Primeiramente, ao celebrarmos o Dia Internacional da Mulher, ressaltamos não apenas a importância da luta pela igualdade de gênero, mas também o poder transformador das mulheres que marcaram a história e continuam a inspirar mudanças na sociedade contemporânea.
Nesse sentido, selecionamos figuras femininas emblemáticas, cujas trajetórias e legados podem servir de repertório sociocultural enriquecedor para redações do Enem, ou seja, ilustrando a capacidade de resistência, inovação e liderança femininas em diversas esferas da vida, por isso vamos usar as mulheres como repertório.
Mulheres como repertório: contexto histórico
O Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, tem suas raízes em uma série de eventos sociais, políticos e econômicos no final do século XIX e início do século XX, que buscavam, sobretudo, melhorar as condições de trabalho e reconhecer os direitos das mulheres.
Além disso, a data é uma homenagem às mais de 100 mulheres que morreram em um incêndio na fábrica Triangle Shirtwaist em Nova York, em 1911, um evento que desencadeou mudanças significativas nas leis trabalhistas.
Movimentos marcantes
Por outro lado, a origem do Dia Internacional da Mulher está ligada a protestos femininos que ocorreram em Nova York, à II Conferência Internacional das Mulheres Socialistas em 1910, ao trágico incêndio em 1911, e ao movimento feminino russo contra a guerra em 1917. Dessa forma, esses eventos foram cruciais para a consolidação da data como um símbolo da luta feminina.
Mulheres como repertório: 8 mulheres para usar na redação
Apresentamos oito mulheres inspiradoras que podem ser utilizadas como repertório sociocultural em suas redações, isto é, destacando suas contribuições em diferentes áreas e os temas sociais relacionados às suas vidas e obras.
1. Carolina Maria de Jesus
Carolina Maria de Jesus foi uma escritora brasileira que viveu grande parte de sua vida na favela do Canindé, em São Paulo. Além disso, ela ganhou notoriedade com a publicação de “Quarto de Despejo”, um diário que retrata o cotidiano de pobreza extrema.
Temas sociais: suas obras abordam a vida nas favelas, a luta pela sobrevivência, o racismo, bem como a desigualdade social.
2. Conceição Evaristo
Conceição Evaristo foi recentemente anunciada como a mais nova imortal da Academia Mineira de Letras, sem dúvida, reconhecimento por sua contribuição única à literatura brasileira.
Temas sociais: desigualdade racial; representatividade negra; feminismo negro; resistência à discriminação; como também direitos humanos.
3. Sueli Carneiro
Sueli Carneiro é uma filósofa, escritora e ativista do movimento social negro no Brasil. Ademais, ela também é Fundadora do Geledés – Instituto da Mulher Negra, bem como uma das principais vozes do feminismo negro no país.
Temas sociais: racismo, feminismo negro, direitos humanos. A obra e a vida de Sueli Carneiro são fundamentais para entender a luta contra o racismo e o sexismo no Brasil, promovendo a igualdade e justiça social.
4. Lilia Moritz Schwarcz
Lilia Moritz Schwarcz é uma antropóloga, historiadora e professora universitária brasileira. Ela é conhecida por suas obras que exploram a história do Brasil, com foco especial na questão racial, a construção da identidade nacional e o período monárquico.
Temas sociais: racismo, identidade nacional, monarquia no Brasil. Nesse sentido, suas pesquisas podem ser usadas para discutir como a história é construída e a importância de reconhecer a diversidade e complexidade do passado brasileiro.
5. Frida Kahlo
Pintora mexicana conhecida por seus retratos, autorretratos e obras inspiradas pela natureza e artefatos do México.
A obra de Frida é celebrada por sua representação intransigente e pessoal da forma feminina, explorando temas como identidade, pós-colonialismo, gênero, classe e raça na sociedade mexicana.
Temas sociais: empoderamento feminino, superação de adversidades, expressão da identidade cultural e pessoal. Frida Kahlo se tornou um ícone do feminismo e da arte, com sua vida e obra inspirando gerações a expressar suas verdades autênticas.
6. Rita Lee
Rita Lee foi uma das maiores ícones do rock brasileiro, conhecida por sua irreverência, talento como compositora e performances carismáticas. Todavia sua obra abrange diversas fases e estilos musicais.
Temas sociais: direitos das mulheres, críticas sociais e políticas, liberdade de expressão e o questionamento de padrões sociais e de comportamento.
7. Marta
Jogadora de futebol brasileira, frequentemente considerada a melhor jogadora de futebol feminino de todos os tempos.
Dessa forma, Marta é conhecida por sua incrível habilidade técnica, visão de jogo e capacidade de marcar gols. Ademais, ela foi eleita seis vezes a Jogadora do Ano pela FIFA.
