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Tema de redação – A romantização da maternidade e a culpabilização da mulher

Leia os textos motivadores a seguir. Assim, com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo sobre o tema “A romantização da maternidade e a culpabilização da mulher”. Use a modalidade escrita formal da língua portuguesa e apresente proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Então, selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEXTO 1

Aviso aos navegantes: para embarcar nesse mar de reflexões é preciso livrar-se de todo peso excedente da culpa e dos padrões. Deite tudo fora, lance todas as expectativas infantis que enfeitaram seu imaginário quando o tema em pauta era a maternidade.

“Ser mãe é viver com culpa” são minhas primeiras palavras (pouco ou nada simpáticas, eu sei) às mães de primeira viagem que conheço. Digo isso não por desgosto ou por frustração, veja bem. Não mesmo! Amo ser mãe. Mas se tivessem me preparado para a culpabilização diária que a mulher-mãe (e uso essa expressão porque é assim mesmo que me vejo, uma mulher que também é mãe, sem deixar de ser mulher) se impinge, penso que tudo seria menos dramático.

Ser mãe como apenas uma das muitas facetas do ser mulher é uma luta quase inglória, acredite. Os olhares julgam mais do que as palavras quando ela esquece a reunião na escola, quando esquece o presente do amiguinho, quando deixa o filho com febre com a babá, quando curte um jantar com as amigas ou quando vai fazer a unha e deixa o filhotinho com o pai… enfim, quando o filho não está no centro de tudo, tudo parece vir pesar contra a legitimidade dessa mãe.

Fonte: https://revistacult.uol.com.br/home/maternidade-e-um-encontro/

TEXTO II

Fonte: https://www.hypeness.com.br/2016/05/tirinhas-sinceras-sobre-o-universo-da-maternidade/

TEXTO III

Em fevereiro de 2016, circulou na rede social Facebook o “desafio da maternidade”, que convidava mulheres a postarem três fotos que mostravam situações felizes que tiveram como mãe. Entre tantas imagens que representavam os aspectos positivos de ser mãe, algumas mulheres viram a oportunidade de questionar estereótipos e expor o lado daquelas que não se sentiam tão confortáveis em exercer tal papel.

Chamavam a atenção para o fato de a maternidade não ser um mar de rosas, evidenciando os momentos em que se sentiram desgastadas e cansadas, e alertando sobre a exaltação da função materna, que só acaba por sobrecarregar ainda mais as mulheres. Apesar de ter recebido o apoio de muitas pessoas, a grande maioria repudiou o ato e distribuiu ofensas para essas mães. “Vivemos em uma época onde é inadmissível fazer qualquer comentário que, de qualquer forma, possa ser interpretado como contrário à maternidade”, destaca Penteado.

Porém, o que elas denunciaram é a realidade de muitas mulheres, que não se sentem confortáveis em exprimir o lado B da maternidade, com seus obstáculos e desafios. A psicanalista Anna Mehoudar, que também é fundadora do Grupo de Apoio à Maternidade e Paternidade (GAMP), ressalta que muitas mulheres se surpreendem com a rotina com um filho. “A pessoa constrói a vida e acha que está redonda, aí vem a criança na contramão. Não é como a família Doriana. Dá trabalho, é preocupação, plano de saúde, creche, aprender a lidar com o filho. Há todo um cenário para poder cuidar da criança”, aponta.

Paula também destaca que a relação entre mãe e filho se dá como qualquer outra, é uma construção que acontece de “maneira gradual através de um aprendizado” e não é fruto de “geração espontânea”. Nasce da proximidade física e emocional e só pode ser conquistado com a convivência. É nessa relação do cotidiano que cresce o afeto e o amor nasce. Ela acredita que o grande problema da idealização é supor que, assim que o bebê nascer a vida da mãe será perfeita. “A romantização passa pela ingenuidade de pensar que o bebê vai nascer, a mãe sentirá uma completude e tudo será maravilhoso”, disse.

Fonte: https://jornalismojunior.com.br/o-mito-da-super-mae/

EXEMPLO

De acordo com a filósofa alemã Hannah Arendt, a sociedade hodierna está lidando com a teoria da “banalização do mal”, a qual defende a naturalização de conceitos maléficos e prejudiciais para alguns cidadãos, de forma a ignorar essas situações. De modo geral, a romantização da maternidade junto da culpabilização da mulher é um dos exemplos banalizados, no entanto, caso as expectativas da gestação sem dores e da mãe perfeita fossem analisadas, talvez essa não fosse a realidade brasileira.

Primordialmente, é necessário ressaltar que a pressão sentida pela mulher, em especial no compromisso dela com a família e a não exteriorização de sentimentos, já é datada a muito tempo. Evidenciando o supracitado, durante a Grécia Antiga, as moças estavam voltadas para o casamento e a geração de filhos, tanto que nem uma vida pública elas tinham direito, no máximo algo religioso, atrapalhando no descobrimento das dores físicas e mentais passadas por essas mães. Em outras palavras, ao decorrer dos anos, esse público ainda continuou sendo associado a criar e cuidar da família, de modo a criar uma maternidade fantasiosa na cabeça dos indivíduos, como se momentos de tristeza, raiva ou qualquer outro negativo, não pudessem fazer parte desse processo de gerar uma vida, mas caso façam parte são julgados. Ou seja, criou-se um estereotipo quanto a realidade sempre feliz da gravidez, tendo em vista que é um papel cumprido pelas jovens a séculos, o qual “nunca” mostrou desafios, pois aconteciam e não eram compartilhados.

Ademais, além da idealização antes do nascimento, a forma a qual educam seus filhos também é criticada se sair do “senso comum” ditado pela sociedade. Sob esse aspecto, em 2019, a empresária Kim Kardashian era muito criticada por internautas por deixar a filha North de 5 anos alisar o cabelo cacheado, alegando o quanto isso seria ruim para as madeixas, no entanto, depois Kim afirma que deixa a menina fazer isso apenas duas vezes ao ano. Diante disso, não só nesse caso com North, mas com várias figuras maternas com vida pública, é comum ver o julgamento mais assíduo em relação àquelas menos rígidas, denominando o único ensinamento correto como o cheio de restrições, sem deixar os filhos experimentarem o que tem curiosidade, mas é claro, visar até onde aquilo é bom para a saúde deles. Logo, torna-se evidente mais um ponto em que a fêmea poderá se sentir culpada e acabar privando os descendentes de experiencias nem um pouco ruins, mas apenas pelo medo de se sentir “menos mãe” pelas opiniões negativas. Por conseguinte, é indiscutível ações interventivas, para tanto, urge que o Governo Federal faça campanhas de conscientização. Em primeiro lugar, com o auxílio do Ministério de Educação, serão realizadas palestras mensais nas escolas, nas turmas do Ensino Fundamental anos finais até o Ensino Médio, em que sociólogas comentarão sobre a realidade da mulher, quanto a maternidade e a criação, esclarecendo desde cedo para esses jovens o quanto elas sofrem de pressões sociais que não condizem com o real, a fim de fazê-los repassarem esse conhecimento adiante. Além disso, serão necessárias propagandas em canais de TV aberta, a partir da fala de mães famosas, como, da atriz Isis Valverde, ou desconhecidas, contando alguns julgamentos já sofridos e a forma a qual abalaram elas, objetivando a percepção nacional de que não existe apenas um jeito de ser mãe, mas vários. Desse modo, a mulher estará livre de tanta romantização e culpabilização.