Você já tá bem sabidinho e já sabe que tem que planejar o seu texto e também já sabe como fazer uma introdução de arrasar. Agora, chegou a hora de aprender a se defender. Nossa, como assim se defender??? Sim, bebê, a gente quer que você seja o Super Saiyajin da redação. Venha ver Redação por partes: Desenvolvimento.
Lembra que a gente combinou que, na sua redação, você precisa ter uma tese? (Se ainda tá meio perdido com isso, espia aqui)
E que tese é uma palavra mais chique para dizer opinião? Então, agora chegou a hora de você defender aquilo que você acredita. Parece discurso de livro de autoajuda, mas é de redação que a gente tá falando, mesmo. Simplesmente porque é no desenvolvimento que, como o nome já diz, você desenvolve e defende as ideias que sustentam a sua redação. Parece difícil?
Mas não é, não. A gente vai ser legal (como sempre hehehe) e dar algumas dicas bem bacanas.
Não tem surpresa, afinal, você já planejou o seu texto
Se você planejou o seu texto e chegou até aqui, não tem mistério, pois seus argumentos já foram planejados e, inclusive, já foram citados na introdução. Então, não se descabele porque, nesse momento, tudo o que você tem a fazer é desenvolver uma ideia que já está prontinha na sua cabeça.
Caso você não saiba de que planejamento estamos falando, volte duas casas e leia nosso texto sobre isso. E, a partir de hoje, jure juradinho que irá incluir o planejamento da redação em todas as suas produções textuais, tá bem?
É um argumento por parágrafo de desenvolvimento, e não 5
Tá vendo porque é importante planejar? Tá, o texto não é sobre planejamento, mas fica difícil falar de um bom desenvolvimento sem relembrar sobre o quanto é importante pensar no texto inteiro antes de começar a produzi-lo, simplesmente porque, se você deixar as ideias correrem soltas, vai dar treta.
Então, coloque uma coisa na sua cabecinha: mais valem 2 argumentos bem desenvolvidos, um em cada parágrafo de desenvolvimento, do que uns 5 argumentos rasos. Até rola um terceiro parágrafo de desenvolvimento e, consequentemente, um terceiro argumento. mas não mais do que isso. É impossível se aprofundar e defender um monte de argumento em um número tão limitado de linhas. Não é por acaso que a gente faz textão no facebook quando quer ganhar uma discussão.
Não se esqueça que parágrafos são minitextos dentro da sua redação
Você tem bons argumentos, mas trava na hora de colocá-los no papel?
Tem problema, não. A gente te ajuda. O primeiro passo para construir um bom argumento, completo e bem organizado, é sempre lembrar que um parágrafo é uma redação em miniatura dentro dessa grande coisa que é a sua redação. Isso significa que ele precisa ter 3 coisas: introdução, que, na verdade, é o tópico frasal, desenvolvimento e conclusão.
“Aiii, como assim tópico frasal???” Se você não lembra o que é isso, temos um vídeo pra te ajudar
E já adiantamos que se trata, resumidamente, da ideia central do seu parágrafo.
Tá bom, a gente sabe que com um exemplo fica mais fácil. Espia este parágrafo de desenvolvimento:
“Algo que contribui para o enraizamento da noção de inferioridade da mulher na mente dos brasileiros e, portanto, para a persistência de tal violência é a representação feminina na mídia. Mesmo em 2015, comerciais de cerveja, por exemplo, reduzem a figura das brasileiras a objetos sexuais, cujo único objetivo é servir os homens. Ao mesmo tempo, propagandas de produtos de limpeza a ainda existente relação aparentemente natural entre a mulher e a cozinha, sendo o marido o único capaz de trabalhar na sociedade e sustentar a família. Assim, a diferenciação entre gêneros torna-se quase inconsciente, o que acaba servindo como justificativa para que os números de mulheres agredidas não sejam levados tão a sério.”
Quer saber quem é quem? Olha:
Tópico frasal:
“Algo que contribui para o enraizamento da noção de inferioridade da mulher na mente dos brasileiros e, portanto, para a persistência de tal violência é a representação feminina na mídia.”
Percebe que, com uma frase, a autora do texto deixou bem claro que o argumento dela se refere à forma como a mídia mostra a mulher? Depois, ela vai desenvolver a ideia. Confere:
Desenvolvimento:
“Mesmo em 2015, comerciais de cerveja, por exemplo, reduzem a figura das brasileiras a objetos sexuais, cujo único objetivo é servir os homens. Ao mesmo tempo, propagandas de produtos de limpeza a ainda existente relação aparentemente natural entre a mulher e a cozinha, sendo o marido o único capaz de trabalhar na sociedade e sustentar a família.”
A estratégia de desenvolvimento escolhida por ela foi a exemplificação. Vamos falar sobre estratégias argumentativas já já.
Conclusão:
“Assim, a diferenciação entre gêneros torna-se quase inconsciente, o que acaba servindo como justificativa para que os números de mulheres agredidas não sejam levados tão a sério.”
Pronto, fechou a ideia. Não fica lindo, gente? Fica. Então, daqui pra frente, prometa que vai se esforçar para construir parágrafos, sejam eles de desenvolvimento ou não, super organizadinhos, com um argumento só, bem desenvolvido, e com uma estrutura bacaninha.