Temas sociais: igualdade de gênero no esporte, desenvolvimento do futebol feminino, representatividade feminina. Outrossim, Marta simboliza a luta por reconhecimento e igualdade no esporte feminino.
8. Emília Ferreiro
Psicóloga argentina e uma das maiores expoentes na psicogênese da língua escrita, conhecida por seu trabalho sobre como as crianças aprendem a ler e escrever.
Além disso, seus estudos revolucionaram os métodos de alfabetização, uma vez que influencia significativamente a pedagogia em toda a América Latina.
Temas sociais: alfabetização, desenvolvimento cognitivo infantil, construtivismo.
Exemplo de mulheres na redação
Hannah Arendt (Filosofia Política)
foi uma filósofa política alemã de origem judaica, reconhecida como uma das pensadoras mais influentes do século XX.
Como usar na redação: desse modo, as ideias de Hannah Arendt podem ser usadas em redações para discutir como a falta de reflexão e a tendência a não assumir a responsabilidade pelos próprios atos podem levar a atitudes cruéis e desumanizadoras.
Argumentos relacionados: sem dúvida, individualismo, narcisismo, egocentrismo, crueldade social, conformidade, falta de reflexão crítica, bem como a banalização.
Exemplo de desenvolvimento 2
Em uma segunda análise, a alienação social contribui para a persistência da disparidade no acesso ao cinema. A filósofa alemã Hannah Arendt, em “Banalidade do Mal”, refletiu sobre o resultado do processo de massificação da sociedade, o qual forma os indivíduos incapazes de realizar julgamentos morais, tornando-se alienados e aceitando as situações sem questionar. O pensamento da filósofa está relacionado ao contexto de alienação da sociedade brasileira no qual os sujeitos sociais se calam diante das questões que prejudicam grupos menos favorecidos, desconsiderando a importância de determinados recursos, como acesso ao cinema, para o cumprimento de direitos sociais. Nesse contexto, é essencial superar esses paradigmas que prejudicam diversos indivíduos.Caroline Baptista ( nota mil 2019)
Djamila Ribeiro (Filosofia Política)
é uma filósofa, pesquisadora e uma das principais vozes brasileiras no combate ao racismo e ao feminicídio, com foco em teoria feminista, relações raciais e de gênero, como também o feminismo.
Argumentos relacionados: racismo, feminicídio, discriminação, relações de gênero, feminismo e negligência governamental, por exemplo.
Como usar na redação: as ideias de Djamila Ribeiro podem ser usadas para discutir a persistência do racismo e do sexismo na sociedade brasileira, ou seja, enfatizando a necessidade de uma abordagem coletiva e sensibilizada para combater esses problemas.
Exemplo de desenvolvimento 1
Diante desse cenário, nota-se a inoperância governamental como fator agravante do descaso em relação às culturas tradicionais. Para a pensadora contemporânea Djamila Ribeiro, é preciso tirar as situações da invisibilidade para que soluções sejam encontradas, perspectiva que demonstra a falha cometida pelo Estado, uma vez que existe uma forte carência de conscientização popular sobre o assunto – causada pelo baixo estímulo governamental a essas discussões, tanto nas salas de aula quanto no âmbito político. Nesse sentido, fica evidente que, por não dar notoriedade à luta desses povos, o governo permite o esquecimento e a minimização de seus costumes, o que gera não somente a massiva perda cultural de um legado cultivado por gerações, mas também o prejuízo da desestruturação econômica de locais baseados nessas técnicas. Ana Carolina Angelim (nota mil 2022)
Sueli Carneiro (História)
é uma historiadora e ativista brasileira, conhecida por sua contribuição significativa aos estudos sobre raça, gênero e epistemologia.
Argumentos relacionados: destruição de conhecimentos, monocultura intelectual, diversidade, como também a epistemológica.
Como usar na redação: a obra de Sueli Carneiro pode ser usada para argumentar sobre a importância da diversidade de conhecimentos e culturas e criticar a dominação de um único modelo epistemológico no mundo.
Aliás, isso permite discutir sobre a necessidade de reconhecer e valorizar diferentes formas de saber e de compreender o mundo, bem como questiona a hegemonia do conhecimento científico ocidental, por exemplo.
Exemplo de desenvolvimento 2
Ademais, é nítido que as dificuldades de promover um verdadeiro reconhecimento e valorização das comunidades tradicionais ascendem à medida que raízes preconceituosas são mantidas. De fato, com base nos estudos da filósofa Sueli Carneiro, é perceptível a existência de um “Epistemicídio Brasileiro na sociedade atual, ou seja, há uma negação da cultura e dos saberes dos grupos subalternizados, a qual é ainda mais reforçada por setores midiáticos. Em outras palavras, apesar da complexidade de cultura dos povos tradicionais, o Brasil assume contornos monoculturais, uma vez que inferioriza e “sepulta” os saberes de tais grupos, cujas relações e produções, baseadas na relação harmônica com a natureza, destoam do modelo ocidental, capitalista e elitista. Logo, devido a um notório preconceito, os indivíduos tradicionais permanecem excluídos socialmente e com seus direitos negligenciados. Carina Moura ( nota mil 2022)
Cecília Meireles (Literatura)
foi uma importante poetisa brasileira, destacando-se também como educadora. Além disso, sua obra contempla temas como liberdade, introspecção e a valorização da cultura nacional.
