De acordo com pesquisa da Ipsos (2025), cerca de 58% dos brasileiros afirmam já ter ouvido falar sobre as canetas emagrecedoras, como Ozempic, Wegovy e Mounjaro — número acima da média global, de 36%. Embora esses medicamentos sejam originalmente indicados para o controle da glicose em pessoas com diabetes tipo 2 e para o tratamento da obesidade, seu uso vem se popularizando entre pessoas saudáveis em busca de emagrecimento rápido.
Esse crescimento é impulsionado, sobretudo, pela influência das redes sociais, onde celebridades e influenciadores exibem resultados instantâneos, muitas vezes sem acompanhamento médico. Entretanto, o uso indevido dessas substâncias pode causar efeitos colaterais graves, como enjoo, perda de massa muscular, deficiência nutricional e dependência psicológica.
Diante disso, a discussão sobre o uso das canetas emagrecedoras ultrapassa o campo individual e se transforma em um problema de saúde pública, que exige educação em saúde, regulação estatal e conscientização sobre os riscos da medicalização da estética.
Proposta de Redação sobre Canetas emagrecedoras
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “O papel da agricultura familiar na promoção da alimentação saudável nas escolas públicas brasileiras”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos.
Desse modo, selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa de seu ponto de vista.
Instruções para redação sobre Canetas emagrecedoras
O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.
O texto definitivo deve ser escrito à tinta preta, na folha própria, em até 30 (trinta) linhas.
A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para a contagem de linhas.
Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:
- 4.1 tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo consideradas “textos insuficiente”;
- 4.2 fugir do tema ou não atender ao tipo dissertativo-argumentativo;
- 4.3 apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto;
- 4.4 apresentar nome, assinatura, rubrica, ou outras formas de identificação no espaço destinado ao texto.
Textos motivadores para o tema: Canetas emagrecedoras — os riscos do uso indiscriminado de medicamentos para emagrecimento no Brasil
TEXTO I — O alerta sobre o uso indevido de canetas emagrecedoras
De acordo com pesquisa divulgada pela Ipsos (2025), 58% dos brasileiros afirmam já ter ouvido falar sobre as canetas emagrecedoras, como Ozempic, Wegovy e Mounjaro — índice bem superior à média global, de 36%. Esses medicamentos, originalmente indicados para controle de glicose em pacientes com diabetes tipo 2 e redução de peso em pessoas com obesidade, passaram a ser amplamente utilizados para fins estéticos.
A popularização do uso das canetas emagrecedoras está fortemente associada à influência das redes sociais, onde personalidades e influenciadores divulgam seus resultados, nem sempre acompanhados por profissionais de saúde. No entanto, especialistas alertam que o consumo sem orientação médica pode causar efeitos adversos graves, como enjoo, perda de massa muscular, deficiência nutricional e até problemas hormonais.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reforçou recentemente a necessidade de controle rigoroso, exigindo a retenção da receita médica para a compra dos medicamentos. Ainda assim, o uso indevido continua crescendo, impulsionado pelo desejo de alcançar padrões corporais impostos socialmente.
Nesse contexto, a discussão sobre as canetas emagrecedoras levanta questionamentos sobre saúde pública, ética médica e responsabilidade social, temas cada vez mais urgentes em uma sociedade marcada pela busca incessante pelo corpo ideal.
Fonte: Adaptado de G1 — Ipsos: 58% dos brasileiros ouviram falar sobre canetas emagrecedoras; média global é de 36% (2025).
Disponível em: g1.globo.com.
TEXTO II — Popularização das canetas emagrecedoras acende alerta sobre riscos à saúde
O crescimento do uso das chamadas canetas emagrecedoras, como Mounjaro e Ozempic, tem despertado atenção de médicos e autoridades de saúde em todo o país. Embora sejam aprovadas pela Anvisa para o tratamento da obesidade, do sobrepeso com comorbidades e do diabetes tipo 2, o uso indevido dessas substâncias se expandiu, impulsionado pela influência de celebridades e influenciadores digitais.
Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a prescrição desses medicamentos mais que dobrou nos últimos dois anos, revelando um crescimento que nem sempre está associado à melhoria no cuidado médico, mas à busca por soluções rápidas diante de um problema multifatorial.
