Na obra “Utopia”, do autor inglês Thomas More, é retratada uma sociedade na qual o corpo social padroniza-se pela ausência de problemas e conflitos. No entanto, o que se observa na realidade contemporânea é o oposto do que o autor prega, uma vez que a escassez de importância dada aos estímulos na primeira infância no Brasil apresenta barreiras, as quais dificultam a concretização dos planos de More. Esse cenário antagônico é fruto tanto da inércia estatal quanto da ínfima educação sobre o assunto. Nesse sentido, urge analisar a omissão estatal como um dos causadores do problema. Partindo desse pressuposto, o pensador Thomas Hobbes defende que o Estado é responsável por garantir o bem-estar social. Entretanto, essa assertiva é deturpada na prática, pois órgãos governamentais não propõem medidas efetivas no tocante à formação de profissionais capacitados para ajudar na primeira infância, como a dispersão de centros de treinamento dessa modalidade por todo o território. Desse modo, a supracitada negligência governamental acarreta a continuidade do cenário caótico nacional. Outrossim, destaca-se a escassez de educação acerca da pauta como impulsionador do impasse. Sob esse espectro, o educador Paulo Freire pondera que se a educação não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda. Analogamente a isso, a máxima do sociólogo aplica-se à situação hodierna nacional, visto que a perpetuação do imbróglio explica-se pela carência de ensinamentos que fomentem a ciência, por parte do indivíduo, sobre a importância da prática de estímulos eficazes e corretos durante o período de maturação infantil e seus benefícios. Por conseguinte, a referida inópia educacional produz, lastimosamente, como consequência, indivíduos alheios a práticas fundamentais de desenvolvimento da criança. Destarte, medidas são necessárias a fim de mitigar a escassez de importância dada aos estímulos na primeira infância. Dessa forma, o Ministério da Economia - responsável pela questão econômica nacional -, por meio de verbas governamentais, deve instituir, de modo democrático pelo espaço nacional, cursos que profissionalizem pessoas a exercerem o labor de estimular crianças na primeira infância, com o fito de desprender o tecido social brasileiro de certas amarras. Além disso, o Governo - como instância máxima da sociedade -, por intermédio de montantes regenciais, deverá incluir, em espaços públicos, palestras que destaquem a magnificência de processos estimulantes durante a primeira infância, além de incitar que o processo deve ser feito de modo correto e eficaz, com o objetivo de construir uma sociedade instruída. Se postas tais soluções em prática, a coletividade alcançará a Utopia de More.