As correntes filosóficas são linhas de estudo a respeito do homem e de tudo que está relacionado a ele, tal qual o significado da existência, o modo de agir em sociedade e a maneira de enxergar o mundo, por exemplo.
As dissertações argumentativas exigem uma produção baseada em argumentos de autoridade e fatos concretos, isso porque os temas escolhidos estão inseridos no momento atual, e é preciso que o produtor saiba como relacioná-lo ao presente e a contextos passados.
Para isso, utilizar autores e teorias da filosofia pode te garantir um excelente texto. Algumas importantes temáticas filosóficas podem ser facilmente associadas aos temas propostos pela banca.
Confira algumas possibilidades pertinentes de como e onde acrescentar essas alternativas na produção textual:
1. Teoria Clássica: o pensamento grego
Platão e Aristóteles são os principais filósofos do mundo antigo por terem desenvolvidos conceitos fundamentais à humanidade. Esses conceitos podem ser aplicados a temas vinculados à política, ao conhecimento e à ética. Veja os mais notáveis abaixo:
O mito da caverna platônico: o homem aprisionado
Essa foi a alegoria utilizada por Platão para explicar o homem em uma sociedade que o aprisiona e o impede de ver o mundo a partir de sua própria percepção.
Tendo isso como ponto de partida, é possível criar uma contextualização para diversas temáticas, como o uso das redes sociais que pode prejudicar o usuário de perceber o mundo à sua volta e de distinguir a realidade das narrativas criadas nas redes.
A ética aristotélica: o homem virtuoso
Para Aristóteles, a ética está ligada à virtude como uma prática recorrente, isso influencia diretamente na forma de ação do homem, a qual deve ser guiada pela razão e bons hábitos.
A ética e a virtude aristotélicas podem ser correntes filosóficas empregadas na argumentação a respeito de charlatanismo e estelionato religioso, problemáticas comuns na atualidade.
2. Filosofia medieval: fé e sociedade
Escola do pensamento filosófico cristão, a escolástica buscava conciliar a fé cristã à racionalidade e tem como principais nomes Santo Agostinho de Hipona, para a Patrística, e Tomás de Aquino, para a Escolástica. Neste momento da filosofia, a fé foi encarada junto à razão, provocando a valorização do saber científico.
Patrística: entre o pecado e a liberdade
À procura de compreender a fé divina ao racionalismo, conforme já mencionado, Santo Agostinho explorava temas como a liberdade humana, o pecado e a predominância da alma sobre o corpo.
A corrente filosófica de Santo Agostinho tinha como uma de suas ideias principais o fato de que o indivíduo precisa ter responsabilidade para usar de sua liberdade, assim, para ele, uma não deve caminhar sem a outra.
Dessa forma, essa concepção pode ser citada para dialogar com temas a respeito da liberdade de expressão, como:
Escolástica: os direitos humanos e a desigualdade no Brasil
Tomás de Aquino é uma importante figura deste período filosófico e influenciou teorias do direito porque, segundo o autor, todos os indivíduos têm a mesma importância na sociedade, com os mesmos direitos e deveres.
Consequentemente, a noção acima pode ser usada nas diversas temáticas quanto ao problema da desigualdade social no Brasil e no mundo, bem como no que concerne ao acesso aos direitos humanos. É possível alocá-la tanto na contextualização do tema quanto do argumento.
3. Racionalismo diante à realidade das coisas
Esta visão dentro das correntes filosóficas defende que a realidade só será alcançada a partir da razão. Assim, só é possível ter acesso ao conhecimento verdadeiro e completo rejeitando o sentimento e as sensações. Dois nomes essenciais para essa teoria são Descartes e Espinosa.
René Descartes: a dúvida como a busca pela verdade
É comum o uso da célebre frase “Penso, logo, existo”, do filósofo René Descartes, para ilustrar o pensamento cartesiano, que embasa a teoria da razão humana como uma forma de atingir o conhecimento.
