Leia os textos motivadores a seguir para redigir o que se pede.
Texto 1
Cultura de submissão da mulher: principal determinante da violência doméstica
Nesta entrevista, Dayse de Paula, coordenadora da Pesquisa Novas Hierarquias Profissionais: Conhecimento, Gênero e Etnia, do Programa de Estudos de Gênero, Geração e Etnia da SR3/Faculdade de Serviço Social (FSS), da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), fala dos determinantes da violência social e das formas de coibir este tipo de violência.
Mobilizadores COEP – Em que consiste a chamada violência doméstica contra a mulher? Que condutas a caracterizam?
R.: É toda violência praticada por pessoa do círculo das relações da intimidade e confiança da mulher (companheiro, marido, irmão, padrasto, sogra etc). As condutas mais comuns são agressão verbal, coação, desqualificação das ações da mulher no dia a dia, agressão física e subtração de bens materiais de que a mulher precisa para sobreviver.
Mobilizadores COEP – Quais os principais determinantes deste tipo de violência? Quem são as principais vítimas?
R.: O principal determinante é a cultura de submissão da mulher, ainda existente em nossa sociedade, e o estímulo a comportamentos agressivos na educação do homem. As principais vítimas são mulheres e crianças do sexo feminino. Muitos casos envolvem a dependência de álcool e drogas por parte dos agressores.
Mobilizadores COEP – A que tipos de danos estão sujeitas estas mulheres? E os filhos?
R.: Risco de morte, sequelas neurológicas (perdas de desempenho da inteligência; perda da fala por traumas de crânio que afetam o funcionamento do cérebro); mutilações; prejuízos psicomotores (limitações de movimento devido a lesões permanentes em membros superiores, inferiores), depressão, ansiedade, hipertensão, agressividade transmitida aos filhos, desequilíbrio psíquico etc.
Mobilizadores COEP – Quais as principais formas, hoje, no país de coibir este tipo de violência?
R.: Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs); Centros de Referência da Mulher; Juizado de Violência contra a Mulher e Conselhos Tutelares.
Mobilizadores COEP – Em linhas gerais, o que diz a Lei Maria da Penha a respeito? Houve alguma mudança nestes quatro anos em que a lei está em vigor?
R.: Ela tipifica e define a violência doméstica e familiar contra a mulher e estabelece as suas formas: física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. Com a lei, cresceu significativamente o número de denúncias e de equipes profissionais especializadas no atendimento à mulher em situação de violência doméstica.
Mobilizadores COEP – A que tipo de penalidade estão sujeitos os agressores?
R.: Prisão em flagrante e prisão preventiva do agressor. A pena mínima é reduzida para 3 meses e a máxima aumentada para 3 anos, acrescentando-se mais 1/3 no caso de pessoas com deficiência. Os agressores podem ser obrigados pelo juiz ao comparecimento obrigatório a programas de recuperação e reeducação.
Mobilizadores COEP – Quais as principais dificuldades de se lidar com a violência doméstica, em especial em comunidades de baixa renda?
R.: A principal dificuldade é reconhecer, de imediato, os atos que são considerados violentos. Infelizmente, pelos costumes, muitas mulheres tendem a se submeter a humilhações diárias, sem reagir, tolerando situações que levam a casos mais graves e resistem a denunciá-las. Outra dificuldade é a garantia do fácil acesso à rede de apoio à mulher, que inclui postos de saúde, centros de capacitação de trabalho e abrigos. Embora bem ampliado, ainda precisa de muitas iniciativas nesta direção.
Mobilizadores COEP – É possível realizar um trabalho de conscientização e prevenção à violência doméstica? De que forma?
R.: O importante é tentar criar uma rede de apoio entre moradores solidários, vizinhos, em um primeiro momento para, posteriormente, chegar às instituições referenciadas no atendimento destas mulheres, jovens e crianças. Garantir parcerias com a área da saúde, na perspectiva preventiva, incentivando as notificações médicas, após atendimento.
Mobilizadores COEP – Como redes sociais, como o COEP, podem mobilizar para diminuir a violência doméstica nas comunidades onde atua?
R.: Desenvolvendo ações preventivas e estimulando as mulheres a buscarem a sua autonomia por meio da escolaridade, desenvolvendo projetos de empreendedorismo, em parceria com escolas, destacando a importância da participação de mulheres; desenvolvendo campanhas educativas que fortaleçam o respeito entre homens e mulheres, a começar com as crianças, por meio de uma sensibilização das escolas.
Entrevista do Grupo Gênero, Combate à Discriminação e Grupos Populacionais.
Entrevista concedida à: Renata Olivieri. Edição de: Eliane Araujo.
Fonte: www.mobilizadores.org.br. Acesso em 12/04/2020.
Texto 2
Por Lia Bock
“Dentro da doutrina cristã, lá dentro da igreja, nós entendemos que em um casamento entre homem e mulher, o homem é o líder”. Essa foi a frase que Damares, ministra da Mulher, Família e dos Direitos Humanos disse numa audiência pública na Câmara. Fiquei pensando o que seria essa tal liderança no matrimônio. Porque liderança de mercado eu sei o que significa, liderança no Campeonato Brasileiro e liderança política também, mas liderança marital eu realmente desconheço. É quem decide o que o casal vai comer? Em quem vão votar? Pra onde vão nas férias? Que carro vão comprar?
[…] Ao afirmar publicamente que a mulher deve ser submissa ao homem, Damares mistura a pessoa física – religiosa e submissa no casamento que seja – com a ministra, que deveria pensar no bem de todos independente de credo, raça, orientação sexual ou posição política. E nesse todo o que temos são mulheres morrendo vítimas de seus companheiros – seus líderes, segundo ela. Frases como as da ministra rapidamente empoderam maridos abusadores, que não terão o menor pudor de dizer “tá vendo, você tem que me obedecer, até a ministra está dizendo”, antes de dar uns tapas na esposa.
Damares, entenda: sua crença pregada em público funciona como munição para a arma que mata mulheres. Sei que você jamais colocaria essas balas na pistola, mas suas afirmações protegem homens que, escondidos atrás da máscara de líderes da família, abusam, batem e matam suas companheiras. E veja, eles não precisam de mais estímulo: no mundo morrem hoje 6 mulheres por hora vítimas de pessoas próximas, a maioria companheiros ou ex-maridos. E não adianta dizer no fim da frase que ser submissa não tem nada a ver com tolerar violência. […]
A submissão de muitas mulheres não se dá por opção como a da senhora, se dá por medo. Só que ninguém quer saber dos pormenores, o “líder” faz cara de bonzinho, manda flores e posta foto fofa na rede social e pronto, nunca saberemos que ele espanca a esposa até que seu corpo padeça sem vida. Nada contra suas crenças, ministra, e nem contra seu modo submisso de vida, mas por favor, seja mais responsável em suas declarações.
Fonte: liabock uol – defender a submissão feminina e colocar munição na arma que mata mulheres/Acesso em 20/04/2020.
Texto 3
Fonte: anti blog de criminologia – imagens e representações da violência. Acesso em 12/04/2020.
Com base na leitura e interpretação dos textos motivadores, redija um texto dissertativo, na modalidade padrão da Língua Portuguesa, com tamanho máximo de 30 linhas, sobre o tema A submissão feminina na sociedade.
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