O avanço das redes sociais transformou profundamente a forma como os indivíduos se informam, se relacionam e constroem percepções sobre o mundo. Nos últimos anos, porém, esse ambiente digital passou a ser marcado por um fenômeno preocupante: a “isca de raiva”, estratégia utilizada para provocar indignação e estimular engajamento rápido por meio de conteúdos provocativos, distorcidos ou emocionalmente carregados. O aumento expressivo desse tipo de publicação tem contribuído para a intensificação de conflitos online, a deterioração do diálogo público e o agravamento de problemas de saúde mental, especialmente entre jovens e adultos hiperconectados.
Diante desse cenário, analisar os impactos socioemocionais e comportamentais da “isca de raiva” torna-se fundamental para compreender os desafios contemporâneos ligados à tecnologia, à desinformação e ao bem-estar psicológico. Por isso, o tema tem sido amplamente discutido por educadores, pesquisadores e avaliadores, configurando-se como uma possibilidade concreta para ENEM, vestibulares e concursos que exploram questões atuais da cultura digital.
Textos motivadores sobre o tema “isca de raiva”
Texto I – O que significa “isca de raiva” nas redes sociais?
O termo “isca de raiva” (rage bait) foi eleito como expressão do ano pela Oxford University Press, após registrar uma alta expressiva no uso ao longo dos últimos meses. A expressão descreve táticas manipuladoras que buscam provocar irritação, indignação ou frustração no usuário para aumentar engajamento, tráfego e alcance de publicações.
Segundo o dicionário, esse tipo de conteúdo é produzido deliberadamente para despertar emoções negativas, funcionando como uma evolução do clickbait. Enquanto o clickbait atrai pela curiosidade, a isca de raiva tem como objetivo direto provocar reações emocionais intensas, fazendo com que o público interaja mais.
A escolha do termo reflete o clima emocional das discussões digitais de 2025 e se conecta ao aumento da exaustão mental, da polarização e do consumo acelerado de conteúdos provocativos nas redes sociais. Especialistas apontam que, mesmo sem perceber, a maioria dos usuários já foi alvo desse tipo de manipulação emocional enquanto rolava o feed.
Fonte adaptada:g1
Texto 2 – Como o “rage bait” influencia emoções e polarização nas redes sociais?
O dicionário de Oxford escolheu rage bait como palavra do ano de 2025. O termo descreve conteúdos digitais criados para provocar irritação e gerar alto engajamento nas redes sociais. Publicações provocativas despertam emoções fortes e são impulsionadas pelos algoritmos, que priorizam aquilo que captura mais atenção.
Segundo a psicóloga Leihge Roselle, o cérebro humano tem tendência a prestar mais atenção a estímulos que provocam alerta ou ruptura de padrão. Essa inclinação favorece a difusão de conteúdos que despertam raiva, medo ou indignação, o que explica a velocidade com que esses materiais se espalham.
O fenômeno se conecta também ao aumento das relações parasociais. O dicionário de Cambridge escolheu “parassocial” como palavra do ano. O termo descreve vínculos emocionais que indivíduos formam com figuras públicas mesmo sem contato real. A rotina de influenciadores nas redes desenvolve sensação de convivência e cria uma blindagem moral em torno dessas figuras, dificultando o pensamento crítico.
Pesquisadores afirmam que o rage bait contribui para um ambiente digital mais tóxico. Segundo Marie Santini, professora da UFRJ, a indignação online é usada como estratégia de monetização e não promove avanços coletivos. Algoritmos reforçam esse ciclo ao recomendar conteúdos semelhantes sempre que percebem aumento do engajamento.
Esse cenário amplia a polarização e reduz o espaço para debates racionais. A exposição constante ao rage bait intensifica emoções viscerais, produz ressentimento e dificulta o encontro de informações que contrariem as crenças dos usuários.
Fonte: Adaptado de Poder360
Texto 3 – Como a ciberpsicologia explica os efeitos do rage bait na saúde mental dos usuários?
