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Tema de Redação | O mito da meritocracia e as desigualdades sociais
Você já ouviu falar em meritocracia? Em poucas palavras, esse conceito afirma que o mérito depende exclusivamente do esforço pessoal do indivíduo, ou seja, que para alcançar o tão almejado sucesso, basta se dedicar bastante e não desistir nunca.
Mas será que esse conceito na realidade funciona em um país – e um mundo – com tanta desigualdade social? Essa é a questão principal levantada por críticos e especialistas para justificar o mito da meritocracia e afirmar que essa ideia, na verdade, só reforça injustiças sociais. Foi pensando nesse debate que escolhemos esse tema de redação para você praticar! Vamos lá?
Leia os textos motivadores a seguir e, com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema “O mito da meritocracia e as desigualdades sociais”.
Duzentos e vinte e cinco anos. Esse é o tempo que um brasileiro nascido entre os 10% mais pobres levaria para alcançar a renda média do país — hoje de 1 370 reais. A conclusão é da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Segundo o estudo da instituição, O Elevador Social Está Quebrado? Como Promover a Mobilidade Social, a desigualdade por aqui é tamanha que são necessárias nove gerações para que o membro de uma família desafortunada conquiste uma condição melhor.
Crianças cujos pais não completaram o ensino médio, por exemplo, têm apenas 15% de chance de chegar à universidade, probabilidade que sobe para 60% quando pelo menos um deles é diplomado.
De acordo com a Oxfam, que luta pelo combate à desigualdade no mundo, o Brasil é o nono país mais desigual do planeta. Quem recebe um salário mínimo hoje, por exemplo, precisa trabalhar 19 anos para ganhar o equivalente a um mês de rendimento do 0,1% mais rico.
Fato é que desvantagens no início da jornada podem perseguir uma pessoa ao longo da vida, traduzindo-se não só em salários mais baixos, mas em mortalidade precoce.
“A situação socioeconômica influencia o aprendizado, as perspectivas de emprego e até a saúde. Um homem de 25 anos que frequentou faculdade pode esperar viver quase oito anos mais do que seu par de pouca escolaridade. Entre as mulheres, a diferença é de 4,6 anos”, diz o relatório da OCDE, divulgado no ano passado.
É dessa perspectiva que a meritocracia vem sendo questionada. O conceito — mistura da palavra latina meritum, “mérito”, com o sufixo grego cracía, “poder” — sugere que o sucesso é determinado única e exclusivamente pelo esforço pessoal.
Isso, em tese, coloca o presidente da empresa e o operário da fábrica em pé de igualdade. Mas como comparar o desempenho de um profissional de classe alta com o de um suburbano? Um tem comida farta, o outro pula refeições por falta de dinheiro; um corre para hospitais de ponta quando está doente, o outro enfrenta filas do SUS; um realiza cursos fora do país; o outro faz bicos para complementar a renda.
“A meritocracia é um mito. Ela só faria sentido se a sociedade promovesse igualdade de oportunidades educacionais, econômicas e sociais. Não sendo esse o caso, é um jogo de cartas marcadas. Ganha quem larga na frente: os que estudaram em boas escolas e tiveram recursos para acessar livros e bens culturais”, diz Sidney Chalhoub, pesquisador brasileiro e professor de história na Universidade Harvard.
Para ele, nivelar a competição no mercado de trabalho, desconsiderando a história, a raça e o gênero, é um equívoco.
A questão é que, mesmo controversa, a meritocracia caiu nas graças dos líderes. Está no discurso dos políticos para evidenciar que não há nepotismo nem fisiologismo na gestão pública e na fala dos empresários para mostrar que os sistemas de recompensa são justos. Ganhou a simpatia dos RHs, o vocabulário das startups e os corredores do mundo corporativo.
Fonte: https://vocesa.abril.com.br/geral/entenda-como-a-meritocracia-pode-prejudicar-sua-carreira/
Brasileiro defende meritocracia, mas faltam políticas públicas de inclusão
Seis em cada dez brasileiros apoiam a ideia de meritocracia e acreditam que os profissionais sejam valorizados exclusivamente por sua capacidade - e não por questões relacionadas a gênero, cor ou sexualidade. Os dados fazem parte de um estudo do IDEIA, instituto de pesquisa de opinião pública, feito com exclusividade para a sexta edição do Brazil Forum UK 2021, evento que é promovido pela comunidade de estudantes brasileiros no Reino Unido.
A pesquisa, que ouviu 1.242 pessoas em todo o país, mostra também que para 57% dos entrevistados o governo e as empresas devem promover políticas e programas de incentivo para os grupos menos favorecidos na sociedade, como vagas reservadas para minorias e treinamentos específicos. Apenas 9% são contrárias a essa ideia, enquanto que 34% não sabem ou não concordam nem discordam.
“A pesquisa traz um importante elemento de percepção: a dissonância cognitiva entre a expectativa de meritocracia e a falta de políticas de inclusão. Esse tem sido um constante atrito no imaginário da opinião pública”, diz Maurício Moura, fundador do IDEIA e professor da Universidade George Washington, nos Estados Unidos.
