impactos da manipulação de fotos nas redes sociais
durante o desenvolvimento da sociedade paleolítica, as mulheres eram representadas em esculturas que evidenciam os quadris largos e seios avantajados. hodiernamente, percebe-se que essa padronização corporal pouco destoa da realidade brasileira, uma vez que corpos magros e esbeltos ganharam representatividade nas redes sociais, principalmente após a manipulação de fotos, devido à ascensão dos filtros e do photoshop. diante disso, é inegável que a espetacularização de imagens modificadas impacta diretamente, e de forma negativa, na aceitação da própria imagem.
a princípio, é indispensável salientar que os impactos da manipulação de fotos nas redes sociais estão intrinsecamente associados à ditadura da beleza. a esse respeito, o escritor guy debord cunhou o termo “sociedade do espetáculo”, segundo o qual os indivíduos são seduzidos por imagens de perfeição que, às vezes, podem ser falsas. sob essa ótica, essa visão denunciada por debord parece retratar de maneira acertada o cenário brasileiro, especialmente quando os usuários de mídias sociais superestimam o virtual e subestimam o real, comparando-se com padrões irreais de beleza e que, em muitos casos, são fotografias modificadas, o que induz a sociedade à espetacularizar sua vida na tentativa de se encaixar. desse modo, é perceptível que a busca pela aparência ideal conduz o indivíduo a perda da sua própria identidade.
por conseguinte, essa “necessidade” de se encaixar em moldes corporais dificulta a aceitação da própria imagem e, por vezes, traz impactos irreversíveis. nesse sentido, muitos cidadãos, em detrimento da saúde, recorrem - de forma obsessiva- às cirurgias plásticas, às “dietas milagrosas” e/ou a prática excessiva de exercícios físicos. isso potencializa a formação de um círculo vicioso cuja satisfação, em muitos casos, é inatingível, tornando as frustações, os distúrbios alimentares e mentais e as patologias uma realidade pouco distante. prova disso foi o caso da atriz e ex-modelo andressa urach que quase morreu em decorrência de uma infecção na coxa, devido à aplicação de hidrogel. assim, enquanto houver a procura por padrões irreais, a beleza continuará sendo uma religião e o corpo templo dessa prática.
fica clara, portanto, a necessidade de ações que visem combater impactos da manipulação de fotos nas redes sociais. para tanto, o ministério da saúde (ms) deve ampliar o debate a respeito de mudanças nas mídias sociais com os proprietários delas, por meio do direcionamento de especialistas em psicopatologias para discussões semanais, como a aplicação de novas configurações nos aplicativos midiáticos, a exemplo de algoritmos que mostrem aos usuários a probabilidade de uma foto ter sido editada e alertem quando os internautas ficarem muito tempo conectados, além do banimento de filtros que se assemelhem a cirurgias plásticas. essa iniciativa poderia se chamar “espetacularizando o real no virtual” e tem a finalidade de evitar a busca por padrões inalcançáveis e de combater os impactos à saúde física e mental. apenas assim, o legado da sociedade paleolítica deixará de ser uma realidade nacional.