No filme "Escritores da Liberdade", a professora novata Erin Gruwell se depara com grandes empecilhos que vão contra sua paixão por lecionar. Nesse contexto, as condições injustas de trabalho e a falta de apoio advinda da própria sociedade evidenciam a negligência para com a profissão de educador. Fora da ficção, infelizmente, o cenário não é diferente, uma vez que o país tupiniquim sequer toma medidas para amenizar os desafios de seus docentes.
Em primeira análise, é importante destacar que, como maiores veiculadores de conhecimento, os educadores têm um papel fundamental no corpo social, tendo em vista que a educação é a arma mais poderosa na mudança do mundo, como afirmou o ex-presidente sul-africano Nelson Mandela. Contudo, o Brasil não retribui à altura o serviço prestado pela população formadora. Segundo uma pesquisa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a nação brasileira oferece um dos piores salários para pedagogos no mundo, fulgurando um descaso com o qual o próprio Estado é conivente, posto que não aumenta o piso salarial da profissão.
Por conseguinte, presencia-se uma massiva desvalorização ao trabalho duro dos professores por parte da população. Tal fato é perceptível a partir das notas de corte em grandes vestibulares ao redor do país, dado que o desinteresse por cursos de licenciatura aumenta com o passar dos anos, ao passo que cursos como Medicina, Direito e Engenharia são cada vez mais concorridos, já que parecem ter um retorno financeiro mais alto. Logo, não é incomum ver o desencorajamento ao estudo para ser professor, seguido do desmérito abundante em relação ao ofício citado.
Portanto, com o objetivo de valorizar os docentes brasileiros e manter casos como o de Erin Gruwell apenas na ficção, faz-se imprescindível que medidas sejam tomadas. Para isso, urge que o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, em conjunto com o Ministério da Educação, trace um plano de ação coerente para aumentar o piso salarial gradualmente, levando em conta fatores como horas de trabalho e anos de experiência, além de abrir novos concursos públicos com vagas de docentes fixos, a fim de gerar um cenário mais atrativo para novos professores em potencial. Desse modo, será possível valorizar a imagem dos lecionadores e minimizar os desafios que enfrentam na contemporaneidade.