A Constituição Federal de 1988, documento jurídico mais importante do país, prevê, em seu 6° artigo, o direito à segurança como inerente a todo cidadão brasileiro. Conquanto, tal prerrogativa não tem se reverberado com ênfase na prática, principalmente quando se observa a persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira, dificultando, desse modo, a universalização desse direito social tão importante. Dessa forma, verifica-se um cenário desafiador, seja em virtude da ausência de medidas governamentais, seja pela má influência midiática. Em uma primeira análise, é importante destacar a falta de medidas governamentais para combater a constância da violência contra o sexo feminino no Brasil. Nesse sentido, tal impasse permeia-se na sociedade, culminando em uma série de adversidades, uma vez que o Estado não garante as leis contra o ímpeto que as mulheres sofrem diariamente, visto que os infratores não são julgados conforme os seus atos. Por conseguinte, as sentenças são de forma serena. Essa conjuntura, segundo as ideias do filósofo contratualista John Locke, configura-se como a violação do “contrato social”, já que o governo não cumpre sua função de garantir que os cidadãos brasileiros desfrutem de direitos indispensáveis, como a segurança, o que é evidente no país. Ademais, é fundamental apontar a mídia como impulsionadora da persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira. De acordo com sociólogo francês, Pierre Bourdieu, o que foi criado como instrumento de democracia não deve ser convertido em mecanismo de opressão. Entretanto, os meios de comunicação corroboram para a prática de discursos ódio em relação as mulheres, os usuários que praticam essas ações condenáveis não são punidos devidamente por essas plataformas de publicidade e propaganda. Logo, é inadmissível que esse cenário continue a perdurar. Depreende-se, portanto, medidas para se combater esses obstáculos. Para isso, é imprescindível que o Ministério da Educação (MEC) - como órgão responsável pela administração e promoção da educação no país, insira na grade escolar brasileira o debate sobre a persistência da violência contra a mulher. Essa ação pode ser feita, por meio da inclusão desse assunto nas aulas extracurriculares, a fim de instruir os jovens sobre o tema e formar cidadãos conscientes. Assim, se consolidará uma sociedade mais informada, na qual o Estado desempenha corretamente seu “contrato social”, tal como afirma John Locke.