De acordo com a endocrinologista Dra. Patrícia Zach, do Hospital Dia Campo Limpo (CEJAM/SMS-SP), a tirzepatida, princípio ativo do Mounjaro, atua em receptores hormonais que ajudam no controle da glicemia e no aumento da saciedade. Apesar dos benefícios clínicos, o uso sem orientação pode gerar efeitos adversos como náuseas, vômitos, constipação, dor de cabeça, reações alérgicas e risco de pancreatite, além do perigoso efeito sanfona, especialmente quando não há acompanhamento nutricional e psicológico.
A médica ressalta ainda que não existe tratamento milagroso e que cada caso deve ser avaliado individualmente, com apoio multidisciplinar. “As alternativas para o emagrecimento que devem ser priorizadas são as mudanças no estilo de vida, com incentivo à prática de atividades físicas e alimentação equilibrada”, afirma.
Além disso, a especialista defende a criação de políticas públicas de prevenção à obesidade, com foco na redução do preço de alimentos saudáveis e maior taxação de produtos ultraprocessados, como já ocorre em países como o México. Assim, a luta contra o avanço da obesidade precisa envolver educação alimentar, empatia e combate à desinformação, e não apenas a medicalização.
Fonte: Adaptado de CEJAM – Popularização das canetas emagrecedoras acende alerta sobre riscos à saúde (2025).
Disponível em: cejam.org.br
TEXTO III — Especialistas alertam para riscos do uso indiscriminado de canetas para emagrecer
O uso de medicamentos como Ozempic e similares, desenvolvidos originalmente para o tratamento de diabetes tipo 2 e obesidade, vem crescendo no Brasil de forma alarmante. O problema é que, cada vez mais, essas substâncias têm sido utilizadas de maneira indiscriminada e sem prescrição médica, motivadas pela busca estética e pelo culto ao corpo magro.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO), Bruno Halpern, há uma perigosa confusão entre “tratamento da obesidade” e “desejo social de emagrecer”. O especialista ressalta que os medicamentos devem ser destinados a pacientes com doenças crônicas e não a pessoas saudáveis que desejam perder alguns quilos rapidamente.
Durante um debate realizado na Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados, alertou-se que a venda dos remédios tem se expandido até mesmo sem controle de receita, em farmácias de manipulação e sites da internet, o que eleva os riscos de pancreatite, reações alérgicas e falsificações perigosas. A pesquisadora Tamires Capello, da USP, destacou que houve um crescimento de 663% nas vendas em seis anos, ultrapassando a marca de R$ 3 bilhões apenas com a semaglutida (substância presente no Ozempic) em 2024.
Embora o medicamento seja considerado seguro quando prescrito corretamente, especialistas reforçam que o uso racional e supervisionado é indispensável. Segundo Raphael Parente, representante do Conselho Federal de Medicina (CFM), esses fármacos são de uso contínuo e prolongado, e o abandono do tratamento pode causar efeito rebote, levando à recuperação do peso perdido.
Diante desse cenário, cresce o debate sobre a necessidade de políticas públicas que regulamentem a prescrição e o controle de medicamentos voltados à estética, além da aprovação do Projeto de Lei nº 2115/2024, que prevê a obrigatoriedade da retenção da receita médica para a compra dessas substâncias.
A banalização do uso dessas “canetas milagrosas” evidencia um problema mais profundo: a pressão estética e a medicalização da aparência, temas que envolvem tanto a saúde física quanto a saúde mental da população.
Fonte: Adaptado de Agência Câmara de Notícias — Especialistas alertam para riscos de uso indiscriminado de caneta para emagrecer (2024).
Disponível em: camara.leg.br
TEXTO IV — A crítica social presente na charge sobre as “canetas emagrecedoras”
A charge publicada no perfil do artista @sari_charges no Instagram (2025) apresenta uma crítica irônica à banalização do termo “canetas emagrecedoras” e, sobretudo, à desigualdade de oportunidades profissionais no Brasil.
Na imagem, um escritor oferece canetas comuns para venda, afirmando ser “escritor no Brasil”, enquanto um possível comprador, surpreso, observa que o objeto é apenas uma caneta esferográfica. O humor surge justamente da associação simbólica entre a caneta, instrumento de escrita e criação, e o produto farmacêutico que promete emagrecimento rápido, refletindo a falta de valorização da arte e do trabalho intelectual frente ao consumo superficial e às modas estéticas.
