Redação sobre Redação Online Enem - Livre - 20211005589599

TEMA: nefasto quadro de pobreza menstrual no Brasil  O documentário “Absorvendo o Tabu”, exibido pela plataforma “Netflix”, apresenta a vida de mulheres indianas que não têm condições de comprar absorventes ou que até mesmo desconhecem a existência deste. Infelizmente, a realidade observada na Índia não se difere do cenário tupiniquim hodierno, uma vez que a pobreza menstrual atinge, de maneira cruel, o país. Logo, faz-se imprescindível analisar a maneira com que a discrepância socioeconômica e a falta de investimento cristalizam o imbróglio. A princípio, é indubitável mencionar a atuação da desigualdade social no revés. Sob essa ótica, o filósofo brasileiro Ariano Suassuna aborda a existência de uma injustiça secular capaz de dividir a nação brasileira em duas vertentes:a dos favorecidos e a dos despossuídos. Sendo assim, enquanto a parcela favorecida possui poder aquisitivo capaz de proporcionar todo o conhecimento acerca da menstruação, consultas regradas e objetos de higiene utilizados durante um ciclo, a parcela dos despossuídos vivem à margem de todos esses instrumentos, sem acesso a absorventes e remédios para possíveis cólicas e a mercê de uma péssima higiene íntima.Destarte, caso o pensamento de Ariano se manter vigente no Brasil, impossível será observar um país democrático. Ademais, sabe-se que a ausência de investimento potencializa o problema. Sobre isso, John Rawls, em sua obra “Uma Teoria da Justiça”, pontua que um governo íntegro busca disponibilizar recursos financeiros para todos os setores. Todavia, vê-se que a nação verde-amarela não pode ser utilizada como vitrine do pensamento de Rawls, haja vista a irrisória quantia direcionada à área da saúde íntima da mulher- como o investimento em pontos de distribuição de absorventes gratuitos, consultas rápidas e distribuição de medicamentos. Dessa forma, ao agir de maneira passiva na distribuição de capital e em políticas públicas voltadas ao tema, o Estado age como grande protagonista do problema. Destarte, medidas operantes são necessárias para atenuar o óbice. Dessa maneira, urge que as Secretarias de Saúde-responsáveis por ações ligadas à saúde pública- direcionem verbas para todos os postos de saúde, para que, mediante a compra e distribuição gratuita de absorventes e coletores menstruais, possa haver a democratização do acesso a instrumentos utilizados durante o ciclo menstrual. Além disso, deve haver a convocação de mulheres-por meio de carros de som nas ruas e anunciação nas redes sociais das prefeituras- para palestras mensais com ginecologistas nos postos. Feito isso, poder-se-á observar, de fato, uma realidade longínqua da abordada em “Absorvendo o Tabu”.