A Constituição Federal do Brasil, promulgada em 1988, destaca-se no cenário mundial por garantir diversos direitos fundamentais, a exemplo da saúde. A despeito disso, três décadas após sua vigência, ainda causa preocupação na contemporaneidade a discussão acerca dos desafios para manter um sistema de saúde público no país. Dessa forma, por causa da negligência estatal, além da escassez de profissionais e equipamentos, esse impasse se agrava na sociedade brasileira.
Nesse sentido, vale destacar que a precariedade enfrentada nos ambientes de saúde deriva, ainda, da baixa atuação dos setores governamentais no que concerne à falta de mecanismos que ofereçam recursos suficientes para garantir um sistema equitativo. Sob esse viés, o filósofo iluminista John Locke desenvolveu o conceito de Contrato Social, o qual afirmava a responsabilidade do Estado para garantir aos indivíduos o que é necessário para viver socialmente. Todavia, o poder administrativo se abstrai diante de um assunto tão relevante, já que há poucas políticas públicas que financiam os atendimentos sociais em hospitais comuns para toda a população, o que, consequentemente, prejudica sua vivência na coletividade, visto que parcelas cívicas mais precárias terão que pagar valores altos para ter acesso a uma assistência hospitalar de qualidade. Dessa maneira o ambiente permanece desamparado e prejudicado por tais atuações indo contra os ideais da Constituição.
Ademais, é necessário salientar que, devido à falta de verbas direcionadas para um melhoramento na administração e nos tratamentos, há uma baixa atuação de funcionários nessas áreas e uma carência de instrumentos necessários para o serviço. Sob essa ótica, no filme "Hipócrates" é retratado um hospital com precários auxílios e disponibilidades de maquinários, onde os trabalhadores entraram em greve devido à baixa renda direcionada para aquele lugar. Nessa perspectiva, evidencia-se que os atendimentos rudimentares potencializam o revés, trazendo como consequência o agravamento da saúde da população. Logo, torna-se essencial superar esses preceitos.
Portanto, vistos os desafios que contribuem para manter um sistema de saúde no Brasil, é mister uma atuação governamental. Diante disso, o Governo, principal órgão responsável por administrar o povo e os interesses populacionais, com o apoio do Ministério da Saúde, deve contratar, através de verbas públicas, profissionais capacitados para qualificar os acolhimentos hospitalares e melhorar as condições de precariedade em que se encontram esses ambientes, enviando aparelhos e utensílios necessários para que haja uma melhoria na saúde da sociedade. Assim os brasileiros poderão ver os direitos garantidos na Constituição de 1988 como uma realidade próxima.