções para redação sobre crimes digitais contra crianças no Brasil
- O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.
- O texto definitivo deve ser escrito à tinta preta, na folha própria, em até 30 (trinta) linhas.
- A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para a contagem de linhas.
- Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:
- 4.1 tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo consideradas “textos insuficiente”;
- 4.2 fugir do tema ou não atender ao tipo dissertativo-argumentativo;
- 4.3 apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto;
- 4.4 apresentar nome, assinatura, rubrica, ou outras formas de identificação no espaço destinado ao texto.
Quais textos motivadores ajudam a refletir sobre crimes digitais contra crianças no Brasil?
Texto 1 – Quais crimes digitais afetam as crianças e adolescentes no Brasil?
Com a expansão das redes sociais, aumentam os riscos para crianças e adolescentes no ambiente digital. Plataformas como Instagram, Twitter, Discord e Telegram se tornaram canais de aliciamento, exposição indevida e violência psicológica.
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, são crimes digitais o aliciamento sexual (Art. 241-D), a posse e o compartilhamento de pornografia infantil (Art. 241), além de estelionato digital e crimes contra a honra (calúnia, difamação e injúria).
Segundo a juíza Vanessa Cavalieri, muitos desses crimes são invisibilizados, pois não chegam a ser denunciados. O ambiente digital facilita o contato entre adolescentes e redes criminosas, o que agrava ainda mais o problema.
Além disso, práticas como cyberbullying, páginas de exposição e grupos de ódio têm gerado sérios impactos psicológicos, contribuindo para quadros de ansiedade, depressão, automutilação e, em casos extremos, suicídio.
A exposição precoce à pornografia e à violência virtual também tem provocado danos emocionais severos, além de incentivar a reprodução de comportamentos abusivos. Jovens de 12 a 14 anos já são vítimas e, por vezes, agentes desses crimes.
É fundamental que famílias, escolas e o poder público ajam de forma coordenada. Iniciativas como o Movimento Desconecta, que propõe o uso consciente de celulares e redes sociais, e o Protocolo Eu Te Vejo, criado no Rio de Janeiro, são exemplos de medidas de proteção.
A juíza ressalta que as plataformas digitais devem ser responsabilizadas. A ausência de mecanismos eficazes de verificação etária e moderação de conteúdo alimenta um ciclo de impunidade e desproteção.
Fonte adaptada: Câmara dos Deputados – Programa Rádio Câmara, episódio 97
Texto 2 — Quais são as ações do governo federal contra crimes digitais envolvendo crianças?
Com o avanço da tecnologia, surgem novas ameaças à infância no ambiente digital. A violência sexual online, o aliciamento, a exposição de imagens íntimas, o cyberbullying e o assédio são alguns dos crimes que afetam diretamente crianças e adolescentes.
Casos recentes, como a denúncia do influenciador Felca sobre adultização infantil nas redes, evidenciam a urgência de medidas públicas eficazes. Diante disso, o governo federal tem articulado iniciativas com foco em três eixos: prevenção, responsabilização e apoio às vítimas.
Entre as ações, destaca-se o Diagnóstico da Violência Sexual Online, realizado pelo Ministério dos Direitos Humanos em parceria com a UFRN e o PNUD. O estudo traz dados inéditos sobre crimes virtuais contra crianças, mapeia padrões de aliciamento e propõe estratégias para escolas, redes de proteção e segurança pública.
Também foi criado o Banco de Boas Práticas no portal ENDICA, com 55 iniciativas replicáveis, como campanhas, protocolos, formações e projetos de mediação escolar.
No campo legal, a Lei nº 14.811/2024 passou a criminalizar o bullying e o cyberbullying como crimes hediondos quando há lesão ou morte. A nova legislação também reforça a proteção de crianças e adolescentes no ECA.
Outra medida estratégica é a criação da DCIBER, diretoria da Polícia Federal especializada em crimes cibernéticos. Desde sua fundação, a DCIBER já coordenou mais de 400 operações, prendeu suspeitos, resgatou vítimas e apreendeu conteúdos ilegais.
Além disso, foi lançado o Guia “Crianças, Adolescentes e Telas”, com orientações para famílias e educadores sobre o uso seguro da tecnologia, mediação parental e prevenção de riscos digitais.
