No contexto atual, o termo "meritocracia" pode ser definido como um termo que estabelece uma relação direta entre o esforço e a conquista, ao negar qualquer outra forma de se obter o sucesso. Nesse ínterim, é evidente a catástrofe social resultante do desenvolvimento de tal conceito auxiliador da desigualdade na população brasileira hodierna, sendo que o filme "Sócrates", que retrata a incompatibilidade dessa forma de pensamento, demonstra o atual cenário do país. No entanto, observa-se que essa questão é fruto de uma ineficácia política, além de uma forma incorreta de pensar do povo.
Em primeiro plano, deve-se analisar a inoperância governamental como principal causadora do problema. Nessa perspectiva, é exequível referir-se ao consenso mundial retinente ao elevado nível de desconformidade no Brasil, pois, conforme dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o território nacional está entre os 10 países mais desiguais do mundo, fator que demonstra uma escassez de medidas viáveis para solucionar a adversidade. Destarte, em virtude da regência não investir no melhoramento de políticas públicas preexistentes, como forma de suprimir tal visão de meritocracia, ao dar maiores condições de vida a parcela social mais pobre, o que garante o crescimento concordante da população conterrânea, tanto por um profundo desinteresse no caso quanto por maiores investimentos direcionados a outras áreas, a citar: à saúde. Em decorrência disso, o corpo social tende a permanecer abandonado pelo Estado, o que confirma o longa-metragem supracitado.
Em paralelo a isso, é essencial aludir sobre o raciocínio errado da população como outro imortalizador do obstáculo. Sobre esse viés, é factível remeter ao que afirmava Karl Marx, famoso sociólogo do século XIX, o qual denotava que o princípio do mérito foi criado a partir dos moldes do sistema capitalista como modo de promover a exclusão das classes carentes em detrimento dos ricos. À vista disso, é notório o desvio de convicção da maioria do meio social, o que os leva a enraizar a ideia de que o talento individual diferencia pessoas, ao passo de não avaliarem as diferenças de oportunidade como principal vertente que impedi o aditamento da sociedade. Em consequência, o meio popular pende a perpetuar essa visão antiquada de mundo, o que comprova os dados mencionados.
Entende-se, portanto, que a continuidade da questão da meritocracia como causadora das desigualdades sociais é fruto de ineficácia administrativa e de um pensamento incorreto do povo. Diante disso, o governo federal, em parceria com o Poder Judiciário, responsável por julgas leis, deve melhorar as políticas públicas existentes, por meio da adição de uma maior quantidade de direitos coletivos, com o objetivo de modificar o cenário hodierno. Ademais, as instituições de ensino, incumbidas de disseminar o saber, precisam promover palestras sobre os riscos da manutenção de ideias de mérito, mediante a explicações de sociólogos capacitados, com a finalidade de criar uma consciência geral relacionada ao tema como edificador das diferenças. Por fim, dessa forma, será possível alcançar a transformação do contexto atual sob a ótica marxista.