Desafios para a implementação da parentalidade positiva no Brasil contemporâneo | Tema de redação

parentalidade positiva

Foi sancionada, em março de 2024, a Lei nº 14.826/24, que estabelece diretrizes para a promoção da parentalidade positiva e reconhece, oficialmente, o direito ao brincar como instrumento fundamental na prevenção à violência contra crianças. O texto legal determina que Estado, família e sociedade devem atuar de forma articulada para garantir uma infância segura, afetiva e protegida.

Mas, diante do cenário atual, surgem perguntas urgentes: como colocar isso em prática? Quais obstáculos ainda existem para a construção de uma educação não violenta no Brasil? E por que esse tema deve ser compreendido como uma pauta prioritária?

Essas questões não são apenas sociais. Elas também são temas potenciais de redação. A parentalidade positiva envolve debates sobre afeto, responsabilidade, educação, violência e direitos da criança, assuntos que dialogam diretamente com os critérios da competência 2 do ENEM e de diversas provas discursivas.

Ao longo deste post, você vai entender o que diz a nova legislação, quais caminhos temáticos podem surgir a partir dela e como se preparar para esse debate com argumentos sólidos, repertórios estratégicos e propostas viáveis.

Proposta de Redação

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Desafios para a implementação da parentalidade positiva no Brasil contemporâneo”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. 

Desse modo, selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa de seu ponto de vista.

Instruções para redação

  1. O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.
  2. O texto definitivo deve ser escrito à tinta preta, na folha própria, em até 30 (trinta) linhas.
  3. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para a contagem de linhas. 
  4. Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:
  • 4.1 tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo consideradas “textos insuficiente”; 
  • 4.2 fugir do tema ou não atender ao tipo dissertativo-argumentativo; 
  • 4.3 apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto;
  •  4.4 apresentar nome, assinatura, rubrica, ou outras formas de identificação no espaço destinado ao texto.

Textos motivadores sobre Parentalidade Positiva

Texto 1 — Lei 14.826/2024: um marco para a infância

Foi sancionada, em março de 2024, a Lei nº 14.826, que reconhece o direito ao brincar e à parentalidade positiva como estratégias para prevenir a violência infantil.

Nesse sentido, o texto reforça que a violência contra crianças e adolescentes é uma violação grave dos direitos humanos, com impactos físicos, mentais e sociais profundos.

Além disso, destaca-se que a parentalidade positiva envolve acolhimento, vínculo afetivo e respeito à autonomia da criança, afastando práticas violentas, autoritárias ou negligentes.

De forma complementar, a nova legislação determina que União, estados e municípios devem criar políticas públicas integradas nas áreas de saúde, educação, cultura, segurança e assistência social.

Com isso, o objetivo é garantir uma infância mais protegida, com estímulo ao desenvolvimento saudável, à comunicação não violenta e à construção de vínculos seguros.

Cabe, portanto, ao Estado, à família e à sociedade promover o cuidado emocional, a supervisão respeitosa e o acesso a espaços de lazer, cultura e educação humanizada.

Além disso, a Lei estabelece que o adulto deve atuar como referência no processo educativo, por meio do diálogo e da escuta ativa, rejeitando tanto a punição quanto a permissividade.

Na prática, a parentalidade positiva também exige condições estruturais adequadas: campanhas educativas, espaços para brincar, acompanhamento psicológico e estímulo ao desenvolvimento neurológico.

Por fim, a norma reforça o que já estava previsto na Constituição, no Estatuto da Criança e do Adolescente e no Marco Legal da Primeira Infância.

Trata-se de um avanço legal que pode inspirar políticas concretas e, mais ainda, gerar debates em vestibulares e concursos sobre os deveres coletivos na formação da infância.

Parentalidade Positiva

Fonte adaptada de GOV

Texto 2 — O que é Parentalidade Positiva? Entenda os benefícios e os desafios da nova lei

No contexto brasileiro, a parentalidade positiva vem ganhando destaque, principalmente após a sanção da Lei nº 14.826/2024, que a reconhece como uma estratégia para combater a violência contra crianças.

