Vazamento Enem 2025: a edição de 2025 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tornou-se, rapidamente, uma das mais polêmicas da última década. Após a divulgação de que algumas questões da prova já haviam aparecido em lives, mentorias e grupos de WhatsApp comandados pelo universitário de Medicina Edcley Teixeira, estudantes de todo o país passaram a questionar a segurança da avaliação.
O cenário evoluiu para a anulação de três itens da prova, o acionamento da Polícia Federal, a revelação de outras questões semelhantes às exibidas meses antes e declarações oficiais do Inep tentando conter a crise.
Diante de tantas informações divergentes e uma enxurrada de dúvidas, este blog post reúne tudo, absolutamente tudo, que se sabe até agora: quem é Edcley, o que são pré-testes, o que é o Prêmio Capes, se houve vazamento, por que questões foram anuladas, se o Enem pode ser cancelado, e qual foi o posicionamento final do Inep.
O início da polêmica: questões divulgadas antes da prova (Vazamento Enem 2025)
A polêmica começou quando reportagens de O Globo, CNN Brasil, UOL e TV Globo revelaram que Edcley Teixeira havia divulgado, dias antes do Enem 2025, questões extremamente semelhantes, em alguns casos idênticas, às aplicadas na avaliação oficial.
Segundo O Globo, Edcley chegou a apresentar exercícios em uma live realizada cinco dias antes da prova, com estrutura, valores numéricos e respostas iguais às do Enem.
Entre as questões mencionadas estavam:
• uma questão sobre fotossíntese oxigênica, cuja resposta era “água”;
• um item sobre parcelamento de R$ 60 mil em seis vezes, com o mesmo enunciado;
• exercícios de probabilidade, incluindo uma pergunta em que a resposta era 125/216, idêntica ao gabarito oficial;
• um item de química envolvendo solução a 99,95% de água, cuja resposta também coincidiu com a da prova: 5 ml.
Essas informações reforçaram a suspeita de que Edcley teria tido acesso antecipado aos itens — suspeita intensificada quando prints de WhatsApp mostraram que ele havia publicado essas perguntas oito meses antes da aplicação, em março de 2025.
O que diz o Inep sobre a anulação das três questões do Enem 2025?
O Inep publicou, no dia 18 de novembro de 2025, uma nota oficial para esclarecer a anulação de três questões da prova e reforçar que a lisura do exame foi preservada. No comunicado, a autarquia afirmou que mantém a isonomia, a validade das provas e o equilíbrio da Teoria de Resposta ao Item (TRI), a metodologia responsável pela correção técnica do Enem.
Segundo o texto, as anulações ocorreram após a equipe técnica identificar relatos de antecipação de questões similares às aplicadas no exame. Ao analisar as circunstâncias, a comissão responsável pela montagem da prova concluiu que três itens deveriam ser retirados para evitar qualquer dúvida sobre a imparcialidade dos resultados.
Mesmo com a repercussão, o Instituto reforçou que nenhuma questão vazou literalmente, e que o que se observou nas redes foram apenas “similaridades pontuais”. A nota também destacou que o Enem adota rigorosos protocolos de segurança em todas as etapas.
Além disso, o Inep confirmou ter acionado a Polícia Federal para investigar a divulgação indevida das questões e apurar possíveis irregularidades, como quebra de confidencialidade ou má-fé na exposição de itens sigilosos.
O comunicado acrescenta, ainda, que a utilização de pré-testes faz parte do processo natural da TRI e que estudantes que participam dessas aplicações podem, eventualmente, ter contato com itens que venham a compor o banco de questões do Enem em edições futuras—o que não configura, por si só, fraude.
👉 Confira aqui o pronunciamento completo do Inep:
https://www.gov.br/inep/pt-br/centrais-de-conteudo/noticias/enem/enem-2025-tera-tres-questoes-anuladas
Quem é Edcley Teixeira e qual sua relação com o “Vazamento Enem 2025”?
Edcley é um estudante de Medicina do Ceará que, segundo reportagens da CNN Brasil e Fantástico, atuava informalmente como “mentor” de estudantes. Ele mantinha grupos de WhatsApp com centenas de alunos, disponibilizava materiais, resolvia exercícios e frequentemente se apresentava como alguém capaz de “prever” questões do Enem.
A investigação jornalística revelou que Edcley:
• pagava estudantes para memorizarem itens de provas consideradas pré-testes;
• organizava esses relatos para formar um banco próprio de questões;
• utilizava esse material em aulas, mentorias e encontros on-line;
• chegou a divulgar algumas dessas questões publicamente.
