TEXTO I
Uma pesquisa do ICTQ (Instituto de Ciência Tecnologia e Qualidade), feita em 12 capitais do país, mostrou que a automedicação é praticada por 76,4% dos brasileiros, a maioria dos quais (90,1%) jovens entre 16 e 24 anos. Além disso, a pesquisa apontou ainda que quase um terço (32%) dos brasileiros que se automedicam costuma aumentar a dose do remédio por conta própria, sem orientação do médico ou do farmacêutico. Leia a seguir trechos de dois artigos sobre o tema e, considerando as posições neles apresentadas, redija uma dissertação, expondo sua posição sobre o assunto: você costuma se automedicar? Sim ou não e por quê? Com qual dos dois textos você tende a concordar? A partir de suas considerações pessoais, é possível explicar por que a automedicação é tão comum entre os jovens?
Comprimidos também podem virar um objeto de desejo ou o consumidor sabe o que ingere? Fenômeno desejável, dentro de limites Antes de demonizar a automedicação e pintá-la como grande vilã da saúde pública, deve-se ter em mente que, dentro de certos limites, ela é um fenômeno desejável. A OMS, por exemplo, a descreve como ͞necessária. O importante aqui é não perder de vista a totalidade do espaço amostral. Se olharmos só para as intoxicações involuntárias e óbitos daí decorrentes, fica mesmo parecendo que a automedicação é um mal a eliminar. Mas é preciso considerar também que a esmagadora maioria das doenças que afetam a população é autolimitada, não requerendo mais do que o alívio dos sintomas. Fazer com que a legião de pessoas que são diariamente acometidas por quadros virais menores e dores de cabeça benignas passe por um médico antes de ter acesso a um analgésico levaria os já saturados sistemas público e privado de atendimento ao colapso. A última coisa de que o SUS necessita é uma explosão da demanda motivada por casos triviais. O desafio diante das autoridades é encontrar o ponto ótimo na regulação que não onere demais o sistema com consultas desnecessárias nem estimule voos muito arriscados na automedicação. [Hélio Schwartsman, Folha de S. Paulo] .
TEXTO II
A prática tem de parar A automedicação é um dos maus (e perigosos) hábitos mais difundidos no mundo. Mais do que uma atitude esporádica, trata-se de uma prática corriqueira – e de alto risco. Assim como em qualquer setor de mercado, os consumidores de remédios se julgam aptos a decidir qual produto adquirir. No entanto, os danos da ingestão inadequada de medicamentos, inclusive os isentos de prescrição médica, podem ser graves e até fatais. Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), quase 35 mil pessoas sofreram este tipo de intoxicação, em 2007, sendo que 90 morreram.
Ouvir a experiência do vizinho ou somente ler a bula não basta: medicamentos fazem parte da prescrição de um tratamento e precisam ser indicados por profissional habilitado: o médico.
[Acontece Comunicação e Notícias/Associação Paulista de Medicina]
Escreva um texto dissertativo-argumentativo, seguindo o modelo Enem, acerca do tema “automedicação”.
EXEMPLO
No período da Primeira Guerra Mundial, o ilustre médico Alexander Fleming, havia trabalhado em hospitais militares e devido ao estado grave dos pacientes, decidiu elaborar um medicamento eficaz no combate as infecções, com sucesso desenvolveu a penicilina que anos posteriores seria responsável por salvar inúmeras vidas. Hordiernamente, a indústria farmacêutica expandiu-se por todo globo, juntamente com uma população que utiliza remédios até mesmo para ínfimas dores de cabeça, com esse quadro a automedicação é um fenômeno evidente. Isso demonstra ser um problema extremamente grave, pois, ocorre o risco de intoxicação e, também, a interferência no meio ambiente.
É indubitável, que o uso indiscriminado de medicamentos acarreta em complicações futuras. Sob essa perspectiva, o ícone pop dos anos 50, Marilyn Monroe, teve sua vida interrompida pela intoxicação de remédios antidepressivos, constantemente utilizados pela atriz devido ao estresse ocasionado pela fama. O fato evidência uma sociedade que acredita ter problemas suficientes para realizar a medicação por conta própria e que encontra em amplas farmâcias o acesso a medicamentos sem receita médica, sendo esse processo caracterizado pela falta de fiscalização dos órgãos públicos. Dessa forma, a automedicação é prejudicial a saúde humana.
Destarte, os estoques de remédios produzidos pelas famílias brasileiras dentro de suas residências para tratar de sintomas gripais ou até mesmo analgésicos, afeta diretamente os que não escolhem fazer uso da automedicação, isso ocorre por que o descarte incorreto dos fármacos é danoso ao meio ambiente. De acordo com o estudo divulgado pela revista “Cientific American”, a concentração de medicamentos em alguns rios ao redor do mundo excede os limites de segurança em até 300 vezes. A pesquisa comprova que existe uma alta taxa de remédios desperdiçados, na maioria dos casos o armazenamento por tempo indeterminado, leva a perda de validade e mesmo se tornando “lixo” chega através dos rios em populações de todo globo. Dessa forma, a automedicação exarcebada interfere não somente na vida do índividuo em si, como também o ecossistema ao seu redor.
Portanto, urge que o Poder Executivo em parceria com a ANVISA, intensifique os processos de fiscalização nas farmácias através de agentes que realizem inspeções períodicas e façam o monitoramento da exigência das receitas médicas, com a finalidade de desestimular a automedicação dos remédios controlados em que grandes doses são fatais. Paralelamente, a Secom ( Secretaria Especial de Comunicação Social), viabilize propagandas televisivas educativas que alertem sobre os riscos a saúde pelo uso indescriminado de medicamentos e indiquem os postos para o descarte correto, com o objetivo de que os cidadãos comprem os farmácos de forma consciente e não agridam o meio ambiente.