Repertório diferente você encontra sempre no blog do Redação Online. E olha só o que temos pra hoje: uma lista de poesias com versos que darão um toque todo especial na sua argumentação! Então, vamos mostrar quais temas combinam com esses repertórios, para facilitar sua vida.
A maioria dos vestibulandos do Enem decora frases e nomes de livros. Você vai se diferenciar com poesias – e algumas delas você precisa saber para a prova de literatura! Veja só a primeira poesia.
1. “O Bicho” – Manuel Bandeira
Vi ontem um bicho
na imundice do pátio
catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
nem examinava, nem cheirava;
engolia com voracidade
o bicho não era um cão,
não era um gato,
não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Este é um poema que mostra de forma muito comovente sobre a pobreza extrema no país.
O trecho
“Quando achava alguma coisa,
nem examinava, nem cheirava;
engolia com voracidade”
é bem impactante…
O detalhe é que Manuel Bandeira o escreveu em 1947! Por isso, vários versos provam que essa situação é crônica no Brasil.
2. “Que país é esse?” – Renato Russo
Nas favelas, no Senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a Constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
No Amazonas, no Araguaia iá, iá,
Na Baixada Fluminense
Mato Grosso, nas Gerais e no
Nordeste tudo em paz
Na morte eu descanso, mas o
Sangue anda solto
Manchando os papéis, documentos fiéis
Ao descanso do patrão
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
Terceiro mundo, se for
Piada no exterior
Mas o Brasil vai ficar rico
Vamos faturar um milhão
Quando vendermos todas as almas
Dos nossos índios num leilão
(…)
Um clássico de nossa MPB, que também é um poema perfeito para redações que falam de desrespeito a direitos básicos do cidadão; ou então do comportamento de “tirar vantagem em tudo”, que ainda persiste.
Nós sugerimos que você não use o verso “Que país é esse?”, porque ele já foi muito usado em redações. Um verso que diz muito é
“Ninguém respeita a Constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação”
3. “O Navio Negreiro” – Castro Alves
(…)
Era um sonho dantesco… O tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros… estalar do açoite…
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar…
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras, moças… mas nuas, espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura… se é verdade
Tanto horror perante os céus…
Ó mar! por que não apagas
Co’a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?…
Astros! noite! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!…
Olha só o Castro Alves, aqui, com seu mais famoso poema, então para temas que tratam das consequências da escravidão (que perduram até hoje). Este trecho está cheio de repertório.
Ele descreve a situação num navio negreiro, que apavora o poeta Castro Alves.
Este verso é bem forte:
“Se é loucura… se é verdade
Tanto horror perante os céus…”
4. “Os meus livros” – Jorge Luis Borges
Os meus livros (que não sabem que existo)
São uma parte de mim, como este rosto
De têmporas e olhos já cinzentos
Que em vão vou procurando nos espelhos
E que percorro com a minha mão côncava.
Não sem alguma lógica amargura
Entendo que as palavras essenciais,
As que me exprimem, estarão nessas folhas
Que não sabem quem sou, não nas que escrevo.
Mais vale assim. As vozes desses mortos
Dir-me-ão para sempre.
Que poema lindo e cheio de repertório para uma redação sobre a importância de desenvolver o hábito de ler, não é? Jorge Luis Borges foi um conhecido poeta argentino.
Difícil escolher o melhor verso… este é fácil de decorar:
“As vozes desses mortos
Dir-me-ão para sempre.”
5. “Educação Indígena” – Márcia Wayna Kambeba
(…)
Se hoje no século XXI
Tens a mata e a biodiversidade,
Nesse verde eu cresci
E conheci sua bondade,
Partilhar água e sombra,
Sem ver nisso tanta maldade.
Mas logo veio o “outro”,
E mostrou-me com sua maldade,
A importância da escrita
E vi nela uma necessidade,
Fui estudar na escola do branco
Para entender sua realidade.
Compreendi que a cultura é um rio
Corre manso para os braços do mar,
Assim não existem fronteiras
Para aprender, lutar e caminhar
A autora desta poesia é uma indígena do Amazonas. Note que o poema é mais longo, mas este trecho você pode usar tranquilamente em assuntos relacionados aos indígenas, ou à própria Floresta Amazônica.
Ele também vai bem em redações sobre a escolaridade dos indígenas.
6. ”Com licença poética” – Adélia Prado
Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável.
Percebeu que este poema é inspirado no “Poema de Sete Faces”, de Carlos Drummond de Andrade?! Mas o assunto aqui é como a poetisa vê o fato de ser mulher. Se a forma como ela pensa a participação da mulher na sociedade é igual à sua, escolha um verso!
Nós ficamos com este:
“Mulher é desdobrável.”
É curto e tem um sentido profundo.
Decore alguns versos dessas poesias para refletir e usar na redação! Não custa nada e dá para usar em vários temas como repertório no Enem!
E não deixe para enviar sua redação para correção em cima da hora, hein!?