Sabemos o que você sente. Todos nós da equipe fomos adolescentes e achávamos que, pra tudo dar certo, aquela prova tinha que dar certo. E que se não fosse assim, como seria? Acho que é claro: a vida tem uma caminho traçadinho. Não tem muito o que inventar. Você vai do fundamental pro médio, do médio pra faculdade, da faculdade pro casamento/emprego/filhos. Aliás, você estudou 8 anos pra chegar até aqui. Seus pais te sustentaram, você estudou o que pôde, se estressou bem mais do que podia e devia, abriu mão de muita diversão pra que isso, que tinha que dar certo, desse certo. Ou, ainda, você não tinha quem lhe sustentasse e teve que se virar nos 30 para conseguir ganhar o pão de cada dia e, ao mesmo tempo, estudar pra que essa correria não fosse sua realidade pra sempre. Aí chegou o grande dia, você estava lá, tinha todo o conteúdo na cabeça, sabia que aquela era a hora, mas não rolou. E por que não rolou? Agora é a hora de usar essa cabecinha linda pra dar uma analisada no que aconteceu e aproveitar cada oportunidade dessa situação (talvez infeliz), já que somos os funcionalistas dessa pós-modernidade. Deixa o passado só um pouquinho pra trás e mergulha aqui no presente comigo e responda depois se Existe vida pós-ENEM:
1. Tá tudo bem: o caminho tem que se encaixar em você, e não você nele.
Já percebeu que muita gente que passa no vestibular o faz porque tá bem mentalmente? Na receitinha de sucesso de vários vestibulandos consta exercícios, sono em dia e lazer com os coleguinhas. Será que isso não os deixou confortáveis, pois, quando a sua vida vai bem, você se sente confiante e a tendência é que outras coisas caminhem no mesmo ritmo? Há também aquele apoio, aquela certeza de que, se der tudo errado, você ainda tem todo o resto dando certo. Você não está disposto a deixar a peteca cair – pra pular no poço da sua narrativa pessoal de sofrimento para procurar. É normal as coisas não darem certo de primeira. Será que não é melhor diminuir a pressão sobre algo que é importante, mas não tudo? (Lembre-se sempre: sua saúde mental, sim, é tudo!). Se você parar pra perceber, esses processos são construídos pra que uma bigorna de pressão seja jogada em você de uma vez só. Meses se preparando pra algumas horas de um dia só. Percebe a desproporcionalidade? Portanto, não tratar o vestibular/concurso/enem como o top dos tops dos sacrifícios colabora e muito pra diminuir a mística envolta nesse negócio. Não se deixe afogar nesse mar de pressão que você se coloca. Sempre tenha seus cais. E, mais fácil do que fingir ter uma vida legal, é realmente ter uma.
Continue a remar!
2. Encontre sua forma de estudar.
Talvez você não goste de gente. Talvez não goste de vozes altas, de ficar sozinho, de escrever. Não tem receita mágica: há o que dá e não dá certo pra você. Encontre o seu jeito de estudar, aquele em que o conteúdo flua diretamente pra dentro da sua cabeça. Eu sei que você é constantemente bombardeado por histórias de sucesso e tá tudo bem se inspirar em alguém, mas a fórmula do outro pode não ser aplicável pra você e tá tudo bem, também. Respeite as suas individualidades. Exemplo: aquela sua prima que passou de primeira no vestibular, já foi aprovada em 3 concursos e virou o assunto dos almoços de família acordava cedinho pra estudar, lia livro de cabeça pra baixo pendurada numa árvore e ainda fazia flexão durante a leitura. Pode ser que você tenha um rendimento bem ruim se acordar muito cedo, tenha medo de altura e não consiga fazer flexões, mas super se sai bem quando estuda à noite e sentadinho na sua cadeira preferida. Tá ok, viu? O lance é se organizar. Se forçar a fazer algo que não serve pra você só vai fazer você perder tempo.
Ah, se mantenha aberto: todo conhecimento é válido e importante. Não faça birra pra umas matérias aí (redação mesmo, nem pense)! É natural que você tenha mais facilidade para aprender alguns conteúdos enquanto sente dez tipos de desespero diferentes quando vai estudar outro. O que não dá pra fazer é simplesmente desistir daquilo que te parece mais difícil. E, se você parar pra perceber, tudo está conectado. Holístico demais, eu sei, mas sempre dizemos aqui que tudo serve como referência pra redação, por exemplo. Não gosta de estudar geografia? Não curte história? Desistiu da humanidade, não lê mais jornal e tá por fora do que tá rolando no Brasil e no mundo? Assim não dá, amiguinho. Lembre-se de que você precisa de conteúdo para a sua produção textual e de que uma disciplina não deixará de ser cobrada só porque você não tem crush com ela (seria ótimo, mas não rola). O mesmo vale para as exatas, viu? A banca não vai aliviar pra você só porque você é de humanas e fica nervoso na hora de conferir o troco. Enfim, não fuja do que te desafia.
