A Constituição da República, documento jurídico mais importante do país, prevê a igualdade de todos. Entretanto, tal pressuposto não tem se refletido, na prática, haja vista a persistência da opressão contra os idosos no Brasil. Diante disso, faz-se inescusável a análise dos fatores que reforçam a problemática: a lógica capitalista, em consonância com a ineficiência estatal.
Em uma primeira observação, devem-se ponderar as dinâmicas impostas pelo Capitalismo à sociedade contemporânea. Nesse âmbito, na Grécia Antiga, as pessoas da terceira idade gozavam de um lugar de privilégios na vida pública, em decorrência da sabedoria acumulada. No entanto, distante dessa cultura, está o tratamento de pessoas em idade avançada no Brasil, tendo em vista que, logo após a Revolução Industrial, com a ascensão do modo de produção acumulativo, o cidadão passou a ser valorizado pela sua capacidade de produção, tornando obsoleto quem, por alguma limitação, não pode contribuir com a realidade do mercado. Dessarte, configura-se um nefasto cenário de segregação, em que as pessoas mais velhas, por não estarem aptas ao modelo econômico vigente, são constantemente afastadas da vida pública.
Ademais, é preponderante apontar a incapacidade do Estado para elaborar uma estratégia de conflito eficaz frente ao exposto. Nesse contexto, à guisa do pensamento do filósofo Jhon Locke, a sociedade vive em um "Contrato Social" que estipula direitos e deveres aos cidadãos. Contudo, mesmo com o Estatuto do Idoso estipulando a garantia da liberdade, vida e dignidade, pouco as instituições estatais têm acrescentado na luta contra o preconceito associado a essa parcela da sociedade. Dessa forma, o contrato entre os cidadãos e o governo não é respeitado, privando os habitantes brasileiros na terceira idade de seus direitos. Consequentemente, o corpo social sente-se livre para julgar, não respeitar e e segregar os anciãos em território nacional.
Depreende-se, portanto, a imprescindibilidade de se combater esses obstáculos. Para isso, é dever do Estado, por intermédio do Poder Legislativo, a criação de leis de cotas de funcionários idosos contratados nas empresas brasileiras, a fim de reduzir o sentimento de invalidez e não pertencimento dessas pessoas na vida público. Paralelo a isso, é função do Ministério da Educação, em parceria com escolas, a criação e divulgação de materiais didáticos que alertem a população dos prejuízos impostos aos cidadãos mais velhos pelo preconceito social. Assim, o Brasil estará mais afastado da desigualdade de tratamento, por conseguinte, mais feliz e inclusivo.