Desse modo, a charge evidencia a crise de valores culturais e o impacto do consumismo na identidade profissional, ao mesmo tempo em que ironiza o crescimento desmedido da procura por soluções “milagrosas” para problemas complexos, como a obesidade.
Assim, o autor utiliza o humor como ferramenta de crítica social, convidando o leitor a refletir sobre como o imediatismo e a cultura do corpo perfeito podem esvaziar o sentido de outras profissões e áreas do conhecimento, como a literatura e a ciência.
Fonte: Charge de Sari (2025), publicada no perfil @sari_charges.
Repertórios socioculturais para usar no tema sobre Canetas emagrecedoras
1. Quais obras literárias ajudam a refletir sobre o culto ao corpo e a pressão estética?
📘 “Ensaio sobre a cegueira” – José Saramago
Na obra, Saramago critica o comportamento coletivo e a perda da consciência ética em meio à desumanização. Pode ser usado como analogia à cegueira social diante das pressões estéticas e da medicalização do corpo, mostrando como a sociedade, em busca de padrões, deixa de enxergar os riscos reais à saúde.
📘 “O retrato de Dorian Gray” – Oscar Wilde
O protagonista busca manter uma aparência jovem e perfeita a qualquer custo, mesmo sacrificando sua humanidade. O livro simboliza a busca obsessiva pela beleza — assim como o uso das “canetas emagrecedoras” — e pode fundamentar o argumento sobre os perigos da vaidade extrema e da mercantilização do corpo.
2. Quais filmes e produções audiovisuais abordam a pressão estética e a medicalização do corpo?
🎬 “O diabo veste Prada” (2006)
O filme expõe a indústria da moda e o culto à magreza, mostrando como o padrão de beleza pode afetar o psicológico e as relações sociais. Pode ser usado para discutir a influência da mídia e das redes sociais na banalização do emagrecimento como meta estética.
🎬 “Girlboss” (Netflix, 2017) e “Black Mirror – Nosedive” (2016)
Ambas as produções refletem o impacto das redes sociais sobre a autoimagem e o comportamento humano. O episódio “Nosedive”, em especial, mostra como a busca pela aprovação social pode gerar sofrimento e dependência emocional — tal qual o uso de medicamentos sem acompanhamento médico para atender a padrões virtuais.
3. Quais leis e políticas públicas podem fundamentar a argumentação sobre regulação e saúde?
⚖️ Lei nº 9.782/1999 — Cria a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e regula o controle e a fiscalização de medicamentos no Brasil. Pode ser mencionada para defender a importância da regulação estatal sobre o uso e a venda de substâncias controladas, como as canetas emagrecedoras.
⚖️ Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) — Prevê ações de promoção da alimentação adequada e saudável, contrapondo o avanço da medicalização da obesidade e reforçando a necessidade de políticas preventivas baseadas em hábitos saudáveis.
⚖️ Projeto de Lei nº 2115/2024 — Em tramitação na Câmara dos Deputados, propõe a retenção obrigatória da receita médica na compra de medicamentos para emagrecimento. Pode embasar a proposta de intervenção na conclusão.
4. Quais fatos históricos e sociais evidenciam a influência do padrão corporal na sociedade?
📅 A ditadura da magreza nos anos 1990 e 2000 — O auge da cultura “zero gordura” e das dietas extremas consolidou o ideal de corpo magro como sinônimo de sucesso, impulsionando a indústria estética e farmacêutica. Esse contexto pode ser relacionado à atual popularização das canetas emagrecedoras, que repetem o mesmo ciclo de idealização e risco.
📅 A era digital e os filtros de imagem — Com a ascensão do Instagram e do TikTok, a exposição constante à estética “perfeita” intensificou distúrbios alimentares e a busca por soluções médicas para o corpo ideal, o que explica o aumento do consumo de medicamentos sem prescrição.
📅 Crescimento de transtornos alimentares — Dados da OMS (2023) indicam aumento global de casos de anorexia e bulimia entre jovens, o que reforça a urgência de políticas de educação em saúde mental e corporal.
5. Quais pensadores e teorias dialogam com o tema?
🧠 Zygmunt Bauman – Em “Vida para Consumo”, o sociólogo polonês explica que, na modernidade líquida, o corpo tornou-se uma mercadoria a ser exibida e aperfeiçoada constantemente. Pode ser usado para discutir a transformação do corpo em produto e a superficialidade das relações sociais ligadas à aparência.
