Os "rios voadores" - massas de ar com vapor d'água - são fenômenos de distribuição da umidade, principalmente, da Amazônia ao resto do Brasil. Mas, eles vêm perdendo eficiência pluvial devido à destruição das florestas e, por isso, acabam não suprindo a demanda hídrica gerada pelo uso irresponsável da água e do meio ambiente por parte do setor agroindustrial de produção - o que fomenta a carência do fluído no país. Logo, a utilização sustentável dos recursos e a contenção da degradação ambiental são caminhos para atenuar tal crise.
Nesse viés, responsabilizar a agroindústria pela crise em questão é fundamental. Para isso, é preciso entender que, por trás dela, há a lógica capitalista produtiva, a qual, pelo sociólogo Karl Marx, é definida como degradante. Essa análise marxista é coerente, uma vez que o capitalismo não tem, como objetivo, a sustentabilidade, mas sim o lucro - independente dos possíveis danos ambientais. Desse modo, muitas empresas e proprietários de terras, visando à produtividade barata, aplicam a agropecuária, majoritariamente, sem investir em tecnologias que minimizem o gasto exacerbado de água (sistemas de irrigação controlados, por exemplo) e a poluição fluvial gerada pelo escoamento de materiais tóxicos usados nas plantações. Então, ao seguir a lógica de capital, esse setor agrava a crise.
Ainda assim, é importante destacar que o desmatamento também corrobora a carência em discussão. A esse respeito, a música "Canção pra Amazônia" - do Greenpeace - enfatiza a degradação da floresta, mostrando que as consequências são desastrosas. Nesse sentido, um desses efeitos, que é ocasionado não só pela agressão à mencionada no título da obra, mas a todas coberturas vegetais do Brasil, é a crise hídrica, haja vista que, quando o fluxo ecológico é interrompido, esses biomas deixam de evapotranspirar e, com isso, causam a diminuição de chuvas nas proximidades. Além disso, tal conduta capitalista provoca erosões, visto que são retiradas vegetações que servem de suporte para o solo, tendenciando o soterramento da lagos e de rios - o que dificulta, em somatório, o acesso ao recurso natural destes. Em suma, destruir a natureza é favorecer a escassez de água.
Portanto, deve-se agir frente à crise de água no Brasil. Para tal, o Ministério do Meio Ambiente, mediante o Poder Judiciário e as verbas estatais, precisa intensificar a fiscalização de condutas que coloquem o recurso hídrico nacional em risco. Essa ação seria feita a partir da aplicação de multas substanciais às empresas e aos proprietários de terras que usam, de forma irresponsável, o fluído e que degradam - sem o devido reflorestamento - o meio ambiente. Isto seria feito a fim de mitigar essa carência e de permitir o fluxo natural de "rios voadores", o qual tornaria, via chuvas, mais fácil o acesso ao líquido em evidência.