Gêneros textuais: Crônica

O gênero textual da crônica é sempre bastante estudado durante nosso período de escolarização, mas, por algum motivo, acabamos deixando-o de lado quando falamos dos vestibulares, entretanto, a crônica é um dos gêneros textuais mais pedidos nos exames de admissão das universidades, ao lado da dissertação argumentativa.

Não estamos querendo dar uma de Capitão Nascimento em sua famosíssima aula sobre o conceito de estratégia, mas não íamos perder a oportunidade de conceituar a palavra crônica para vocês, já que esse conceito tem tudo a ver com as características deste tipo de texto.

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O termo crônica está relacionado a duas raízes: uma grega e uma latina. No grego, a palavra crônica tem suas raízes em khrónos (tempo); já em latim, a raiz é chronica, palavra que faz referência ao registro dos acontecimentos numa sequência cronológica.

E a crônica é exatamente isto: um recorte de uma situação num determinado tempo. Mas não é qualquer situação, é uma situação comum, rotineira, que o autor, por meio dos efeitos da língua e da literatura, consegue representar de um modo mais subjetivo, revelando algo que não é exatamente percebido pelo senso comum.

Ou seja, podemos dizer que ela é uma forma especial, poética e até mesmo crítica de se olhar um fato cotidiano, fazendo com que esse fato torne-se arte. Por isso dizemos que ela está no meio do caminho entre um texto literário e um texto não literário, uma vez que ele se ocupa do retrato de uma cena/fato do cotidiano, mas com elementos linguísticos e estilísticos que são fornecidos pela literatura.

Por terem como tema central um fato corriqueiro ou bastante atual, é comum que as crônicas sejam de menor extensão, mais curtas e objetivas. Não à toa, este gênero tem sido escolhido para vários vestibulares.

Tendo se consolidado no século XIX, com a implantação da imprensa, ela era o modo usado pelos escritores para relatarem os grandes acontecimentos históricos e sociais de seu tempo, usando ora técnicas mais jornalísticas, para garantir a informação, ora técnicas mais literárias, para divertir, emocionar ou fazer o leitor refletir sobre um assunto.

Os anos passaram e a crônica continua carregando a função de registrar fatos e comportamentos de um povo em um determinado período, mesclando informação e arte.

Quais são os tipos de crônica?

As crônicas podem abordar inúmeros temas e isso faz com que existam vários tipos de crônica, porém, dentre os mais comuns estão:

  • Crônica narrativa: que conta uma história curta;
  • Crônica mundana: que trata de fatos ou características de uma sociedade específica;
  • Crônica humorística: que transforma uma situação comum numa produção cômica, irônica;
  • Crônica filosófica: que busca um sentido mais reflexivo sobre o tema;
  • Crônica crítica: que pretende criticar um comportamento ou atitude frequente.

É claro que numa crônica podem haver parágrafos de um estilo ou de outro, fazendo com que os temas se mesclem, por isso é importante analisar o que há em comum em todas as crônicas: seu ponto de partida é um fato cotidiano.

Qual é o objetivo de uma crônica e a quem ela se dirige?

Como você viu anteriormente, existem vários tipos de crônica e cada tipo tem seu objetivo específico, que pode ser divertir, criticar, contar um fato, emocionar etc.

As crônicas circulam em diversos locais, como jornais, revistas e sites especializados. O público a quem as crônicas se dirigem depende muitíssimo do local de publicação do material, pois autores de crônicas costumam adaptar seus textos às preferências dos leitores desse jornal, revista etc.

Que forma de linguagem é utilizada numa crônica?

A linguagem é simples, informal, de compreensão mais ágil, até mesmo porque, como já te contamos, o texto é mais curto e circula em meios em que a leitura normalmente é feita de forma ágil, como os jornais e as revistas semanais.

Da mesma maneira que a linguagem é simplificada, os personagens (quando existem, pois uma crônica pode ser escrita em primeira pessoa, sem outros personagens) são menos densos e suas características são apresentadas de forma mais superficial.

Ao contrário do texto dissertativo-argumentativo, ela aceita verbos e pronomes em primeira pessoa do singular.

Qual é a estrutura de uma crônica?

A estrutura da crônica também depende muito do tipo e do objetivo do texto. Se a intenção é contar uma história, ela pode se dividir entre situação inicial, complicação, clímax e desfecho. Já se a intenção é criticar, faremos a divisão clássica entre introdução, desenvolvimento e conclusão.

Em qualquer tipo de crônica, é essencial termos título e é possível incluirmos citações, caso haja coerência com o assunto abordado.

Há muitas pessoas que confundem a crônica narrativa com o conto, uma vez que a estrutura de ambas é igual, mas há alguns fatores que distinguem esses dois gêneros:

  • A crônica narrativa, ainda que conte uma história, não tem foco total na história em si, mas sim na reflexão que será gerada a partir da história;
  • A atitude de reflexão é um dos princípios básicos da crônica;
  • As crônicas começam com uma experiência pessoal, que vai sendo ampliada até que se torne geral. Isso explica porque tantas crônicas são escritas em primeira pessoa do singular;
  • Possibilita a presença de um estilo pessoal na escrita;
  • Como as situações das crônicas são comuns, coseguimos prever como elas continuarão;
  • E, lógico, os fatos cotidianos estão sempre ali, dando o ponto de partida da crônica narrativa, algo que muitas vezes não acontece nos contos.

Quais são os principais cronistas em Língua Portuguesa?

Se você quer ter excelentes referências de como escrever uma crônica em Língua Portuguesa, procure pelos trabalhos de Luis Fernando Veríssimo, Fernando Sabino, Carlos Drummond de Andrade, Moacyr Scliar, Rachel de Queiroz, Cecília Meireles, Rubem Braga, Afonso Romano de Sant’Anna, dentre tantos outros exemplos que poderíamos citar aqui, uma vez que nossa literatura é muito rica.

Quais vestibulares utilizam a crônica na redação?

O vestibular mais conhecido que utiliza ela como gênero textual avaliativo da redação é a Unicamp, em São Paulo, mas outras universidades estaduais e federais, como a Universidade Federal do Ceará e de Londrina, também selecionam a crônica para a redação.

Aliás, variar os gêneros da prova de redação, fugindo um pouco do tradicional texto dissertativo-argumentativo, tem sido tendência nos vestibulares dos últimos anos. Tal variação permite que o aluno demonstre suas habilidades para escrita e mobilização dos recursos da língua com uma finalidade e não somente sua facilidade em “decorar” a estrutura de um determinado tipo de texto.

A melhor forma de saber qual gênero será cobrado em sua prova é ler o edital do ano (pois isso pode variar de um ano para o outro) atentamente. Caso a universidade trabalhe com um gênero específico, sem espaço para escolha do candidato, essa informação constará no edital.

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