a renda mínima em discussão no brasil
em 1516, a partir da justaposição dos termos gregos de "negação" e "lugar", o escritor thomas more originou a palavra utopia e nomeou o seu mais famoso livro. nessa obra, o autor idealiza a sociedade perfeita e propõe mecanismos para garanti-la, a exemplo de uma quantia digna de dinheiro distribuída para todos os cidadãos. fora da ficção, apesar de ser vista negativamente, a renda mínima é uma importante pauta para o futuro do brasil. assim sendo, torna-se necessário romper o preconceito ideológico em torno do assunto, bem como perceber, antes que seja tarde, o quão urgente a sua implementação é.
a priori, é preciso retomar a primeira abordagem de uma ideia análoga no campo das ciências econômicas. sob essa ótica, evidencia-se a ignorância do senso comum brasileiro que, pelo fato da ideia ter sido introduzida na política nacional pelo petista eduardo suplicy, associa cegamente a renda mínima à esquerda. todavia, o primeiro economista propriamente dito a tangenciar a até então utopia foi milton friedman - um liberal. logo, a simplória bipolarização não deve sequer ser levada em consideração nas discussões acerca do assunto.
além disso, uma retomada histórica é crucial para compreender o motivo de, sem a implementação desse aparato inicialmente fictício, o capitalismo estará fadado ao fracasso. na primeira revolução industrial, em um contexto ainda escravocrata, a inglaterra sofria com a falta de mercado consumidor - afinal, escravos não tinham poder aquisitivo. por isso, ela pressionou países como o brasil a abolirem a escravidão. da mesma forma, no século xxi, com o desemprego estrutural em massa causado pela modernização dos postos de trabalho, uma lacuna na movimentação da moeda é revelada. dessa forma, caso a renda mínima não seja aderida a nível nacional, a lógica capitalista interna será fortemente abalada.
destarte, mesmo sendo imprescindível para a continuação do progresso capitalista, a renda mínima ainda é vista equivocadamente por parte da sociedade brasileira. a fim de contornar esse prejulgamento, o ministério da economia, em parceria com os governos municipais, por meio da contratação de profissionais da economia, deve promover palestras em praças públicas a respeito do assunto, que ocorreriam mensalmente. somente depois de superar esse óbstaculo, o debate relativo ao tema poderá chegar nas esferas do poder legislativo para, futuramente, ser colocado em prática pelo poder executivo. assim sendo, o brasil estará menos distante da utopia proposta por thomas more há mais de meio século.