🧠 Susan Sontag – Em “A doença como metáfora”, a filósofa analisa como a sociedade atribui valores morais à saúde e à aparência física, fazendo com que o corpo perfeito seja visto como símbolo de sucesso. Esse pensamento se relaciona à estigmatização da obesidade e à pressão estética que motiva o uso das canetas.
🧠 Pierre Bourdieu – Em “A distinção”, o sociólogo francês demonstra que as práticas corporais e estéticas refletem formas de capital simbólico, ou seja, o corpo magro passa a representar status social.
6. Quais repertórios culturais contemporâneos reforçam o debate?
🎵 Música “Pretty Hurts” – Beyoncé (2013)
A canção denuncia a busca exaustiva pela beleza e o sofrimento psicológico causado pela pressão estética. Pode ser utilizada para introduzir o argumento sobre a dor invisível por trás da aparência idealizada.
📖 Movimentos como “Body Positive” e “Saúde em Todas as Tamanhos”
Defendem a aceitação corporal e o enfrentamento ao padrão estético excludente, podendo ser aplicados como contraponto ético e social na conclusão da redação.
Argumentos para usar no tema sobre Canetas emagrecedoras
Argumento 1 — A pressão estética e o culto ao corpo impulsionam o uso irresponsável de medicamentos
Causa:
O avanço das redes sociais e da cultura da imagem consolidou um ideal de beleza baseado em magreza e juventude, transformando o corpo em um símbolo de status e sucesso. Nesse contexto, cresce o número de pessoas que recorrem às canetas emagrecedoras sem acompanhamento médico, acreditando em promessas de resultados imediatos.
Consequência:
Esse comportamento gera riscos à saúde física e mental, como distúrbios alimentares, dependência medicamentosa e agravamento da gordofobia social. Além disso, perpetua a ideia de que o valor individual está ligado à aparência, e não à saúde integral ou ao bem-estar.
Grupo atingido:
Mulheres jovens e adultos em busca de aceitação social são os grupos mais vulneráveis, especialmente em ambientes digitais que reforçam padrões corporais inatingíveis.
Repertório aplicado:
O sociólogo Zygmunt Bauman, em “Vida para Consumo”, afirma que o corpo se tornou uma “mercadoria de exibição”, moldada para atender à lógica de consumo e aprovação social. Essa reflexão explica por que o uso dessas substâncias é impulsionado mais pela pressão estética do que por necessidades médicas.
Argumento 2 — A medicalização da vida e a falta de políticas públicas ampliam os riscos à saúde coletiva
Causa:
A ausência de políticas eficazes de educação alimentar e prevenção da obesidade faz com que a população busque soluções rápidas, baseadas em medicamentos de uso controlado. Além disso, a venda irregular e a publicidade nas redes sociais tornam o acesso às canetas mais fácil e perigoso.
Consequência:
O resultado é o aumento de casos de automedicação, efeitos colaterais graves (como pancreatite e deficiências nutricionais) e o fortalecimento da ideia de que é possível “tratar o corpo” sem mudar hábitos. Essa tendência reforça a desigualdade no acesso à saúde e sobrecarrega o sistema público.
Grupo atingido:
Pacientes com obesidade, transtornos alimentares ou baixa renda — que buscam alternativas de emagrecimento sem acompanhamento profissional — são os mais afetados por essa falta de controle e orientação médica.
Repertório aplicado:
A filósofa Susan Sontag, em “A Doença como Metáfora”, analisa como a sociedade cria julgamentos morais em torno da saúde e da aparência. No caso das canetas emagrecedoras, o corpo gordo é visto como falha moral, o que estimula o uso de fármacos em nome da “correção estética”.
Conclusão
Em síntese, a discussão sobre o uso indiscriminado das “canetas emagrecedoras” evidencia um problema que ultrapassa o campo da saúde: trata-se de uma questão social e ética que envolve a pressão estética, o consumismo e a falta de políticas públicas efetivas de prevenção. É fundamental compreender que emagrecer com saúde requer acompanhamento profissional, informação de qualidade e responsabilidade social, e não soluções imediatistas que colocam vidas em risco.
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