Com base nos textos motivadores abaixo, produza uma redação dissertativo-argumentativa sobre o tema: GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA NO BRASIL.
Texto 1
Gravidez na Adolescência no Brasil
A juventude é uma fase de escolhas que podem ter influência determinante no presente e no futuro de cada pessoa, seja levando ao pleno desenvolvimento pessoal, social e econômico, seja criando obstáculos à realização destas metas.
Decisões voluntárias e conscientes relacionadas ao exercício da sexualidade e á vida reprodutiva são particularmente importantes nessa etapa da vida.
De acordo com dados oficiais:
- 26,8% da população sexualmente ativa (15-64 anos) iniciou sua vida sexual antes dos 15 anos no Brasil;
- Cerca de 19,3% das crianças nascidas vivas em 2010 no Brasil são filhos e filhas de mulheres de 19 anos ou menos;
- Em 2009, 2,8% das adolescentes de 12 a 17 anos possuíam 1 filho ou mais;
- Em 2010, 12% das adolescentes de 15 a 19 anos possuíam pelo menos um filho (em 2000, o índice para essa faixa etária era de 15%).
A taxa de natalidade de adolescentes no Brasil pode ser considerada alta dadas as características do contexto de desenvolvimento brasileiro, sendo observado um viés de renda, raça/cor e escolaridade significativo na prevalência desse tipo de gravidez5 (adolescentes pobres, negras ou indígenas e com menor escolaridade tendem a engravidar mais que outras adolescentes).
Muitas gravidezes de adolescentes e jovens não foram planejadas e são indesejadas; inúmeros casos decorrem de abusos e violência sexual ou resultam de uniões conjugais precoces, geralmente com homens mais velhos. Ao engravidar, voluntaria ou involuntariamente, essas adolescentes têm seus projetos de vida alterados, o que pode contribuir para o abandono escolar e a perpetuação dos ciclos de pobreza, desigualdade e exclusão.
Para romper esse ciclo e assegurar que adolescentes e jovens alcancem seu pleno potencial, é preciso:
- Investir em políticas, programas e ações que promovam os direitos, a autonomia e o empoderamento de adolescentes e jovens, em especial meninas, em relação ao exercício de sua sexualidade e de sua vida reprodutiva, para que possam tomar decisões voluntárias, sem coerção e sem discriminação;
- Garantir o acesso de adolescentes e jovens à informação correta e em linguagem adequada sobre os seus direitos, incluindo o direito à saúde sexual e reprodutiva, bem como o acesso à educação integral em sexualidade;
- Assegurar o acesso às ações e aos insumos de saúde sexual e reprodutiva, tais como preservativos e contraceptivos, para que gravidezes não planejadas sejam evitadas;
- Envolver as famílias, comunidades, serviços e profissionais de saúde na resposta adequada às necessidades e demandas de adolescentes e jovens, incluindo aquelas relacionadas à saúde sexual e reprodutiva.
- Garantir a participação de adolescentes e jovens nos processos de tomada de decisões, como condição fundamental para os avanços democráticos e para a realização de seus direitos.
Fonte: https://www.unfpa.org.br/Arquivos/Gravidez%20Adolescente%20no%20Brasil.pdf
Texto 2
Fonte: https://www.donagiraffa.com/wp-content/uploads/2015/08/Teste-de-gravidez.jpg
Texto 3
Gravidez na adolescência: Brasil tem índice de país que permite casamento infantil
Quantidade total de crianças nascidas de mães adolescentes caiu, mas proporcionalmente, chegamos ao Top-50 em casos de gestação em jovens com menos de 18 anos, próximos a nações como o Sudão do Sul
O índice de gravidez na adolescência diminuiu ao longo dos anos no Brasil e, em contradição, subiu 14 posições, em 20 anos, na lista de 213 países com fecundidade precoce. Hoje, o país está na 49º colocação: são 70 a cada mil meninas entre 15 e 19 anos que deram à luz em 2013, de acordo com a última pesquisa do Banco Mundial.
Acima do Brasil, encontram-se, principalmente, países africanos que têm uma cultura permissível ao casamento infantil. O Níger, por exemplo, adota essa tradição e 71% das mulheres se casaram antes dos 18 anos. Ele se encontra no topo da lista, com 205 meninas a cada mil de 15 a 19 anos que são mães.
Mas o casamento precoce não é fator determinante para o índice de gravidez na adolescência. O Brasil está 56 colocações acima da Índia e 73, do Paquistão, países que permitem, em algumas regiões, o casamento infantil. No Sudão do Sul, por exemplo, 52% das mulheres se casam antes dos 18 anos, mas são 72 mães em um grupo de cada mil adolescentes, o que coloca o país apenas cinco posições acima do Brasil.
De acordo com o Ministério da Saúde, a gravidez precoce caiu 26% nos últimos 13 anos. Em 2000, foram 750.537 bebês nascidos vivos por partos de adolescentes de 10 a 19 anos. Nesse mesmo ano, o Brasil estava em 54º lugar no ranking mundial com índice de fecundidade em meninas entre 15 e 19. Com a ajuda de políticas de prevenção, em 2013, foram 555.159 bebês. Mesmo com uma diminuição significativa no número dos nascidos, proporcionalmente, o país piorou em relação a outras nações.
De acordo com o relatório do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), divulgado em 2013, foi constatado que, no Brasil, 12% das adolescentes de 15 a 19 anos têm pelo menos um filho. Na mesma pesquisa, 19,3% das crianças nascidas em 2010 são filhos e filhas de mães menores de 19 anos.
A manicure Nicelly Nascimento foi mãe aos 13 anos, e hoje, com 26 anos, conta as dificuldades que passou na época. “Ter que me posicionar perante aos outros foi bem difícil. Mudou bastante os rumos da minha vida. Tive que parar os estudos e, quando meu filho tinha dois anos, tive que começar a trabalhar, o pai não ajudou com nada. Foi bem complicado”, lamenta.
Diferentemente da cultura dos países da África, os fatores associados à maternidade precoce no Brasil são encontrados, principalmente, no lar da jovem. A condição de pobreza da família e a falta de diálogo entre os pais e as jovens são apontados como antecessores. Mas também a falta de acesso à educação sexual nas escolas e o auxílio no planejamento familiar prejudica a prevenção da gravidez.
Além de mudar totalmente a trajetória de vida dessas jovens mães, a gravidez na adolescência traz outros problemas. As meninas que engravidam antes dos 15 anos aumentam em cinco vezes o risco de morrer por causas relacionadas a própria gravidez, ao parto e ao pós-parto do que mulheres na faixa dos 20 anos.
Segundo a obstetra de alto riso do Hospital Universitário de Brasília (HUB), Silândia Freitas, os riscos começam em decorrência de negligência da própria adolescente. Normalmente, elas escondem a gravidez por um tempo e atrasam o acompanhamento da gestação por um profissional. Além disso, pela pouca idade, a chance de desenvolverem doenças relacionadas a gravidez aumenta significativamente. “O risco de doenças hipertensivas, doenças metabólicas e diabetes gestacional cresce em adolescentes. A vida reprodutiva da jovem também é limitada, consequência da cesariana”, explica a obstetra.
Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/brasil/2015/08/18/internas_polbraeco,495139/gravidez-precoce-brasil-tem-indice-de-pais-que-permite-casamento-infa.shtml