TEMA DE REDAÇÃO – Crise energética no Brasil

O Brasil está enfrentando uma grave crise energética, cujas causas envolvem fatores políticos, econômicos e ambientais. A dependência de hidrelétricas como a principal fonte de energia do país, o acionamento das termelétricas e as bandeiras tarifárias – que aumentam a conta de luz da população – são algumas preocupações em relação ao tema.

Leia os textos motivadores a seguir e, com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo sobre o tema “Crise energética no Brasil”.

TEXTO 1

Uma ilustração do mapa do Brasil com pernas e braços. O mapa está ao lado de uma porta e dentro de uma sala. Ele está pressionando um interruptor de luz e olhando para a lâmpada assustado ao ver que a luz é escura. Acima da ilustração há o título: "A ameaça de apagão". Charge de Zé Dassilva.

Fonte: https://www.nsctotal.com.br/noticias/charge-do-ze-dassilva-a-ameaca-de-apagao

TEXTO 2

O que é uma crise energética?

Uma crise energética corresponde a um problema conjuntural causado por uma combinação de fatores de ordem natural e estrutural que afetam a geração de energia elétrica em uma determinada localidade, deixando de corresponder à demanda e causando, assim, uma sobrecarga no sistema. Isso pode ocasionar a necessidade de racionamento, blecautes ou apagões, encarecimento das contas mensais, que, por sua vez, interferem diretamente nos preços de bens de consumo, e até mesmo originar ou aprofundar crises políticas.

Causas da crise energética no Brasil

O ano de 2021 ficou marcado pelo acúmulo de crises de diversas naturezas em todo o mundo, inclusive no Brasil. Uma dessas é a crise energética, que, desde o início, deu sinais da sua gravidade. Uma vez que o Brasil ainda depende em grande parte das hidrelétricas para a geração de energia, atribui-se como uma das principais causas da atual crise de energia o que tem sido categorizado como a pior crise hídrica vivida pelo país nos últimos 91 anos.

A crise hídrica é caracterizada pela escassez de chuvas e o desabastecimento dos principais reservatórios de água do país, que passam a operar com capacidade abaixo da considerada ideal. De acordo com os dados do Operador Nacional do Sistema (ONS), os reservatórios que abastecem as hidrelétricas das regiões Sudeste e Centro-Oeste operavam, no início de setembro de 2021, com 20,66% de sua capacidade, sendo esse o nível mais baixo entre todos os subsistemas que fornecem água para a geração de eletricidade.

No Sul, o volume é de 26,47%. Os subsistemas do Nordeste e do Norte operam, respectivamente, com 48,53% e 69,44%. Somente o subsistema da região Norte opera acima da capacidade considerada a ideal, que é de 60%.

No cerne do problema de desabastecimento de água está a degradação dos biomas brasileiros, que tem se acelerado a ritmos alarmantes nos últimos anos. As queimadas e, em maior escala, o desmatamento têm influenciado diretamente na circulação atmosférica e na transferência de umidade da Amazônia para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, além de prejudicarem nascentes e cursos d’água de outras formações, como o Cerrado, a Mata Atlântica e o Pantanal.

Soma-se às condições locais as mudanças climáticas e a ocorrência de fenômenos como o La Niña, que derruba o índice pluviométrico nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, onde se situam importantes reservatórios, como os de Itaipu, Furnas e Cantareira.

Embora tenha havido a maior diversificação da matriz energética brasileira desde a crise do apagão de 2001, bem como a ampliação das linhas de transmissão de energia, o grande apoio em fontes como a hidrelétrica, que é atualmente de 63,9%, pode levar a crises como a atual.

A revogação do horário de verão, o que ocorreu no ano de 2019, contribuiu para o aumento da demanda por eletricidade no chamado horário de pico (de 18 h a 21 h), assim chamado por ser o intervalo em que há maior utilização de luzes e aparelhos ligados na energia. O adiantamento dos relógios estendia o período de luminosidade, favorecendo a menor utilização de luz elétrica e, assim, diminuindo a sobrecarga no sistema.

Outro motivo que contribuiu para o agravamento da crise energética atual é a falta planejamento e de reação rápida por parte do governo federal, repetindo o padrão de anos atrás, quando o país foi submetido ao racionamento energético entre 2001 e 2002.

Medidas para conter a crise energética no Brasil

A principal medida adotada como meio de contenção da crise energética no Brasil em 2021 foi o acionamento das usinas termelétricas para abastecer o sistema nacional e complementar o atendimento da demanda interna. As termelétricas geram eletricidade por meio da queima de combustíveis como óleo diesel e biomassa. Esse processo, além de ser mais poluente para o meio ambiente, é mais caro e gera um custo adicional para o consumidor final na sua conta de energia.

