Por que o Brasil ainda não universalizou o acesso a bibliotecas escolares, mesmo após leis específicas e promessas políticas? A biblioteca é um espaço essencial para o desenvolvimento da leitura, da alfabetização e da cidadania. No entanto, a realidade brasileira revela um cenário marcado por desigualdades estruturais e falta de investimentos. Este post analisa a situação atual e propõe um tema completo para você treinar sua redação.
Proposta de Redação sobre crimes digitais contra crianças no Brasil
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Democratização do acesso a bibliotecas no Brasil”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos.
Desse modo, selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa de seu ponto de vista.
Instruções para redação sobre democratização do acesso a bibliotecas no Brasil
- O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.
- O texto definitivo deve ser escrito à tinta preta, na folha própria, em até 30 (trinta) linhas.
- A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para a contagem de linhas.
- Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:
- 4.1 tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo consideradas “textos insuficiente”;
- 4.2 fugir do tema ou não atender ao tipo dissertativo-argumentativo;
- 4.3 apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto;
- 4.4 apresentar nome, assinatura, rubrica, ou outras formas de identificação no espaço destinado ao texto.
Quais textos motivadores ajudam a refletir sobre democratização do acesso a bibliotecas no Brasil
Texto 1 – Longe da universalização, 63% das escolas brasileiras não têm bibliotecas para formar leitores
Em 2010, foi sancionada a Lei nº 12.244, que determinava que todas as instituições de ensino do país deveriam contar com uma biblioteca até 2020. A meta, porém, não foi alcançada. De acordo com o Censo Escolar de 2024, 114,4 mil escolas brasileiras — o equivalente a 63% das unidades — ainda não possuem bibliotecas.
Na ausência de estrutura adequada, muitas escolas tentam improvisar “salas de leitura”, geralmente precárias e abastecidas por livros doados. Dados oficiais indicam que 47,4% das escolas não possuem nem biblioteca nem sala de leitura. Em regiões como o Distrito Federal, o cenário é crítico: uma escola com mais de 600 crianças atende seus alunos em um espaço pequeno, com estantes quebradas e apenas uma professora responsável pelos dois turnos.
O problema é ainda mais grave na educação infantil. Apenas 32,8% das escolas municipais com ensino infantil possuem bibliotecas, o que compromete iniciativas como o programa federal Criança Alfabetizada, lançado em 2023 para garantir a alfabetização até o 2º ano do ensino fundamental.
Em 2024, o governo atual prorrogou o prazo da universalização para 2028 e instituiu o Sistema Nacional de Bibliotecas Escolares, com previsão de investimentos e incentivos. No entanto, especialistas afirmam que o ritmo atual é insuficiente: seriam necessárias mais de 3.300 bibliotecas construídas por mês até 2028 para atingir a nova meta.
Enquanto isso, cidades como Porto Velho e Manaus seguem com a maioria das escolas sem bibliotecas. Mesmo com o repasse de milhões de livros pelo Ministério da Educação, a ausência de bibliotecários, infraestrutura e políticas contínuas revela uma urgência: democratizar de fato o acesso à leitura.
Fonte adaptada: O Globo – 30/06/2025
TEXTO 2- Quais são os desafios das bibliotecas nos dias de hoje e qual é seu futuro?
Entre 2015 e 2020, o número de bibliotecas públicas no Brasil caiu de 6.057 para 5.293, segundo o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas. No mesmo período, dados do Censo Escolar mostram que apenas 39% das escolas municipais possuem bibliotecas ativas.
Além da falta de estrutura, há também um crescente movimento de desvalorização das bibliotecas. Isso se manifesta tanto na ausência de recursos quanto na censura a livros e autores — como o caso da obra O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório, vetada em ao menos três estados.
Em 2015, uma pesquisa do Instituto Pró-Livro mostrou que apenas 12% dos responsáveis por bibliotecas tinham formação específica na área. Além disso, quase mil municípios brasileiros não possuem nenhuma biblioteca pública, segundo dados do Ministério da Cultura.