Você pode utilizar a frase e a teoria para enriquecer o seu repertório, principalmente para apresentar o tema. Para isso, é preciso que o tema se encaixe, só não force. A frase é ótima, mas é preciso saber usá-la. Veja um exemplo a seguir:
“De acordo com René Descartes e o pensamento cartesiano, é necessário colocar o pensamento e as coisas em dúvida para conhecer a verdade. No entanto, com a alta propagação de fake news no Brasil, é possível verificar que essa concepção não atinge à realidade brasileira que sequer verifica a veracidade das notícias. […]”
Baruch Espinosa: desenvolvimento humano
Menos conhecido que o anterior, Espinosa destacou que o conhecimento é o meio primordial para o desenvolvimento das habilidades e potencialidades humanas.
Dessa maneira, assuntos correlacionados à educação, como o analfabetismo e dificuldade no acesso às escolas são facilmente associados à noção trabalhada pelo holandês. Ela pode aparecer como forma de contextualização do problema ou comprovação do argumento.
4. Empirismo: a revelação da verdade por meio dos sentidos
Entre as correntes filosóficas, essa é a que está associada aos sentidos como os verdadeiros motivadores da revelação da verdade. Nessa teoria, a razão não é mais um critério fundamental, uma vez que o conhecimento é construído com base na experiência. John Locke e David Hume podem ser empregados com assertividade em seu texto.
John Locke: o rompimento do pacto social
O importante filósofo inglês exerce, até hoje, influência na filosofia moderna e na construção de teorias recentes. Locke acreditava que há uma espécie de pacto social para a construção da sociedade e de fins específicos.
A teoria contratualista é um excelente recurso para a sua redação, pois ela se ajusta em partes distintas dela. Verifique os exemplos a seguir:
David Hume e seu pensamento cético
O escocês David Hume é afamado por seu raciocínio cético sobre a origem e a validade de tudo aquilo que conhecemos, seja ideias, impressões, emoções, sensações, dentre outras. Além disso, para ele, o hábito é princípio essencial para guiar a vida humana.
Essa ideia do hábito enquanto guia é bastante disseminada e pode ser aplicada na introdução, como contextualização de temas diversos, sobretudo àqueles ligados aos comportamentos humanos.
Atente-se ao fato de que ela pode ser usada também como contra-argumento, dado que um hábito pode se tornar um vício e ser, então, prejudicial.
5. Existencialismo: a relação do ser com o existir
Sendo um conjunto de teorias do século XX, o existencialistas presumiam que a essência humana é construída também por meio das experiências no mundo e das escolhas do ser. Diferindo das outras correntes filosóficas que citamos, esta afirma que a vida é elaborada baseada em angústia, na náusea e no absurdo.
Ultimamente essa corrente tem ganhado ainda mais visibilidade devido ao casal Sartre-Beauvoir. Compreenda como aproveitar esse repertório abaixo.
Jean-Paul Sartre e a liberdade humana
Talvez o mais famoso representante dessa linha de pensamento da filosofia, Sartre acreditava que a liberdade movia o ser humano e deveria ser irrestrita.
Devido a isso, as ideias do autor têm potencial para serem integradas a assuntos variados, especialmente como comprovação de argumento.
É viável utilizar a noção central de sua concepção para argumentar a respeito dos problemas do cerceamento da liberdade, tal qual ocorre em regimes autoritaristas, por exemplo, como também sobre os males do isolamento social imposto pela COVID-19 ou até acerca da condição de sofrimento vivida por uma mulher em situação de abuso do seu direito de ir e vir.
Simone de Beauvoir: contemporânea e feminista
Conhecida por ter desenvolvido as bases do pensamento feminista do século passado, a filósofa criticou o pensamento tradicional que se associava ao papel de inferioridade destinado às mulheres. Assim como seu companheiro, Jean-Paul Sartre, a defesa da liberdade é um aspecto fundamental da obra de Simone de Beauvoir.
Temas relacionados à desigualdade de gênero são ótimas oportunidades para inserir a teoria da autora francesa.
Frases como “Ninguém nasce mulher: torna-se mulher” – talvez a mais conhecida – e “Homem é a definição de ser humano e mulher é a definição de fêmea” são possibilidades para incluir na exposição do tema e na apresentação do argumento, respectivamente.
Gostou dos exemplos? Agora que você já conhece algumas das principais correntes filosóficas e formas de utilizá-las em seu texto, é importante colocar o conhecimento em prática para arrasar no ENEM. Que tal tirar um tempinho para produzir uma redação com uma dessas referências?
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