A sensação de indignação ao navegar pelas redes é cada vez mais comum. Esse fenômeno é explicado pelo rage bait. O termo descreve conteúdos produzidos para provocar irritação e gerar engajamento emocional. Na ciberpsicologia, o rage bait revela como os algoritmos priorizam emoções intensas para manter o usuário conectado.
O rage bait assume diversos formatos. Pode aparecer em opiniões extremas, manchetes sensacionalistas, ataques a grupos sociais ou vídeos editados para destacar trechos polêmicos. Mesmo quando a intenção é criticar o conteúdo, cada reação fortalece o seu alcance. O algoritmo interpreta comentários e curtidas como sinais de relevância.
A exposição frequente a esse tipo de conteúdo afeta a saúde mental. A ativação constante do sistema de ameaça aumenta a ansiedade. O viés de negatividade faz com que estímulos provocativos capturem mais atenção. O cérebro reage como se estivesse diante de um risco real.
Pesquisadores destacam que o consumo repetido desses gatilhos aumenta irritabilidade, reforça polarizações e alimenta a sensação de impotência. A pessoa passa mais tempo em alerta, desenvolve pensamentos automáticos distorcidos e interpreta situações de forma catastrófica. Essas respostas emocionais tendem a se intensificar com o uso contínuo.
A psicologia observa que o rage bait pode estimular padrões como catastrofização, generalização e leitura mental. Esses processos cognitivos fortalecem a emoção de raiva. Técnicas de reestruturação cognitiva ajudam o indivíduo a questionar interpretações precipitadas e a reduzir o impacto emocional dessas interações.
Estratégias práticas podem minimizar o efeito do rage bait. Entre elas estão a pausa consciente antes de reagir, o controle de exposição, a seleção de conteúdos mais saudáveis e a compreensão do funcionamento dos algoritmos. Essas medidas reduzem o ciclo de engajamento emocional.
A ciberpsicologia aponta ainda que o problema é estrutural. O modelo de negócios das plataformas se baseia em atenção contínua. Enquanto isso permanecer, o rage bait terá vantagem. A discussão sobre educação digital, políticas públicas e regulação das plataformas é essencial para reduzir danos coletivos.
Fonte: Adaptado de Psicoterapia e Afins. Disponível em:https://www.psicoterapiaeafins.com.br/2025/08/26/raiva-nas-redes-sociais-algoritmos-saude-mental/
Texto 4 – Por que o termo “rage bait” foi escolhido como palavra do ano pelo Oxford Dictionary?
O Oxford University Press escolheu rage bait como a Palavra do Ano de 2025. O termo indica conteúdos criados deliberadamente para provocar irritação e aumentar o engajamento nas plataformas digitais. Essas publicações despertam emoções fortes e são impulsionadas por algoritmos que priorizam reações intensas.

Fonte: Adaptado de O Globo.
Quais repertórios socioculturais ajudam a explicar o fenômeno da isca de raiva?
A seguir, estão repertórios socioculturais detalhados, contextualizados e aplicáveis diretamente à argumentação em temas relacionados à manipulação emocional, algoritmos e saúde mental no ambiente digital.
1. Filmes
O Dilema das Redes (2020) – Documentário
O documentário expõe ex-funcionários do Vale do Silício revelando como os algoritmos são desenhados para explorar emoções humanas. Um dos pontos centrais é que emoções negativas, especialmente indignação, geram mais tempo de tela e mais lucro para as plataformas.
Aplicação na redação:
Conforme mostra O Dilema das Redes, o design algorítmico prioriza reações intensas e reforça ciclos de comportamento, intensificando a exposição a conteúdos que despertam raiva — exatamente o mecanismo do rage bait.
Privacidade Hackeada (2019) – Documentário
Relata o escândalo da Cambridge Analytica e demonstra como emoções negativas foram usadas para direcionar propaganda política e manipular percepções públicas.
Aplicação:
Mostra como conteúdos emocionalmente carregados moldam decisões coletivas e reforçam polarizações, alinhando-se ao uso político do rage bait.
Rede de Ódio (2020) – Filme Ficção
A obra acompanha um jovem que usa fake news, discursos de ódio e polêmicas fabricadas para ganhar engajamento.