Ele reconheceu ao Fantástico que pagou participantes de pré-testes, afirmando valores a partir de R$ 10 por questão memorizada. Porém, negou qualquer intenção de fraude, alegando que não havia sigilo, edital ou termo de confidencialidade.
As três questões anuladas: o que elas tinham de especial?
Vazamento Enem 2025: o Inep anulou três itens, dois de Ciências da Natureza e um de Matemática, após constatar que eram praticamente idênticos às questões divulgadas por Edcley, especialmente na live realizada poucos dias antes da prova.
Esses três casos eram, segundo a autarquia, exemplos claros de similaridade estrutural direta, justificando a anulação.
As outras questões semelhantes não foram canceladas.
Se havia outras questões parecidas, por que o Inep não anulou mais itens?
Essa é uma das perguntas mais feitas por estudantes e o Inep respondeu oficialmente à CNN Brasil:
“A eventual memorização parcial e aleatória entre as milhares de questões pré-testadas não compromete a integridade do exame.”
Segundo o Instituto, questões semelhantes podem surgir porque fazem parte do processo de pré-testagem, e apenas itens cuja semelhança é evidente e comprovável devem ser anulados. O presidente do Inep, Manuel Palácios, reforçou isso em entrevista ao Jornal Nacional:
“Nenhum resultado da prova será afetado. Não há injustiça.”
E ao Fantástico:
“Não há qualquer risco técnico de fraude.”
Em outras palavras: a TRI absorve inconsistências, e a anulação de três itens não compromete o resultado geral.
O que é pré-teste? Por que isso importa no caso?
O Enem utiliza a TRI (Teoria de Resposta ao Item).
Para que a TRI funcione, as questões precisam ser pré-testadas, ou seja, aplicadas antes em grupos pequenos para medir dificuldade, calibrar valores e ajustar padrões.
Esses pré-testes:
• são reais;
• acontecem com estudantes do 3º ano do Ensino Médio;
• não entregam o conteúdo depois da prova;
• servem como “ensaio” das questões.
A memorização desses itens é rara, mas possível. E, segundo especialistas, memorização não equivale a fraude, porque não há garantia de que a questão aparecerá no Enem, embora tenha acontecido neste caso.
O que é o Prêmio Capes Talento Universitário? Ele tem ligação com o Enem?
Sim e este foi o ponto central das reportagens.
O Prêmio Capes Talento Universitário, uma prova aplicada pelo MEC a universitários, funciona como laboratório de validação de itens.
O Inep confirmou ao Fantástico e à CNN Brasil que essa avaliação pode testar questões que eventualmente aparecem no Enem.
Edcley participou dessa prova e declarou que percebeu muitos padrões similares — o que o motivou a tentar memorizar itens.
Foto: Reprodução / Estadão
Houve vazamento Enem 2025 confirmado?
Até agora, a resposta oficial é: não.
O Inep afirma que houve similaridades pontuais, mas não um vazamento sistematizado ou intencional.
A PF, por sua vez, declarou que não comenta investigações em andamento.
Não existe, até o momento, comprovação pública de fraude estruturada.
Enem 2025 corre risco de ser anulado?
De forma categórica: não.
O ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou:
“O Enem é um patrimônio do Brasil. O exame continua.”
Gabaritos já foram divulgados, e o resultado sairá em janeiro de 2026.
Não há nenhuma indicação, técnica ou jurídica, de cancelamento total da prova.
Reprodução | Redes Sociais
O que resta agora?
O caso segue sendo investigado pela Polícia Federal, principalmente para verificar se houve:
• quebra de sigilo;
• má-fé;
• compartilhamento indevido de conteúdos pré-testados.
Enquanto isso, o Inep reforça que a anulação de três questões é suficiente para preservar a lisura da prova.
Especialistas, como a ex-presidente do Inep, Maria Helena Castro, defendem a ampliação do Banco Nacional de Itens para evitar repetições e dependência de pré-testes.
Conclusão
Por fim, o caso Edcley expôs uma fragilidade conhecida do Enem: a necessidade constante de pré-testes e o tamanho reduzido do Banco Nacional de Itens.
A investigação policial continua, mas, até o momento, não existe qualquer evidência que comprometa o Enem como um todo.
A maior repercussão do caso, por enquanto, é a discussão sobre reformas no processo de construção do exame e na transparência das etapas de pré-testagem.
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