Argumentos relacionados: importância da educação na formação individual, o papel da cultura na sociedade, ineficiência do Estado e a ação educativa como meio de transformação social.
Como usar na redação: Meireles’ enfase na educação e cultura pode apoiar argumentos sobre a importância do ensino na construção da identidade e preservação cultural.
Logo, seu trabalho reflete sobre o papel transformador da educação e a necessidade de diálogo e reflexão crítica na sociedade.
Exemplo de desenvolvimento 2
Além da ineficiência do Estado, o desconhecimento dessa diversidade cultural por parte de muitos indivíduos acentua a desvalorização dos povos tradicionais. Notadamente, a invisibilidade de comunidades históricas compromete o desenvolvimento de senso crítico frente à importância dessas organizações sociais para a construção identitária do país, cenário que comprova o pensamento da escritora brasileira Cecília Meireles, em sua obra “Crônicas da Educação”, na qual consigna: a educação é fundamental para a orientação individual, ou seja, para a criticidade das inúmeras situações da vida social. Conforme esse raciocínio, a sociedade não valoriza devidamente as populações ancestrais e, diversas vezes, segrega essas coletividades por não conhecer sua relevância para a cultura nacional, comprometendo, assim, a manifestação de suas tradições relacionadas ao sentimento de pertencimento e ao modo de viver em harmonia não só com o espaço,mas também com os outros sujeitos. Ana Carolina Angelim (nota mil 2022)
Não perca! Confira nosso vídeo em que a professora Chay aborda a temática da mulher na redação:
Temas de redação sobre mulheres
Temas |
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A superexposição de relacionamentos na internet |
Objetificação do corpo feminino na publicidade |
Mulheres no setor de tecnologia da informação |
Estratégias eficazes para prevenção da gravidez na adolescência |
O papel da educação financeira para mulheres |
A representação feminina em cargos políticos |
Estratégias para o combate à discriminação de gênero no esporte |
A importância da representatividade feminina na mídia e no entretenimento |
Desafios na reintegração de mulheres após a maternidade no mercado de trabalho |
Iniciativas para combater o assédio sexual no ambiente acadêmico |
Mulheres como repertório: Leis sancionadas em 2023 relacionadas às mulheres
Destacamos leis importantes sancionadas recentemente que refletem o progresso na luta pelos direitos das mulheres no Brasil, já que aborda temas como igualdade salarial, proteção para atletas gestantes, combate ao assédio moral e sexual, entre outros.
Lei 14.611 – Lei da Igualdade Salarial
Objetivo: estabelecer a igualdade salarial e de critérios remuneratórios entre mulheres e homens para trabalho igual.
Lei 14.614 – Licença-maternidade para beneficiadas do Bolsa-Atleta
Objetivo: garantir que atletas gestantes ou puérperas beneficiárias do Programa Bolsa Atleta mantenham o benefício durante a gestação e até seis meses após o nascimento do bebê, isto é, totalizando até 15 parcelas mensais sucessivas.
Lei 14.612 – Alteração no Estatuto da Advocacia
Objetivo: incluir o assédio moral, o assédio sexual e a discriminação entre as infrações ético-disciplinares no âmbito da OAB, ou seja, prevendo penalidades de suspensão do exercício profissional de um mês a um ano.
Lei 14.550 – Proteção imediata para mulheres que denunciam violência doméstica
Objetivo: adicionar parágrafos ao artigo 19 da Lei Maria da Penha para conferir maior efetividade à aplicação das medidas protetivas de urgência.
Lei 14.546 – Dia Nacional da Mulher Empresária
Objetivo: instituir o Dia Nacional da Mulher Empresária, reconhecendo a importância da atividade econômica organizada exercida por mulheres na produção ou circulação de bens ou serviços.
Lei 14.542 – Prioridade para mulheres em situação de violência doméstica no Sine
Objetivo: estabelecer prioridade no Sistema Nacional de Emprego (Sine) para mulheres em situação de violência doméstica ou familiar, reservando 10% das vagas para facilitar a inserção no mercado de trabalho.
Fonte: Senado
Portanto, agora que você conhece como usar mulheres como repertório e compreende a importância do Dia Internacional da Mulher, é crucial integrar esses conhecimentos e repertórios em suas práticas de escrita.
Afinal, a inclusão desses elementos não apenas enriquece suas redações, mas também demonstra um entendimento profundo sobre questões de gênero e a luta feminina por igualdade.
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