Aplicação:
Excelente para discutir a dimensão ética das iscas digitais e como indignação pode ser convertida em capital político e financeiro.
2. Série
Black Mirror
Episódios como Nosedive, Hated in the Nation e Smithereens abordam manipulação algorítmica, emoções amplificadas e dependência comportamental.
Aplicação:
A série oferece metáforas diretas sobre como sentimentos humanos — especialmente negativos — são transformados em produtos dentro de plataformas digitais.
3. Livros
Vigilância Líquida – Bauman & Lyon
Discute como a vigilância contemporânea é fluida, constante e econômica. Usuários são monitorados emocionalmente.
Aplicação:
“O rage bait se insere na lógica da vigilância líquida, em que emoções são rastreadas, monetizadas e direcionadas para maximizar engajamento.”
A Sociedade da Transparência – Byung-Chul Han
Aborda hiperexposição, excesso de estímulos e o colapso da profundidade emocional.
Aplicação:
Ajuda a explicar por que a busca incessante por visibilidade digital incentiva criação e consumo de conteúdos provocativos.
Psicopolítica – Byung-Chul Han
Trata da manipulação emocional como tecnologia de poder.
Aplicação:
Mostra como o rage bait pode ser entendido como ferramenta psicopolítica: usa emoções para dirigir comportamentos e opiniões.
A Era do Capitalismo de Vigilância – Shoshana Zuboff
Analisa como gigantes da tecnologia transformam comportamentos em lucro.
Aplicação:
Explica diretamente a lógica econômica que sustenta a existência das iscas de raiva: elas geram dados, engajamento e receita.
4. Autores e teorias
Zygmunt Bauman – Modernidade líquida
Destaca relações frágeis, imediatismo e vínculos instáveis.
Aplicação:
Demonstra por que emoções explosivas têm tanto espaço nas redes: a liquidez favorece respostas impulsivas.
Byung-Chul Han – Sociedade do Cansaço
Analisa o esgotamento emocional na cultura da performance.
Aplicação:
Mostra como a saturação emocional causada por iscas digitais contribui para ansiedade e irritabilidade.
Marshall McLuhan – “O meio é a mensagem”
Discute como as plataformas moldam comportamentos.
Aplicação:
Indica que a estrutura das redes — baseada em engajamento — é responsável pela amplificação do rage bait.
Pierre Lévy – Cibercultura
Explica novos modos de interação digital e inteligência coletiva.
Aplicação:
Permite discutir como conteúdos de indignação circulam e impactam percepções coletivas.
5. Dados e pesquisas
Oxford University Press (2025)
Reporta aumento de 300% no uso do termo “rage bait”.
Aplicação:
Mostra relevância contemporânea e crescimento da preocupação social com o fenômeno.
MIT (2018)
Fake news propagam-se 70% mais rápido que notícias verdadeiras.
Aplicação:
Demonstra que conteúdos chocantes e indignantes ganham alcance orgânico maior.
OMS (2023–2025)
Relatórios mostram aumento de ansiedade relacionado ao consumo constante de conteúdos negativos.
Aplicação:
Base forte para discutir efeitos psicológicos das iscas digitais.
Estudos de ciberpsicologia
Revelam que o cérebro humano reage mais intensamente à indignação do que a estímulos neutros.
Aplicação:
Fundamenta a eficácia psicológica do rage bait.
Relatórios de engajamento das plataformas
Posts polêmicos têm até três vezes mais interações do que os neutros.
Aplicação:
Prova empírica da recompensa algorítmica dada à raiva.
6. Leis, políticas e debates públicos
Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014)
Define princípios da internet no Brasil e aborda responsabilidade sobre conteúdo.
Aplicação:
Útil para discutir limites éticos e jurídicos da manipulação emocional.
LGPD (Lei 13.709/2018)
Protege dados pessoais, incluindo inferências emocionais.
Aplicação:
Conecta-se à discussão sobre uso indevido de dados para fabricar conteúdos provocativos.