Uma coisinha só: não dá pra negar que qualquer projeto em que há muito planejamento tem uma chance altíssima de dar certo. Faça seu planejamento, coloque revisão na conta, seu sono em dia, férias, os amigos da escola, seus pais, namorada, hobby, o exercício que te deixe feliz. Coloque o google agenda pra trabalhar. Vixe, coisa pra caramba, neném. Mas você dá conta.
3. Dê um tempo pra sua cabeça
A gente não esquece que você é gente. Mas, as vezes, nós mesmos esquecemos que somos gente. De carne e osso, cheio de sonhos, vontades e nervosismo.
Vou repetir o que diz o título: dê um tempo pra sua cabeça. A carga mental que não conseguir algo que é importante pra você deixa é gigante. Dá uma respirada pra ela ir embora aos poucos. Saia um dia pra praia sozinho. Leia poemas, uma revista de fofoca, caia no sono no sofá vendo um programa do Discovery, compre aquele doce ruim e barato que é o símbolo da sua infância. Tá, mas o que tudo isso quer dizer? O que lé tem a ver com clé? O que estamos te sugerindo é: separa um tempo pra se conectar com você mesmo. Quando nos afundamos num objetivo que deveria dar um rumo pras nossas vidas, temos a tendência de nos esquecermos das nossas necessidades mais básicas, sentimentais e também objetivas. E queremos que isso não aconteça. Aqui, queremos conter os danos. Que você termine o ano passando, ou não passando, mas com o queixo erguido, a autoestima fortalecida e o coração inteirinho. Além disso, dar esse tempo pra si mesmo pode ser uma escolha decisiva na hora de retomar o fôlego e recomeçar. Sim, re-co-me-çar. Afinal, aqui não trabalhamos com a ideia de desistir.
4. Se conheça, se estude.
Fique amigo dos seus sentimentos. Das suas dores e das suas fraquezas, e também da sua força. Somos uma construção tão grande e tão cheia de interaspectos que dificilmente dá pra entender e lidar consigo mesmo tão objetivamente. Por isso estamos te sugerindo ser carinhoso com você mesmo. Nós nos afastamos de quem é carrasco com a gente. Por que você faria isso com você, então?
Só acontece o que pode acontecer e cada um desses acontecimentos carregam uma porrada de conhecimento. A tristeza, apesar de sempre ocupar o papel de vilã nas nossas vidas, tem um lado bom: pode trazer uma série de lições. Sabemos que talvez esse seja um exercício novo pra você. Como diz o kid abelha, “eu sei a hora do mundo inteiro, mas não sei quando parar”. Isso não é algo que aprendemos na escola, em que o conhecimento objetivo é muito mais importante que o sentimental. Então, essa marimba ficou pra você resolver sozinho mesmo e a dica mais valiosa que podemos lhe dar é: chame a sua tristeza e suas fraquezas para conversar. Se você simplesmente fugir delas, não vai conseguir se conhecer de verdade.
5. Desistir não é uma opção.
Você ainda vai ter que se sustentar um dia e, querendo ou não, dinheiro te dá a liberdade de fazer o que você quiser (com ressalvas, claro) e te livra de muita situação desnecessária. Poder morar sozinho, comprar aquela bolsa legal, almoçar fora de vez em quando e, melhor do que tudo, deitar uma cabeça leve e feliz no travesseiro. E, se você já tem que se sustentar, sabe mais do que ninguém o quanto é bom ter condições de usufruir das coisinhas que citei acima.
Conclusão: não se desespere. Um rumo não é algo que cai do céu. Infelizmente (ou felizmente) somos nós mesmos que devemos construir um sentido pra isso que chamamos de vida. Afinal, quem sabe melhor o que é melhor pra você do que você mesmo?
Uma coisa que você pode escolher nesse negócio é como você quer viver essa experiências. E que experiências o seu eu do futuro quer ter.
Acho que ficou claro durante o texto, mas queremos repetir: se preparar é necessário, óbvio. Não precisa nem de um texto pra te convencer disso. Mas de que adianta despejar um montão de conteúdo em uma cabeça que não tá pronta pra absorver? Se o copo é furado, porque encher de suco antes de tapar os buracos? Se cuida, criança. Se precisar de ajuda, estamos aqui pra corrigir sua redação e fazer um cafuné na sua cabeça. E perceba que Existe vida pós-ENEM!
Depois desse desafio, vai ter tantos, mas tantos! Você não tá animado? Nós estamos!