Apesar disso, evidências mostram que a presença de bibliotecas nas escolas melhora o desempenho educacional. Um estudo do Instituto Pró-Livro apontou que estudantes com acesso a bibliotecas escolares apresentam avanços de até 1,5 ano em português e matemática.
A falta de recursos tecnológicos também é um entrave. A maioria das bibliotecas não possui site próprio e poucas têm presença ativa nas redes sociais. A pandemia até acelerou alguns investimentos, mas ainda há muito a avançar.
A pesquisa da Associação Americana de Bibliotecas revelou que 54% dos jovens entre 14 e 44 anos visitaram bibliotecas presencialmente no último ano. E mais da metade deles também acessou livros digitais das mesmas instituições.
Fonte adaptada: https://leiaisso.net/wc8xo
Texto 3 — Por que tantas pessoas não frequentam bibliotecas no Brasil?
Um dado da Pesquisa Retratos da Leitura 2024 chama atenção: 75% da população brasileira não frequenta bibliotecas. Entre esses, 39% afirmam que nada os motivaria a ir até uma.
Apesar de serem locais com grande potencial educativo e cultural, apenas 18% das pessoas enxergam as bibliotecas como espaço para empréstimo de livros.
Quem frequenta esses espaços costuma avaliá-los positivamente. No entanto, 38% relatam que não encontram os títulos que procuram.
Além disso, há um impacto social relevante.
A edição de 2024 da pesquisa incluiu, pela primeira vez, dados sobre bibliotecas digitais. Apenas 6% dos frequentadores dizem usá-las. A baixa adesão está ligada à falta de letramento digital.
Segundo a SP Leituras, isso passa por oferecer programações culturais, oficinas, clubes de leitura, internet, jogos e integração com redes sociais. Plataformas como TikTok e booktubers são aliados para reconectar jovens leitores com os livros.
Texto 4 — Por que a gratuidade do acesso aos livros ainda causa estranhamento?

Fonte adaptada: tirinha “Peanuts” (Schulz) e artigo “A função social da biblioteca” — Redalyc.
Repertórios socioculturais para entender a democratização do acesso a bibliotecas no Brasil
A seguir, veja repertórios organizados para aprofundar sua compreensão sobre esse grave problema contemporâneo e enriquecer sua redação com argumentos fundamentados.
Quais repertórios socioculturais usar para o tema da democratização do acesso às bibliotecas?
🎬 Filmes e séries que ajudam a refletir sobre o papel das bibliotecas
- “A Sociedade dos Poetas Mortos” (1989)
Mostra como o acesso à literatura pode transformar o pensamento crítico e a liberdade de expressão dos estudantes, mesmo em contextos escolares conservadores e autoritários. - “Matilda” (1996)
A personagem descobre o mundo através da biblioteca pública da cidade, o que evidencia como esses espaços podem ser refúgios para crianças em ambientes familiares e escolares negligentes. - Série “Anne with an E” (Netflix, 2017–2019)
Retrata a importância da leitura na formação da identidade de Anne, jovem órfã com acesso limitado a livros. O enredo mostra como os livros ampliam sua visão de mundo e fortalecem seu senso de pertencimento e autonomia.
📚 Livros que fortalecem o debate sobre bibliotecas, leitura e educação
- “A Importância do Ato de Ler” – Paulo Freire
Aponta que ler é um ato político e libertador. A ausência de espaços públicos para leitura limita o exercício pleno da cidadania. - “Pedagogia da Autonomia” – Paulo Freire
Reflete sobre a formação crítica por meio do acesso ao conhecimento, o que reforça a necessidade de democratização das bibliotecas como espaços educativos. - “Retratos da Leitura no Brasil” (2024) – Instituto Pró-Livro
Documento técnico que apresenta dados atualizados sobre os hábitos de leitura no país, o imaginário social sobre bibliotecas e os desafios no acesso.
⚖️ Legislações que embasam a importância das bibliotecas públicas e escolares
- Lei n.º 12.244/2010
Estabelece que todas as instituições de ensino do Brasil deveriam possuir uma biblioteca até 2020 — uma meta ainda não cumprida. É base legal para cobrar ações efetivas. - Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL)
Política pública que visa garantir o acesso ao livro, à leitura, à literatura e às bibliotecas em todo o país. - Art. 205 da Constituição Federal de 1988
Afirma que a educação é direito de todos e dever do Estado, devendo ser promovida com igualdade de condições para acesso e permanência na escola.