O custo aparece cobrado na chamada bandeira vermelha estabelecida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que cobra uma taxa a cada 100 kWh consumidos. Para o mês de setembro de 2021, foi criada uma nova bandeira tarifária chamada de bandeira de escassez hídrica, que aumentou as contas de energia em aproximadamente 6,78%, com o acréscimo de R$ 14,90 a cada 100 kWh, além da tarifa anterior, que estava também em voga.

Embora especialistas falem na necessidade de racionamento de energia elétrica de amplo alcance, o Ministério de Minas e Energia (MME) adotou uma medida de racionamento voluntário cuja validade teve início no mês de setembro de 2021. Receberão bônus de até R$ 50, a cada 100 kWh poupados nas contas de janeiro de 2022, os estabelecimentos e residências que realizarem economia de 10% entre o dia 1º de setembro e 31 de dezembro de 2021. Caso a meta seja atingida, o patamar será ampliado para 15%, a ser economizado no ano seguinte.

Acredita-se que, para tentar afastar o risco de apagões pelo território nacional, e pensando também em crises futuras, algumas das medidas que deveriam ser adotadas seriam as seguintes, além do racionamento de 15%:

  • Retomada do horário de verão;
  • Campanhas de conscientização e ampla comunicação, um dos fatores adotados na gestão da crise de 2001 e que surtiu efeitos positivos;
  • Adoção de cortes programados de energia;
  • Maior diversificação da matriz energética, com a utilização de outras fontes renováveis de grande disponibilidade no país, como solar e eólica.

Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/crise-energetica-no-brasil.htm

TEXTO 3

Entenda as bandeiras tarifárias: valores da cobrança adicional na conta de luz.
Bandeira verde: condições favoráveis de geração de energia, sem cobrança adicional.
Bandeira amarela: condições menos favoráveis, R$ 1,874 por 100 kWh consumidos.
Bandeira vermelha: térmicas ligadas, dois patamares: um de R$ 3,971 e outro de R$ 9,492 para cada 100 kWh.
Bandeira Escassez Hídrica: custo de energia mais caro, R$ 14,20 por 100 kWh consumidos. Infográfico do site G1.

Fonte: https://g1.globo.com/economia/noticia/2021/11/26/aneel-elimina-cobranca-adicional-na-conta-de-luz-em-dezembro-para-familias-de-baixa-renda.ghtml

TEXTO 4

“A falta de água nos reservatórios faz com que se criem as bandeiras tarifárias e agora criaram mais uma. Eu estimo mais ou menos R$ 33 bilhões que eles vão tirar da população brasileira, da sociedade brasileira, da economia para levar para esses agentes que operam no setor elétrico. Se nós estivéssemos na bandeira verde, que significa reservatório com água, quanto que essas empresas estariam faturando a mais? Nada, estariam faturando aquilo que está no valor do contrato. Quando você coloca as bandeiras tarifárias isso vai acrescentando transferência de renda, retira da população e vai para essas empresas. 

Como essas empresas estão todas verticalizadas ou são grupos econômicos, elas não perdem na ponta da geração. Ao contrário, o governo baixou uma Medida Provisória que permite a elas recuperar todo dinheiro que elas eventualmente estejam perdendo em 2021. Na outra ponta, com essas bandeiras tarifárias, elas arrecadam esse recurso brutal, saindo da população, sacrificando principalmente os mais pobres que não tem mais onde economizar e que estão pagando tarifas absurdas. Na verdade, é uma operação que visa favorecer os operadores do sistema elétrico, os agentes do setor.” (Vicente Andreu, ex-diretor presidente da Agência Nacional de Águas, em entrevista para o Brasil de Fato).

EXEMPLO

O filme “Mad Max”, retrata a história que se passa em um mundo pós-apocalíptico em que a escassez de recursos naturais e a crise generalizada promovem diversos conflitos. Fora da ficção, o país enfrenta problemas relacionados à crise energética, visto que essa temática é de ordem mundial e gera graves consequências. Diante disso, existem fatores que contribuem para o aumento dessa problemática, a qual ocorre devido aos impactos ambientais e à falta de investimento.

Inicialmente, o primeiro fator que aparece como impulsionador desse empecilho são os impactos ambientais. Sabe-se que as mudanças climáticas e a escassez de chuvas prejudicam o abastecimento das hidrelétricas, que corresponde a 63% da matriz energética brasileira. Dessa forma, os crescentes casos de queimadas, desmatamentos e poluições são responsáveis pela sobrecarga no sistema, gerando apagões, além de estarem atrelados também às inflações.

Junto a isso, é válido ressaltar que a falta de investimento auxilia na propagação desse entrave. Nesse viés, vê-se que a ausência de planejamento e investimento do Governo em outras fontes de energia torna o país dependente da água, enquanto há outros recursos que podem ser utilizados e que são inesgotáveis, como a eólica e a solar.