Como a linguagem simples pode ampliar o acesso à informação no Brasil? | Tema de redação

Linguagem simples

 A linguagem simples se tornou obrigatória em todo o país após a sanção da Lei 15.263/2025, que exige comunicação clara nos órgãos públicos. Essa mudança impacta diretamente o acesso à informação, a transparência do Estado e a participação social. Para quem se prepara para ENEM, vestibulares e concursos, compreender como a linguagem simples reduz barreiras burocráticas e torna os serviços públicos mais compreensíveis é essencial. 

Assim, antes de analisar os desafios dessa política, é preciso entender o que ela determina.

Textos motivadores que ajudam a compreender a temática sobre a linguagem simples

Texto I — Conceito e contexto

A Lei 15.263, sancionada em novembro de 2025, torna obrigatória a Linguagem Simples em todas as comunicações de órgãos públicos federais, estaduais, distritais e municipais. Segundo a norma, Linguagem Simples é o conjunto de técnicas que garante que qualquer cidadão consiga encontrar, compreender e utilizar informações oficiais com facilidade.

A política busca reduzir a dependência de intermediários, diminuir custos administrativos e agilizar o atendimento público. Além disso, pretende ampliar a transparência, fortalecer o acesso à informação e facilitar a participação social, especialmente de pessoas com deficiência. Para isso, a lei determina o uso de frases curtas, vocabulário acessível, listas, tabelas, linguagem inclusiva e formatos adequados para comunidades indígenas quando necessário.

A legislação é resultado do PL 6.256/2019 e reforça o compromisso estatal com a democratização da comunicação pública.

Fonte adaptada — Agência Senado

Texto II — Comunicação pública e organização da informação (ANA)

A Agência Nacional de Águas (ANA) afirma que a linguagem simples faz parte do compromisso institucional de comunicar de forma clara, acessível e transparente. A iniciativa busca traduzir a linguagem burocrática típica da administração pública, tornando informações técnicas compreensíveis para todos os cidadãos.

Segundo a ANA, a linguagem simples é ao mesmo tempo uma técnica e uma causa social. Ela defende que o acesso aos serviços públicos e o entendimento dos direitos só ocorrem quando a comunicação é objetiva, direta e inclusiva. A agência também destaca que a prática fortalece a cidadania, facilita o acesso à informação e melhora a relação entre Estado e população.

Fonte adaptada — Agência Nacional de Águas (ANA)

Texto III — Transparência e acessibilidade na comunicação pública (IKHON)

A linguagem simples é considerada essencial para a gestão pública porque torna informações oficiais mais claras, acessíveis e transparentes. Segundo especialistas, esse modelo de comunicação facilita o acesso do cidadão aos seus direitos e aos serviços públicos.

A técnica envolve organizar ideias de forma objetiva, empática e adequada ao público-alvo. Ela também promove acessibilidade, permitindo que idosos, pessoas com deficiência e grupos com dificuldade de leitura compreendam informações essenciais.

O texto em linguagem simples não é necessariamente informal. Ele pode ser formal, desde que utilize frases curtas, vocabulário comum e organização clara das informações. Técnicas como uso de listas, ordem direta e explicação de termos técnicos ampliam a compreensão.

Especialistas afirmam que essa abordagem fortalece a participação popular, melhora a transparência governamental e contribui para a democratização da informação.

Fonte adaptada — Ikhon

Texto IV — Transparência regulatória e participação social (ANTT)

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) afirma que a Política Nacional de Linguagem Simples consolida práticas já adotadas pela instituição. A agência utiliza comunicação clara para aproximar o cidadão das decisões regulatórias.

Segundo a ANTT, diretrizes como frases curtas, padronização visual, explicação de termos técnicos e organização lógica das informações tornam o processo regulatório mais acessível. A Resolução 6.020/2023 já incorporava esses princípios em audiências, consultas e reuniões participativas.

A linguagem simples também orienta o ParticipANTT, plataforma digital de participação social da agência. O sistema foi criado para facilitar o acesso às informações de transporte e mobilidade.

Para a ANTT, a clareza das informações amplia a participação popular e fortalece políticas públicas mais eficazes. A agência reforça que continuará aprimorando documentos e canais digitais para garantir transparência ativa e comunicação acessível a todos os usuários.

Fonte adaptada — ANTT

Texto V — Charge e crítica ao excesso de linguagem técnica

A charge apresenta um cliente utilizando expressões jurídicas complexas para pedir um simples pão na padaria. Termos como data venia e fumus boni iuris criam uma situação absurda, destacando a distância entre a linguagem comum e o “juridiquês”.

O padeiro, confuso, responde que tudo isso foi dito apenas para pedir pão de trigo. A imagem critica o uso excessivo de jargões profissionais, que dificultam a comunicação e afastam as pessoas da compreensão básica.

A charge reforça a importância da linguagem simples como ferramenta para garantir clareza, acessibilidade e comunicação eficaz,  especialmente quando se trata de serviços públicos ou interações cotidianas.