De forma objetiva, parentalidade positiva é uma prática que fortalece os laços entre pais e filhos, baseada no respeito, na escuta ativa e no acolhimento emocional.

Nesse modelo educativo, punições severas ou atitudes autoritárias dão lugar ao diálogo, à empatia e à construção de limites coerentes, com afeto e firmeza equilibrados.

Ao adotar essa abordagem, o vínculo familiar se torna mais sólido. Crianças passam a se sentir mais compreendidas, seguras e emocionalmente encorajadas a expressar suas emoções com maturidade.

Entre os principais benefícios, podemos destacar: o estímulo à autonomia, a redução de comportamentos agressivos, o fortalecimento da autoestima e a construção de relações mais cooperativas e confiáveis.

No entanto, é importante reconhecer que essa prática também enfrenta desafios. Muitos pais relatam dificuldades de tempo, paciência e constância na aplicação de métodos mais respeitosos e reflexivos.

Por isso, buscar apoio profissional, consumir conteúdos educativos e integrar redes de acolhimento são estratégias fundamentais para tornar a parentalidade positiva uma realidade possível no dia a dia.

Além disso, é essencial lembrar que essa forma de educar não elimina regras. Ao contrário, ela reforça limites de forma clara e respeitosa, promovendo a cooperação e o desenvolvimento emocional equilibrado.

Adotar essa abordagem é, portanto, um investimento no futuro. Afinal, crianças criadas com empatia e diálogo têm mais chances de se tornarem adultos seguros, críticos e responsáveis.

Fonte adaptada de Fundação Abrinq

Texto 3 — Quais são os principais desafios da parentalidade no Brasil?

Embora a parentalidade positiva tenha se consolidado como um modelo de criação mais empático e eficaz, ainda existem inúmeros desafios que dificultam sua aplicação prática no Brasil.

Antes de mais nada, é importante compreender que esses obstáculos são multifatoriais. Eles envolvem tanto questões culturais quanto estruturais e emocionais. A seguir, conheça os principais:

1. Cultura da culpa

Um dos grandes entraves para a prática da parentalidade positiva é a cultura da culpa, especialmente sobre as mães. Elas frequentemente se sentem insuficientes, acreditando não estar cumprindo adequadamente seu papel.

Isso ocorre porque, mesmo com múltiplos estilos parentais possíveis, ainda há uma pressão social por um padrão de criação “perfeito”, o que desestimula a autonomia dos cuidadores.

2. Excesso de informações desencontradas

Além disso, há um excesso de conteúdos, dicas e relatos sobre como criar filhos. Embora muitos sejam bem-intencionados, a quantidade pode confundir mais do que ajudar.

Esse bombardeio de informações dificulta o desenvolvimento de estratégias próprias e personalizadas, baseadas nas reais necessidades da criança.

3. Dificuldade em conciliar vida pessoal e profissional

Outro desafio cotidiano é equilibrar carreira, autocuidado e a criação dos filhos. Muitos pais se sentem sobrecarregados ao tentar atender todas essas demandas.

Na prática, isso pode gerar sentimentos de abandono em uma das áreas, alimentando o estresse, o cansaço e o sentimento de culpa, o que compromete diretamente a qualidade do vínculo familiar.

4. Investimento na qualidade de vida da criança

Parentalidade não é só suprir o básico. É também garantir bem-estar físico, emocional e cognitivo para o crescimento pleno da criança.

Entretanto, o investimento em qualidade de vida exige recursos financeiros e emocionais que muitas famílias, infelizmente, não conseguem oferecer de forma contínua.

5. Falta de preparo para lidar com imprevistos

Por fim, vale destacar a dificuldade em planejar ou reagir a imprevistos, sejam eles financeiros, de saúde ou emocionais. Muitos cuidadores não se sentem seguros para lidar com crises inesperadas, o que impacta diretamente no desenvolvimento e na estabilidade da criança.

Reconhecer esses desafios é o primeiro passo para superá-los. Mais do que nunca, políticas públicas, redes de apoio e espaços educativos são essenciais para fortalecer a parentalidade positiva no Brasil.