Para denúncias, o Disque 100 segue como canal gratuito e sigiloso, ativo 24h por dia.
Fonte adaptada: Governo federal
Texto 3 — O caso Hytalo Santos e a urgência do combate aos crimes digitais contra crianças
Em agosto de 2025, o influenciador Hytalo Santos foi preso, junto com o marido, acusado de crimes graves envolvendo crianças e adolescentes. Entre as acusações estão tráfico de pessoas, exploração sexual, trabalho infantil artístico e produção de conteúdo sensível com menores.
A prisão aconteceu dias após a denúncia pública feita pelo youtuber Felca, que apontou o uso de adolescentes em conteúdos digitais com teor de sexualização. A denúncia viralizou nas redes sociais e despertou um alerta sobre a exposição de menores no ambiente digital.
As investigações revelaram um possível esquema de benefícios financeiros e materiais a familiares dos menores, como pagamento de escolas, aluguéis e celulares, em troca de participação dos jovens nos vídeos do influenciador. Houve também bloqueios judiciais, mandados de busca e apreensão e ações civis para proteger os menores envolvidos.
O caso escancarou as falhas na regulação das redes sociais e a dificuldade de impedir a exploração de crianças e adolescentes por criadores de conteúdo com grande alcance.
Mais do que uma exceção, esse episódio reflete uma realidade preocupante no Brasil, em que crimes digitais contra crianças ocorrem com frequência e muitas vezes sem a devida punição ou visibilidade.
Fonte adaptada: (G1)

Texto 4 — Denúncias de abuso contra crianças disparam após vídeo viral de influenciador
Após a publicação de um vídeo do influenciador Felca denunciando a exploração sexual de menores nas redes sociais, as denúncias aumentaram drasticamente no Brasil. De acordo com a ONG SaferNet, houve um crescimento de 114% nas notificações de conteúdos ilegais envolvendo crianças e adolescentes em ambiente digital.
Entre os dias 6 e 12 de agosto de 2025, período posterior à publicação do vídeo, o Canal Nacional de Denúncias de Crimes e Violações de Direitos Humanos na Web recebeu 1.651 denúncias únicas — contra 770 no mesmo período do ano anterior.
Segundo a SaferNet, o vídeo, que ultrapassou 38 milhões de visualizações, mobilizou a população brasileira a denunciar casos de abuso e exploração online. Além disso, a ONG alerta para o uso de códigos e plataformas como o Telegram por criminosos para disfarçar e comercializar esse tipo de material.
O presidente da instituição, Thiago Tavares, reforça que há anos o debate sobre crimes digitais contra crianças não ganhava tamanha visibilidade, e destaca que a pressão social pode ter um papel importante na prevenção e combate ao abuso infantil online.
Fonte adaptada: Agência Brasil
Repertórios socioculturais para entender os crimes digitais contra crianças
A seguir, veja repertórios organizados para aprofundar sua compreensão sobre esse grave problema contemporâneo e enriquecer sua redação com argumentos fundamentados.
🎬 Quais filmes e séries ajudam a refletir sobre o tema?
- “O Senhor Estagiário” (2015)
Embora a trama central seja corporativa, o filme aborda com sutileza o etarismo e o uso de tecnologias, podendo ser associado à discussão sobre segurança e responsabilidade digital entre gerações. - “Euphoria” (HBO Max)
Expõe a fragilidade emocional e os riscos enfrentados por adolescentes nas redes sociais, como o vazamento de imagens íntimas, a exposição pública e a pressão estética. - “Nada Ortodoxa” (Netflix)
A protagonista busca liberdade após sofrer abuso psicológico e controle excessivo desde a infância. O enredo toca em temas como autonomia de jovens, proteção e repressão familiar. - “O Dilema das Redes” (Netflix)
Um documentário essencial para entender como as redes sociais influenciam o comportamento, inclusive o de crianças e adolescentes, sendo terreno fértil para abusos, vícios e aliciamento.
📚 Quais livros ajudam a compreender a exploração digital de crianças?
