Tema: Os pilares da violência infantil
Subordinada aos interesses pessoais de uma bruxa, Rapunzel -personagem de conto infantil- tinha seus direitos e liberdade privados. No contraste da ficção com a contemporaneidade brasileira, parte das crianças, devido a diversos fatores, sofrem abusos e violências constantes e tem sua dignidade e infâncias perdidas. Nesse viés, convém analisar como o meio no qual o jovem está inserido e a naturalização da agressão física como castigo eficaz colaboram para essa problemática.
Primordialmente, é válido ressaltar que a suscetibilidade das crianças à violência infantil é determinada pelos contextos sociais de suas vivências. Nesse ínterim, o livro “Capitães de Areia”, de Jorge Amado, evidencia a realidade violenta e controvérsia de meninos sem tetos do subúrbio soteropolitano. Sob essa ótica, fantasia e realidade compartilham o mesmo problema, já que um ambiente que negligencia os direitos infantis, ou seja, demarcado pela desestruturação familiar e recursos básicos escassos, torna-se mais propício à ocorrência dessa situação, a exemplo a recorrência desses casos em regiões marginalizadas. Desse modo, a zona de convivência dos infantes influencia diretamente na intensificação desse tipo de violência no país.
Outrossim, é oportuno comentar que o cenário supracitado é agravado pela utilização de castigos físicos pela sociedade. Nesse sentido, no filme Matilda é retratado os empecilhos da infância da personagem, dentre eles punições físicas. Sobre essa temática, é perceptível que a pratica de castigos físicos com o intuito educativo não é algo recente, entretanto, apesar do objetivo compreensível, essa atitude configura como estopim para a agressão física, a exemplo tem-se que as crianças contemporâneas vivenciando cada vez mais a violência dentro de casa. Dessa maneira, é notório que a reformulação desse costume enraizado na sociedade deve ser efetivada.
Tendo em vista o que foi discutido, cabe, portanto, que o Governo, em parcerias com órgãos estaduais, efetive políticas públicas responsáveis por humanizar espaços marginalizados, por meio de programas que implementem esses contextos com lazer, educação e auxilio básico, com o efeito de mitigar a violência infantil nos meios mais desestruturados da nação. Ademais, urge que o Ministério da mulher, família e direitos humanos, juntamente com a Ministério de Tecnologia, promova uma consciência crítica acerca dos castigos físicos, por meio de campanhas midiáticas conscientizadores, com o intuito de atenuar os índices de agressões físicas. Assim, a realidade abordada em “Rapunzel” será desfeita.