Combate ao uso indiscriminado das tecnologias digitais de informação por crianças
Na série de animação "Big Mouth'', o personagem adolescente Nick se torna viciado no smartphone e muda seu comportamento, se afastando dos amigos e até dos próprios pais. Em consonância com a realidade de Nick, está a de muitas crianças brasileiras, tendo em vista que, a maior parte delas já nascem inseridas no mundo digital. Por isso, urge a necessidade de discutirmos como o uso indiscriminado das tecnologias digitais de informação por crianças, pode afetar sua saúde e expor elas a conteúdos danosos que influenciam seu comportamento de maneira negativa.
Primariamente, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde é o estado completo de bem-estar físico, mental e social e não somente a ausência de doença. Por essa perspectiva, o Estado tem falhado com as crianças, já que não existe nenhuma medida protetiva ou ação que informe sobre os danos causados pelo uso excessivo das tecnologias digitais. Dessa maneira, parte da população deixa de possuir informações, o que resulta em jovens cada vez mais viciados em redes sociais ou jogos de videogames, por exemplo. Um estudo realizado pela Universidade de Campinas mostra que 66,6% das pessoas entre 8 e 12 anos são sedentárias, o que pode causar hipertensão, diabetes, distúrbios de sono, depressão e outros graves danos. Portanto, fica claro que o uso exagerado de eletrônicos altera a qualidade de vida dos indivíduos.
Outrossim, é importante apontar como a internet facilita que conteúdos sexuais e violentos cheguem às crianças. Estando em contato com aparelhos digitais sem monitoramento, as crianças podem facilmente navegar por conteúdos inadequados para sua idade. Segundo John Locke, crianças são como tábulas rasas, nascem como uma folha em branco e aprendem a viver em cada experiência. Por esse viés, a exposição a conteúdos impróprios pode gerar consequências para toda vida, além de normalizar comportamentos perigosos. Por isso, o acesso irrestrito pode não só traumatizar a criança, mas também gerar mudanças em como ela vivencia o mundo.
Portanto, faz-se imprescindível que o Ministério da Educação atue nas escolas de ensino básico, por meio de palestras de conscientização e debates acerca do tema com pais e alunos e também desenvolvam atividades e torneios específicos para cada idade, como jogos de futebol e vôlei, com a finalidade de incentivar a prática de exercícios físicos e a interação fora das telas. Somente assim, poderemos combater o uso indiscriminado de tecnologias da informação por crianças e evitar que se torne um vício destrutivo, como o de Nick.