- “Cidadão Digital” (Cristina De Luca e Ronaldo Lemos)
A obra discute cidadania, privacidade e direitos digitais, com foco na proteção de dados, inclusive dos mais jovens. - “A Máquina do Ódio” (Patrícia Campos Mello)
Explora como as plataformas digitais podem ser usadas para manipulação e abuso, incluindo ataques a grupos vulneráveis como crianças e adolescentes.
🧾 Quais legislações tratam da proteção digital de crianças e adolescentes?
- Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) – Lei 8.069/1990
Base da proteção integral à infância, atualizada para incluir crimes digitais, como exposição indevida e aliciamento. - Lei nº 14.811/2024
Tipifica crimes como bullying e cyberbullying como hediondos quando cometidos contra crianças, além de reforçar a responsabilização dos infratores. - Projeto de Lei 3914/2023 – “Lei Larissa Manoela”
Prevê o controle e a transparência sobre o patrimônio de menores que trabalham como influenciadores, evitando abusos de pais e responsáveis.
📅 Quais fatos históricos ajudam a entender a evolução do combate aos crimes digitais?
- Criação da SaferNet Brasil (2005)
ONG pioneira no Brasil na denúncia de crimes digitais. Desde 2005, contribui com o Ministério Público Federal no combate ao abuso online. - Operação Luz na Infância (desde 2017)
Série de operações coordenadas nacionalmente para investigar crimes de abuso sexual infantil online. Exemplo concreto de atuação estatal.
📰 Quais atualidades reforçam a importância desse debate?
- Vídeo viral do influenciador Felca (2025)
Ao denunciar a monetização de vídeos sexualizados com crianças no YouTube, gerou aumento de 114% nas denúncias à SaferNet.
Fonte: Agência Brasil – 15/08/2025 - Uso de códigos como “cp” (child porn) no Telegram
Denunciado no vídeo de Felca, mostra como criminosos usam siglas e emojis para escapar da moderação das plataformas e continuar vendendo material ilegal. - Acordo entre plataformas e o Ministério da Justiça (2023)
Firmado para coibir a exposição sexual de menores online, o pacto visa melhorar os mecanismos de denúncia e rastreabilidade de conteúdos ilegais.
Quais argumentos contribuem para os crimes digitais contra crianças no Brasil??
Argumento 1 — Falta de políticas públicas de educação digital
A ausência de políticas públicas voltadas à formação digital crítica de crianças e adolescentes contribui diretamente para sua vulnerabilidade online. Sem preparo adequado para reconhecer riscos, esses jovens tornam-se alvos fáceis para aliciadores e exploradores que atuam nas redes sociais, aplicativos e plataformas de vídeo.
Repertório que comprova:
Segundo o sociólogo Zygmunt Bauman, a fragilidade das relações e a liquidez dos laços sociais na contemporaneidade tornam os vínculos instáveis — especialmente no meio digital. Isso favorece a manipulação emocional e o isolamento, criando um cenário ideal para abusadores infiltrarem-se no cotidiano infantil.
Solução possível: implementar políticas públicas de alfabetização digital nas escolas e promover campanhas educativas para famílias sobre riscos virtuais.
Argumento 2 — impunidade das plataformas digitais
A falta de regulação eficaz das plataformas digitais contribui para a impunidade de crimes contra crianças. Muitas empresas de tecnologia não monitoram adequadamente os conteúdos publicados e permitem a disseminação de vídeos, imagens e mensagens com conotação sexual, moral ou abusiva envolvendo menores.
Repertório que comprova:
Para o filósofo Byung-Chul Han, as redes sociais funcionam como vitrines de exposição e consumo, onde tudo se torna mercadoria — inclusive a dor. Isso evidencia como a lógica do lucro se sobrepõe à proteção de direitos fundamentais.
Solução possível: regulamentar a atuação de plataformas digitais no Brasil, responsabilizando-as por conteúdos que violem os direitos da criança e do adolescente.
Conclusão
Diante do avanço dos crimes digitais contra crianças, que envolvem desde a exposição moral até casos graves de exploração sexual, é urgente reconhecer os fatores que perpetuam esse cenário no Brasil. A falta de políticas públicas voltadas à educação digital e a impunidade das plataformas digitais são obstáculos concretos à proteção da infância online.
A sociedade precisa agir de forma integrada, exigindo regulação efetiva, educação digital nas escolas e responsabilização de quem lucra com o sofrimento de crianças.
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