PL 2630/2020 – PL das Fake News
Debate regulamentação das plataformas e transparência algorítmica.
Aplicação:
Permite argumentar sobre políticas públicas para combater a manipulação emocional.
Debates sobre regulação algorítmica (2023–2025)
Incluem propostas de responsabilização das plataformas pela amplificação de conteúdos nocivos.
Aplicação:
Mostra contexto atual e relevância do tema para políticas públicas e concursos.
7. Atualidades essenciais
Palavra do Ano Oxford 2025: “Rage Bait”
Mostra que o fenômeno ganhou reconhecimento global.
Aumento da polarização digital (2022–2025)
Casos envolvendo influenciadores, política e celebridades reforçam a cultura da indignação.
Quais argumentos podem ser usados sobre a influência das iscas digitais nas interações sociais e na saúde mental?
Argumento 1 — A lógica algorítmica que transforma a raiva em engajamento
Causa:
Inicialmente, as plataformas digitais passaram a priorizar conteúdos que geram reações rápidas, e a raiva tornou-se uma das emoções mais exploradas. Como consequência desse modelo econômico, o algoritmo impulsiona postagens polêmicas porque entende que elas mantêm o usuário conectado por mais tempo.
Conectivo: Dessa forma, o usuário é exposto a um fluxo constante de estímulos negativos, que moldam sua experiência digital e influenciam suas interações cotidianas.
Conseqüência:
O aumento da irritabilidade, a redução da qualidade do diálogo e o crescimento de conflitos online são efeitos diretos dessa dinâmica, que transforma a emoção humana em uma ferramenta de retenção e lucro.
Repertório que comprova:
Conforme apresenta o documentário O Dilema das Redes, conteúdos que despertam indignação geram métricas mais altas de permanência, o que leva as plataformas a amplificarem esse tipo de publicação.
Possível solução:
Uma alternativa envolve ampliar práticas de educação digital, com foco em leitura crítica, reconhecimento de manipulação emocional e compreensão do funcionamento dos algoritmos, reduzindo a vulnerabilidade dos usuários.
Argumento 2 — O impacto psicológico do rage bait e sua relação com a polarização social
Causa:
De início, a exposição contínua a conteúdos provocativos ativa o sistema de alerta do cérebro, pois emoções negativas têm maior impacto cognitivo do que estímulos neutros, segundo estudos de ciberpsicologia.
Conectivo: Assim, a repetição desse padrão emocional afeta não apenas o indivíduo, mas também o clima social dentro das plataformas.
Consequência:
Aumento de ansiedade, irritabilidade, desgaste emocional e intensificação da polarização são efeitos recorrentes, dificultando diálogos construtivos e ampliando a sensação de conflito permanente.
Repertório que comprova:
Byung-Chul Han, em A Sociedade do Cansaço, explica que o excesso de estímulos digitais gera sobrecarga psíquica e reduz a capacidade de reflexão, contribuindo para ambientes digitais emocionalmente saturados.
Possível solução:
Uma saída envolve incentivar ambientes digitais mais equilibrados, com filtros de moderação, estímulo a interações respeitosas e campanhas que promovam bem-estar digital.
Conclusão – como o fenômeno da isca de raiva revela novos desafios para a saúde mental e para o uso consciente das redes sociais?
Em síntese, o fenômeno da “isca de raiva” evidencia como a dinâmica das plataformas digitais, orientada pelo modelo de economia da atenção, pode transformar emoções humanas em combustível para engajamento. Como vimos ao longo do texto, a combinação entre algoritmos que priorizam estímulos intensos e a alta exposição dos usuários a conteúdos provocativos gera impactos significativos tanto na saúde mental quanto na qualidade das interações sociais.
Além disso, o debate revela a necessidade de compreender que a raiva digital não é fruto apenas das escolhas individuais, mas de um sistema que reorganiza comportamentos, amplia polarizações e favorece práticas de manipulação emocional. Por isso, discutir educação digital, regulação algorítmica e estratégias de bem-estar online torna-se essencial para mitigar os efeitos desse cenário e promover um uso mais consciente das redes.
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