Essa contradição aparece em dados como o que mostra que, para 51% da população, as políticas de inclusão e representatividade não apenas foquem em incluir pessoas desfavorecidas no mercado de trabalho, mas também as ajudem a alcançar cargos mais altos, como gerências e diretorias.
Assim como, 52% acham que é preciso ampliar as atuais políticas de inclusão de negros, mulheres, LGBTQ+ e deficientes físicos nas empresas e instituições de governo. Por outro lado, 35% acham que não deve haver interferência na aplicação de políticas públicas de inclusão tanto no setor público como no privado.
O estudo mostra também que os brasileiros também são sensíveis aos fatores que podem reduzir a desigualdade entre as pessoas. Investimento em educação de base é o item mais citado pelos entrevistados, seguido de acesso dos mais pobres a serviços e bens de qualidade e de investimento em capacitação profissional.
"Há um consenso sobre o diagnóstico das prioridades e educação básica aparece fortemente. O que não é óbvio para a opinião pública são os caminhos para encontrar uma solução", diz Moura, do IDEIA.
Fonte: https://exame.com/brasil/brasileiro-defende-meritocracia-mas-faltam-politicas-publicas-de-inclusao/
Fonte: https://twitter.com/helodangeloarte/status/1421119783467167744
Fonte: http://uqdcriticanageografia.blogspot.com/2018/03/charge-maflda-sobre-meritocracia.html
No livro "O Cortiço" de Aluísio Azevedo é retratada a discrepância entre o estilo de vida levado pelos moradores do cortiço, que trabalham exaustivamente e vivem em situação precária, e o de João Romão, o dono do local que por meio de aluguéis abusivos, exploração de pessoas e outras medidas ilegais alcançou uma vida confortável entre a elite brasileira da época. Fora da ficção, é fato que podemos relacionar a desigualdade social representada no livro com a realidade vivida no Brasil: As oportunidades desiguais entre as diferentes classes é encoberta com um discurso falso de meritocracia e agravada pelo negligência estatal em investir em projetos de inclusão social. Em primeira análise, é evidente que a ideia de meritocracia difundida na sociedade contribui não só com o preconceito contra as classes sociais inferiores como também estabelece que indivíduos de baixa renda são responsáveis por sua própria indigência, ainda que não tenham tido acesso aos direitos fundamentais do cidadão. Haja visto que, apesar da Constituição Federal de 1988 determinar que todo brasileiro tem como direito a saúde, educação e moradia de qualidade, essa lei não se concretiza por falta de investimento estatal, impossibilitando a mobilidade social dos cidadãos mais pobres. Outrossim, é igualmente importante apontar que a falta de medidas governamentais de inclusão é outro fator que agrava a desigualdade no Brasil, segregando aqueles em situação de vulnerabilidade socioeconômica a margem da sociedade. Desse modo, assim como retratado do filme Jogos Vorazes, o qual mostra uma realidade distopica em que uma parcela extremamente pobre da população concorre em jogos fatais em troca de alimento, muitos brasileiros recorrem a outras formas de garantir seu sustento, como empregos sem legislação adequada e horário de trabalho abusivo ou até mesmo a criminalidade. Frente a tal problemática, faz se urgente, pois, que o Ministério de Educação e Cultura (MEC) crie, por meio de verbas governamentais, projetos de inclusão social que ajudem cidadãos de baixa renda e ingressarem em cursos técnicos de especialização gratuitos que os garantam empregos com horário de trabalho e salário adequado, para que assim a exploração sofrida por esses indivíduos descrita no livro "O Cortiço" não venha a ser mais uma realidade no Brasil.
Ver redaçãoEm seus versos, o cantor Flávio José cita, "Boi com sede bebe lama, barriga seca não dá sono". Tal canção representa bem o corpo social brasileiro, visto que grande parte da população é impossibilitada de conquistar uma vida digna, assim como os seus anseios. Isso ocorre tanto pelo descaso governamental, quanto pelo fator histórico de uma população que compartilha ideias meritocratas. Em primeira instância, é evidente que o pensamento meritocrata contribui para uma sociedade alienada e completamente ignorante em relação aos seus direitos, tais como o de trabalhar em condições justas, estilo de vida adequado, educação, dentre outros direitos garantidos pela organização das nações unidas (ONU). Torna-se evidente, portanto a ineficácia do estado que não aplica de forma adequada tais direitos a população. Nesse sentido, torna-se necessário ocorrer uma mudança para contornar tal problemática. Em segunda Instância, desde a revolução industrial, ocorreu uma transformação em relação as atividades laborais, de acordo com o pensamento compartilhado por Guy Debord em seu livro, "Sociedade do espetáculo", o trabalhador não atua mais apenas para si na expectativa de sustentar sua vida, mas sim em fábricas e empresas com o intuito de manter um estilo de vida capitalista e consumista. Sendo assim, torna-se necessária discursão para o livramento de tal problema. Interfere-se, portanto, que medidas são primordiais para diminuir os impactos da meritocracia e das desigualdades sociais no Brasil. O ministério da educação deve promover campanhas por meio televisivo, assim como disponibilizar aulas de sociologia nas escolas, a fim de que à população se torne menos suscetível a tais ideias, Pois somente assim teremos uma sociedade realmente justa. Afinal, como dizia o dramaturgo George Bernad Shaw, "O progresso é impossível sem mudança."
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