Fonte adaptada de Azos

Texto 4 — Negligência familiar dispara no Brasil e acende alerta sobre abusos na infância

Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado uma preocupante escalada nos casos de negligência familiar. Segundo a ONG Family Talks, especializada na proteção à infância, esse tipo de violação tem crescido de forma alarmante e silenciosa.

Ao contrário de outras formas de violência, a negligência costuma passar despercebida. No entanto, seus efeitos são devastadores. Isso porque ela não se limita à ausência de cuidados físicos, mas abrange também o abandono emocional, a desatenção às necessidades básicas e a falta de supervisão.

De acordo com especialistas, o aumento desse fenômeno está diretamente ligado à falta de apoio estrutural às famílias. Muitas vezes, pais e mães não recebem preparo suficiente para lidar com as múltiplas exigências da criação infantil. Assim, o estresse, a sobrecarga e a falta de recursos acabam gerando lares instáveis e disfuncionais.

Além disso, a desinformação sobre práticas educativas saudáveis contribui para a reprodução de comportamentos tóxicos. Ainda é comum a crença de que “educar com rigidez” é mais eficaz, quando na verdade a parentalidade positiva oferece resultados mais duradouros e afetivos, segundo estudos da área de Psicologia do Desenvolvimento.

O diretor-executivo da Family Talks destaca que prevenir abusos começa pelo fortalecimento das famílias. Isso inclui acesso à informação, apoio psicológico, capacitação parental e políticas públicas voltadas para o acolhimento e a formação cidadã.

Portanto, combater a negligência exige mais do que punir. É necessário educar, apoiar e construir redes que promovam a proteção da infância como prioridade social.

Fonte adaptada de VEJA

Repertórios e fatos culturais para usar em temas sobre parentalidade positiva

Construir uma boa redação exige mais do que argumentos sólidos. É preciso apresentar repertórios socioculturais legitimados, pertinentes e produtivos. A seguir, você encontra sugestões separadas por tipo, todas alinhadas ao tema parentalidade positiva, abordando afeto, proteção, formação cidadã e o direito da criança ao desenvolvimento pleno.

🎬 Filmes sobre parentalidade positiva

🎥 “Os Esquecidos” (The Forgotten, 2004)
Neste suspense psicológico, uma mãe tenta provar que seu filho existiu, mesmo quando todos ao seu redor afirmam o contrário. A obra mostra o quanto o vínculo parental pode ser descredibilizado, gerando sofrimento psicológico. Isso porque traz reflexões sobre a importância do reconhecimento emocional e da validação dos afetos infantis.

🎥 “Capitão Fantástico” (2016)
O filme retrata um pai que cria seus seis filhos fora do sistema tradicional, com foco em princípios, afeto, autonomia e educação crítica. Sem dúvida, a obra propõe debates sobre formas alternativas de educação parental e o papel dos pais na formação ética e emocional dos filhos.

📺 Séries

📺 “This Is Us”
A série acompanha várias gerações de uma família e destaca os desafios emocionais da paternidade e maternidade. Mostra como a escuta ativa, o apoio emocional e o respeito às diferenças são fundamentais na criação de crianças emocionalmente saudáveis.

📺 “Anne with an E”
Apesar de não se basear diretamente em pais biológicos, a série discute relações de afeto, proteção, cuidado e formação ética dentro de famílias adotivas. Aborda temas como trauma infantil, afeto e o papel do acolhimento na construção da autoestima e da identidade.

⚖️ Legislações e documentos oficiais

📜 Lei nº 14.826/2024
Reconhece oficialmente a parentalidade positiva e o direito ao brincar como estratégias fundamentais de prevenção à violência infantil. Dessa forma, a lei reforça que Estado, família e sociedade são responsáveis por garantir o pleno desenvolvimento da criança.

📜 Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, Lei nº 8.069/1990)
Estabelece o direito da criança à proteção integral, ao desenvolvimento saudável e à convivência familiar segura e afetuosa. Base legal essencial para qualquer discussão sobre parentalidade responsável.

📜 Agenda 2030 – ODS 16
O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 16 da ONU propõe paz, justiça e instituições eficazes, incluindo metas de combate à violência infantil, promoção da inclusão social e proteção de grupos vulneráveis.

