Com base nos textos motivadores abaixo, produza uma redação dissertativo-argumentativa sobre o Tema de Redação: O Suicídio entre Jovens no Brasil e no Mundo.
Texto 1
OMS: Suicídio já mata mais jovens que o HIV em todo o mundo
“As pessoas simplesmente pensam que é um crime ter pensamentos suicidas. Não deveria ser assim”, diz Lauren Ball, uma mulher de 20 anos que já tentou se matar várias vezes.
Seis, para ser mais preciso. A mais recente tentativa foi no ano passado.
“Sei que foi muito difícil para minha família”, contou Ball ao programa de rádio Newsbeat, da BBC, voltado para o público jovem.
‘Gatilhos’
Gabbi Dix sabia que sua única filha, Izzy, estava sofrendo com a chegada da adolescência, mas não imaginou que o suicídio rondasse seus pensamentos.
“Acho que nunca vou conseguir superar isso”, conta a mãe da adolescente de 14 anos, que em 2012 deu fim à própria vida, numa cidade costeira do sul da Inglaterra.
Para muitos especialistas, o suicídio juvenil tem contornos epidêmicos. E, para a Organização Mundial de Saúde, precisa “deixar de ser tabu”: segundo estatísticas do órgão, tirar a própria vida já é a segunda principal causa da morte em todo mundo para pessoas de 15 a 29 anos de idade – ainda que, estatisticamente, pessoas com mais de 70 anos sejam mais propensas a cometer suicídio.
No Brasil, o índice de suicídios na faixa dos 15 a 29 anos é de 6,9 casos para cada 100 mil habitantes, uma taxa relativamente baixa se comparada aos países que lideram o ranking – Índia, Zimbábue e Cazaquistão, por exemplo, têm mais de 30 casos. O país é o 12º na lista de países latino-americanos com mais mortes neste segmento.
“O suicídio é um assunto complexo. Normalmente, não existe uma razão única que faz alguém decidir se matar. E o suicídio juvenil é ainda menos estudado e compreendido”, diz Ruth Sunderland, diretora do ramo britânico da ONG Samaritanos, que se especializa na prevenção de suicídios.
De acordo com a OMS, 800 mil pessoas cometem suicídio todos os anos. E para cada caso fatal há pelo menos outras 20 tentativas fracassadas.
“Para a faixa etária de 15 a 29 anos, apenas acidentes de trânsito matam mais. E se você analisar as diferenças de gênero, o suicídio é a causa primária de mortes para mulheres neste grupo”, diz à BBC Alexandra Fleischmann, especialista da OMS.
Diferenças
O Brasil, neste ponto, passa pelo fenômeno oposto: índice de suicídios nesta faixa etária para mulheres é de 2,6 por 100 mil pessoas, mas a taxa salta para de 10,7 entre a população masculina. Mas, entre 2010 e 2012, o mais recente período de análise de dados da OMS, o índice feminino cresceu quase 18%.
Em termos globais, uma variação chama atenção: 75% dos suicídios ocorrem em países de média e baixa renda. E as diferenças socioeconômicas parecem ter impacto mais forte entre adolescentes.
Análise de gráficos sobre suicídios mostra picos dramáticos entre a população de 10 a 25 anos em países de baixa renda.
Tais “saltos” não são vistos em sociedades mais afluentes, o que sugere maior risco de suicídio entre populações mais pobres.
Ainda no segmento juvenil, a OMS diz que mais homens cometem suicídio que mulheres.
“A masculinidade e as expectativas sociais são os principais motivos para essa diferença”, explica Fleischmann.
Mas essa diferença entre os gêneros é menor em países mais pobres, onde mulheres e jovens adultos estão particularmente vulneráveis.
Em países mais ricos, homens se matam três vezes mais que mulheres, mas em países de média e baixa renda, a relação cai pela metade.
A intensidade também tem variações regionais.
Para especialistas, suicídios são mais do que fatalidades. Pesquisas acadêmicas revelam que pelo menos 90% dos adolescentes que se matam têm algum tipo de problema mental. Eles variam da depressão – a principal causa para suicídios neste grupo – e passam por ansiedade, violência ou vício em drogas.
Mas há “gatilhos” que podem ser sutis como mudanças no ambiente familiar ou escolar, passando por crises de identidade sexual.
Por isso, os especialistas recomendam prestar atenção nos sinais iniciais. E, não por acaso, a mais recente campanha dos Samaritanos foi dirigida a estudantes britânicos iniciando o período letivo nas universidades.
Também recomenda-se atenção a questões com o bullying, incluindo suas manifestações pela internet. Especialistas também argumentam que o sensacionalismo na mídia pode encorajar imitações.
“Neste caso, um efeito positivo inverso seria encorajar as pessoas a procurar ajuda”, argumenta Sutherland.