🕰️ Fatos históricos que ajudam a entender o contexto da exclusão ao conhecimento
- Colonialismo e exclusão educacional
Durante séculos, o acesso à leitura foi restrito às elites letradas. A população negra e indígena foi historicamente afastada das instituições formais de ensino e leitura. - Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo (1967)
Mesmo com tentativas de democratização da educação, o Brasil nunca universalizou o acesso pleno à leitura, o que se reflete na ausência de bibliotecas em muitas escolas. - Revolução Industrial
A ascensão das bibliotecas públicas nos países industrializados serviu como instrumento de educação das massas, evidenciando a leitura como base para o desenvolvimento econômico e social.
📰 Atualidades que podem reforçar sua redação
- Dados do Censo Escolar 2024
Revelam que 63% das escolas públicas no Brasil não possuem bibliotecas, escancarando o descaso com a formação leitora. - Retratos da Leitura no Brasil (2024)
Apenas 18% da população associa a biblioteca ao empréstimo de livros, o que mostra o quanto esses espaços são subutilizados e invisibilizados na sociedade. - Acordos recentes entre MEC e estados
Em 2025, foram anunciadas novas verbas para reestruturação de bibliotecas escolares em regiões de vulnerabilidade, mas com implementação desigual entre estados.
Quais argumentos contribuem para o tema sobre democratização do acesso a bibliotecas no Brasil?
Argumento 1 – A precariedade estrutural impede o pleno acesso às bibliotecas escolares.
Causa:
A maioria das escolas públicas brasileiras não possui bibliotecas estruturadas, com acervo atualizado, mobiliário adequado e equipe qualificada. Segundo o Censo Escolar de 2024, 63% das escolas não contam com esse espaço essencial para a formação leitora.
Consequência:
Essa ausência compromete diretamente a alfabetização, a formação crítica dos estudantes e o estímulo à leitura como prática cotidiana. Sem acesso facilitado aos livros, os alunos enfrentam maiores barreiras para o desenvolvimento do letramento, sobretudo nas regiões mais vulneráveis.
Repertório sociocultural:
O educador Paulo Freire, em A importância do ato de ler, afirma que a leitura do mundo precede a leitura da palavra. Assim, quando o ambiente escolar nega o acesso aos livros, também nega a possibilidade de interpretar criticamente a realidade. A biblioteca, nesse sentido, não é um luxo, mas um direito educativo.
Argumento 2 – O imaginário social sobre bibliotecas contribui para o afastamento da população.
Causa:
Muitas pessoas não veem as bibliotecas como espaços acessíveis, úteis ou acolhedores. De acordo com a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil (2024), apenas 18% dos brasileiros associam a biblioteca ao ato de pegar livros emprestados, revelando uma visão distorcida ou limitada do papel social desses espaços.
Consequência:
Esse distanciamento simbólico dificulta a criação de uma cultura leitora, reforça o desuso das bibliotecas públicas e enfraquece políticas de incentivo à leitura e de valorização da educação literária.
Repertório sociocultural:
A tirinha dos Peanuts, em que as crianças se espantam com a gratuidade das bibliotecas, ironiza justamente essa visão desconfiada. A ideia de que “algo gratuito não deve ser bom” reflete um problema cultural profundo: a baixa valorização dos espaços públicos de saber.
Conclusão
Diante do exposto, é possível perceber que discutir a democratização do acesso às bibliotecas vai muito além de livros e prateleiras. Trata-se de um debate que envolve cidadania, justiça social, combate às desigualdades educacionais e valorização da leitura como ferramenta de transformação. A escassez de bibliotecas em escolas, o desconhecimento sobre suas funções e a ausência de políticas públicas eficazes revelam um cenário preocupante, que precisa ser superado com informação, cobrança e protagonismo juvenil.
Para se destacar nas redações do ENEM e dos vestibulares, é essencial dominar temas como esse, que unem dados concretos, questões estruturais e soluções viáveis. E você não precisa estudar sozinho!
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