📚 Livros

📘 “Educar com empatia”, de Elisama Santos
O livro é um guia prático sobre comunicação não violenta na parentalidade. A autora propõe ferramentas para educar com afeto, firmeza e limites respeitosos, ou seja sendo leitura obrigatória para quem deseja compreender a parentalidade positiva no contexto brasileiro.

📘 “Crianças francesas não fazem manha”, de Pamela Druckerman
A autora relata sua experiência criando filhos na França e traz uma visão sobre limites afetivos e disciplina com respeito, pontos centrais da parentalidade positiva. A obra reforça a importância do equilíbrio entre autonomia e orientação.

📖 Fatos históricos

📌 Marco Legal da Primeira Infância (2016)
Estabelece diretrizes para políticas públicas voltadas à formação integral das crianças de 0 a 6 anos, destacando o papel do afeto, da educação e da convivência familiar como fundamentos para o desenvolvimento saudável.

📌 Movimento pela Não Violência Educativa (2005–presente)
Ganhou força no Brasil com campanhas contra castigos físicos e morais. O movimento defende a educação com diálogo, empatia e vínculo seguro, pilares da parentalidade positiva.

🧠 Argumentos para a redação sobre parentalidade positiva

Argumento 1 — Ausência de apoio estrutural às famílias na primeira infância

Causa:
Um dos principais entraves para a consolidação da parentalidade positiva no Brasil é a ausência de políticas públicas estruturadas que apoiem as famílias nos primeiros anos de vida da criança. Muitas vezes, os responsáveis enfrentam jornadas de trabalho extensas, falta de acesso a creches, ausência de programas de orientação parental e insegurança alimentar.

Consequência:
Essa carência compromete diretamente a formação emocional e cognitiva das crianças. Como resultado, observa-se o aumento de violência doméstica, negligência afetiva e abandono psíquico, impactando o desenvolvimento saudável e a construção da autoestima infantil.

Repertório sociocultural:
A psicóloga e educadora argentina Eva Giberti, pioneira no conceito de “parentalidade responsável”, defende que a sociedade deve oferecer apoio concreto e contínuo às famílias, visto que “ninguém nasce sabendo ser pai ou mãe”. Segundo ela, formar pais é, também, formar cidadãos conscientes de seu papel na proteção e desenvolvimento infantil.

Argumento 2 — Normalização da violência na educação dos filhos

Causa:
Outro fator preocupante é a naturalização de práticas violentas na criação de crianças, como castigos físicos, gritos, humilhações e a chamada “educação autoritária”. Tais condutas são muitas vezes vistas como parte “normal” do processo educativo, reproduzidas de geração em geração.

Consequência:
Essa abordagem, além de ineficaz, contribui para a perpetuação de traumas, insegurança emocional e dificuldades de socialização ao longo da vida. A criança criada sob violência dificilmente aprende a dialogar, expressar sentimentos ou estabelecer vínculos saudáveis.

Repertório sociocultural:
A psicanalista Alice Miller, autora do livro “O Drama da Criança Bem Dotada”, alerta que a violência na infância, ainda que disfarçada de correção, gera cicatrizes emocionais profundas. Para ela, a criança submetida a essas práticas acaba silenciando sua identidade em troca de aprovação e obediência cega, o que compromete sua autonomia.

Conclusão

Diante de tudo isso, fica evidente que a parentalidade positiva não é apenas uma nova abordagem educativa, ela representa uma mudança cultural urgente, que visa romper com ciclos de violência e promover vínculos afetivos mais saudáveis. A sanção da Lei 14.826/2024 reforça que essa responsabilidade é compartilhada entre Estado, família e sociedade, e deve ser tratada como prioridade em políticas públicas, ações pedagógicas e formações familiares.

Ao mesmo tempo, o tema amplia o debate sobre os direitos da criança, o papel dos cuidadores e a importância do brincar como ferramenta de desenvolvimento integral. Por isso, entender a parentalidade positiva e saber argumentar sobre ela é um diferencial em redações de concursos, vestibulares e, especialmente, do ENEM.

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Afinal, você não precisa estudar sozinho quando pode evoluir com quem entende do assunto.

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