Grupos envolvidos com a questão também argumentam que o suicídio deveria se tornar uma questão de saúde pública. No entanto, apenas 28 países têm estratégias nacionais de prevenção.
“A Finlândia, por exemplo, em uma década viu seus índices caírem 30%”, conta Fleischmann.
O que mata mais os jovens?
1,3 milhão de jovens morrem no mundo anualmente, vítimas de causas evitáveis ou tratáveis
- Trânsito: Acidentes são a principal causa de morte – 11,6% do total
- Suicídio fica em segundo, responsável por 7,3% das mortes
- HIV/Aids e infecções respiratórias
- Violência:O Brasil é o 6º país do mundo com mais homicídios em que vítimas são jovens
OMS, CDC, UNICEF / 2012
Fonte: bbc
Texto 2
Por que precisamos falar sobre o suicídio de jovens no Brasil
Enquanto em países desenvolvidos a taxa de suicídios dessa parcela da população cai, no país ela aumenta.
O suicídio tem crescido entre as causas de mortes de jovens até 19 anos no Brasil. Em 2013, 1% de todas as mortes de crianças e adolescentes do país foram por suicídio, ou 788 casos no total. O número pode parecer baixo, mas representa um aumento expressivo frente ao índice de 0,2% de 1980.
Entre jovens de 16 e 17 anos, a taxa é ainda maior, de 3% frente ao número total. O aumento também ocorre em relação às mortes para cada 100 mil jovens dessa mesma faixa etária: a taxa foi de 2,8 por 100 mil em 1980 para 4,1 em 2013.
Os dados fazem parte da pesquisa Violência Letal: Crianças e Adolescentes do Brasil. Eles foram compilados pela Flacso (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais), um organismo de cooperação internacional para pesquisa.
O aumento do número de mortes de jovens está na contramão do observado em países da Europa ocidental, Estados Unidos e Austrália, onde o número de suicídio de jovens vem caindo. Isso mostra a necessidade de discutir o tema no Brasil.
EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE SUICÍDIOS NA ADOLESCÊNCIA
Questões que envolvem suicídio
COMPARAÇÕES IRREAIS
Segundo Alexandrina Meleiro, jovens imersos em redes sociais como Facebook ou Instagram assistem a retratos de vidas fantásticas. Internautas tendem a selecionar posts que exibam suas melhores conquistas e construir cuidadosamente imagens coloridas de suas vidas. Por comparação a vida de quem assiste a esse espetáculo parece pior, principalmente quando surgem problemas.
SEXUALIDADE
Dificuldades em lidar com ou ter a própria sexualidade aceita continuam a contribuir para comportamento suicida. De acordo com Alexandrina Meleiro, é comum que pais se digam compreensivos quanto à sexualidade dos filhos, mas tenham problemas em lidar, na prática, com filhos não heterossexuais.
GÊNERO
Mortes por suicídio são cerca de três vezes maiores entre homens do que entre mulheres. De acordo com cartilha da Associação Brasileira de Psicologia sobre o tema do suicídio ‘papéis masculinos tendem a estar associados a maiores níveis de força, independência e comportamentos de risco’. O reforço desse papel pode impedir que homens procurem ajuda em momentos de sofrimento. ‘Mulheres têm redes sociais de proteção mais fortes.’
ABUSOS
Maus tratos e abuso físico e sexual durante o desenvolvimento também podem estar associados ao suicídio.
USO DE DROGAS
De acordo com a professora, pessoas suicidas tendem a se envolver em comportamentos autodestrutivos, como o uso de drogas sem moderação. ‘Assim como o álcool contribui para a violência contra o próximo, ele pode desencadear violência contra si mesmo.’
SUPERPROTEÇÃO
Ela também afirma que os jovens são em parte vítimas da própria criação. Pais excessivamente focados em suas próprias carreiras e vidas pessoais sentem-se culpados em relação aos filhos, e tendem a consolá-los com conquistas materiais. “‘Se quebrou o iPhone, o pai providencia outro.’”
‘ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO’
Esse excesso de proteção pode dificultar que o jovem desenvolva, por si próprio, formas de lidar com a frustração com problemas do amadurecimento, como uma desilusão amorosa ou dificuldades para encontrar um emprego.
Caso dos indígenas é particular
O estudo da Flacso destaca que os maiores índices de suicídio do Brasil ocorrem em áreas com grandes comunidades indígenas. Eles sofrem de problemas particulares, não se encaixam na ideia de jovens consumistas superprotegidos pelos pais.
Jovens indígenas sofrem com tensões sociais causadas por conflitos em torno da demarcação de terras e drásticas mudanças sociais sobre seus povos. Das cinco cidades com as maiores taxas de suicídios de jovens de até 19 anos, quatro ficam no Amazonas, Estado com a maior população indígena do Brasil.
Fonte: nexo jornal
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