Fonte: Charge de comunicação pública 

Repertórios socioculturais para usar sobre o tema “Como a Linguagem Simples pode ampliar o acesso à informação no Brasil?”

A seguir, você encontra repertórios de livros, legislação, filmes, séries, pesquisas, atualidades e charges que podem fundamentar argumentos sobre linguagem simples, transparência pública e acesso à informação.

1. Livros e obras teóricas

• Paulo Freire — “Extensão ou Comunicação?” (1971)

Freire critica a comunicação autoritária e defende uma comunicação dialógica, baseada na clareza e na participação.
Relação com o tema: A linguagem simples aproxima o cidadão do Estado, facilitando o diálogo e reduzindo desigualdades informacionais.

• Pierre Bourdieu — “O Poder Simbólico”

Bourdieu explica como a linguagem pode reforçar desigualdades de poder.
Relação: O uso de jargões técnicos pelo Estado exclui pessoas com menos escolaridade, reforçando a concentração simbólica do poder.

• Antônio Fausto Neto — Estudos sobre comunicação pública

O autor analisa mediações entre Estado e sociedade.
Relação: A linguagem simples atua como mecanismo de mediação que reduz ruídos comunicacionais.

2. Legislações e documentos públicos

• Lei 15.263/2025 — Política Nacional de Linguagem Simples

Torna obrigatória a comunicação clara em todos os órgãos públicos do Brasil.
Aplicação: Repertório perfeito para fundamentar propostas e argumentos.

• Lei de Acesso à Informação (LAI — Lei 12.527/2011)

Garante transparência ativa e passiva.
Relação: A linguagem simples é instrumento para concretizar a LAI.

• Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015)

Prevê acessibilidade comunicacional.
Relação: A linguagem simples fortalece a inclusão de grupos com barreiras de leitura.

3. Filmes e séries

• “Nise: O Coração da Loucura” (2015)

O filme mostra como a comunicação acessível e humanizada pode transformar relações institucionais.
Relação: Fala de comunicação que considera o outro, fundamento central da linguagem simples.

• “O Menino que Descobriu o Vento” (Netflix)

Narrativa sobre como conhecimento acessível muda vidas.
Relação: A informação só é direito quando pode ser compreendida.

• “Tempos Modernos” (Chaplin)

Mostra a alienação gerada pelo sistema burocrático.
Relação: Linguagem técnica demais gera distanciamento e desinformação.

Argumentos que ajudam a montar a redação sobre linguagem simples

Argumento 1 — A falta de clareza exclui cidadãos do acesso a direitos

Causa:
Grande parte dos documentos públicos ainda utiliza jargões técnicos, frases longas e estruturas burocráticas que dificultam a compreensão.

Conseqüência:
A comunicação pouco acessível impede que a população entenda serviços essenciais, reduz a autonomia do cidadão e aumenta as desigualdades informacionais.

Grupo atingido:
Pessoas com baixa escolaridade, idosos, pessoas com deficiência e comunidades que já enfrentam barreiras históricas de leitura e interpretação.

Repertório que comprova:
O sociólogo Pierre Bourdieu, em O Poder Simbólico, explica que a linguagem pode funcionar como instrumento de dominação quando não é igualmente acessível. Assim, textos excessivamente técnicos reforçam a exclusão social.

Argumento 2 — A linguagem difícil prejudica a transparência e a confiança nas instituições

Causa:
Órgãos públicos ainda mantêm práticas de escrita que dificultam a leitura, como uso de termos estrangeiros, estruturas densas e falta de organização lógica.

Conseqüência:
A população não acompanha de forma clara decisões governamentais e passa a desconfiar das instituições, reduzindo a participação social e o controle democrático.

Grupo atingido:
Usuários de serviços públicos, beneficiários de políticas sociais, comunidades vulneráveis e cidadãos que dependem de informações simples para acessar direitos.

Repertório que comprova:
Paulo Freire
, em Extensão ou Comunicação?, afirma que não existe comunicação verdadeira sem compreensão mútua. Quando o Estado não se comunica de forma clara, rompe-se o diálogo com a sociedade.

Conclusão

Diante do exposto, percebe-se que a Linguagem Simples é um instrumento essencial para democratizar o acesso à informação no Brasil. Além de reduzir barreiras históricas na comunicação entre Estado e sociedade, a prática fortalece a transparência pública, amplia a participação social e garante que grupos vulneráveis compreendam seus direitos e possam acessar serviços essenciais. Como mostrado nos argumentos, tanto a desigualdade simbólica denunciada por Bourdieu quanto a necessidade de diálogo proposta por Paulo Freire evidenciam que comunicar de forma clara é uma questão de justiça informacional e cidadania. Assim, para consolidar essa política, é fundamental que órgãos públicos adotem padrões acessíveis, treinem seus servidores e utilizem a linguagem como ponte, não como barreira, entre governo e população.
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