Não vá pra guerra sem uma tática
Já viu alguém ir pra guerra sem uma tática? Não dá, gente. Assim como foi preciso escolher um tipo de introdução, também vai ser preciso optar por uma estratégia na hora de fazer o seu desenvolvimento. A tal da estratégia argumentativa. E, de novo, a gente não vai te dar um plano infalível, pois o Cebolinha tá aí pra nos mostrar que eles não costumam dar certo.
Não decore receitinhas, conheça diferentes estratégias para, na hora H, se dar ao luxo de poder escolher uma, de acordo com aquilo que veio na sua cabeça no momento. Vamos ver algumas das várias táticas possíveis?
Exemplo:
Trazer um exemplo é sempre muito bom. E esse é o tipo de desenvolvimento que tá aí pra te mostrar que é possível defender sua opinião de forma efetiva sem precisar decorar um amontoado de citação e dados, afinal, os exemplos podem ser retirados de fatos do cotidiano. Se tiver bem conectado com o seu argumento, é só partir pro abraço. Espia só:
“Embora já tenha havido notáveis avanços nessa luta, a mulher brasileira ainda é vítima de diversos tipos de agressões. A Lei Maria da Penha, que estabelece punições aos agressores, é um exemplo de conquista do movimento, tendo levado à justiça mais de 330 mil casos entre setembro de 2006 e março de 2011, segundo dados divulgados pela revista “IstoÉ“. Por outro lado, neste mês de outubro, discute-se no poder legislativo a ideia de tornar novamente proibido o aborto em caso de estupro. Isto representa o risco de inúmeras mulheres (sobretudo as menos favorecidas), cuja dignidade já foi ferida no abuso sexual, perderem suas vidas em abortos clandestinos. Desse modo, é importante reconhecer que já houve, sim, vitórias, mas ainda se veem fortes resistências à batalha feminina.”
A parte em negrito é um exemplo super comentado na sociedade, a Lei da Maria da Penha. Então, como vocês podem ver, não foi preciso inventar muita moda para construir um argumento bem desenvolvido.
Causa e consequência:
“Episódios de preconceito religioso são recorrentes no contexto histórico nacional. Arrastando-se do período escravocrata até hodiernamente, religiões de origem africana, como a Umbanda e o Candomblé, são vítimas de preconceito. Esta discriminação nefasta é responsável por impor restrições aos praticantes , sendo estes muitas vezes atacados de forma homicida. Tal contexto exemplifica a proporção alcançada pela intolerância religiosa, além de exaltar a necessidade de propostas resolutivas.”
A primeira parte destacada é a causa do problema. Além disso, o aluno trabalhou com especificação quando expandiu a sua ideia citando duas religiões de matriz africana que sofrem preconceito. Por fim, ele traz a consequência, que é a segunda parte destacada. Lindo, né? E como você pode ver, mais uma vez, não foi preciso nenhuma ideia mirabolante para construir um bom parágrafo de desenvolvimento.
Menção a obras consagradas:
“Além disso, é cabível enfatizar que, de acordo com Paulo Freire, um seu livro “Pedagogia do Oprimido”, é necessário buscar uma “cultura de paz“. De maneira análoga, muitos religiosos, a fim de evitar conflitos, hesitam em denunciar casos de intolerância, sobretudo quando envolvem violência. Entretanto, omitir crimes, ao contrário do que se pensa, significa colaborar com a insistência da discriminação, o que funciona como um forte empecilho para resolução dessa problemática.”
Citar uma obra amplamente conhecida é super bacana, mas notem que não basta apenas citar, certo? É preciso relacioná-la com o seu argumento. Se não tem ligação entre uma coisa e outra, a dica é: não force a barra. Seu corretor vai perceber que você apenas decorou aquela obra e a citou porque não tinha outra estratégia para usar.
Alusão histórica:
“Além disso, cabe ressaltar que a intolerância às crenças burla preceitos constitucionais. Nessa perspectiva, a Constituição Brasileira promulgada em 1988, após duas décadas da Ditadura Militar, transformou a visão dos cidadãos perante seus direitos e deveres. Contudo, quase 20 anos depois de sua divulgação, a liberdade de diversos indivíduos continua impraticável. À vista de tal preceito, a intolerância religiosa configura-se uma chaga social que demanda imediata resolução, pois fere a livre expressão individual. Dessa maneira, cabe ao Estado, como gestor dos interesses coletivos, a implementação de delegacias especializadas de combate ao sentimento desrespeitoso e, até mesmo violento, às crenças religiosas.”
Olha que exemplo lindo, gente. Ele mostra pra vocês que é possível construir um bom desenvolvimento usando conhecimento que você adquiriu na escola. Por isso, a gente sempre diz que você não deve entrar em pânico, pois não é uma tábula rasa. Você traz aí na sua cabecinha cerca de 10 anos de trajetória escolar + preparação para o vestibular/ENEM. Sempre lembre disso!
Dados:
“De acordo com o site “Mapa da Violência”, nas últimas três décadas houve um aumento de mais de 200% nos índices de feminicídio no país. Esse dado evidencia a baixa eficiência dos mecanismos de auxílio à mulher, tais como a Secretaria de Políticas para as mulheres e a Lei Maria da Penha. A existência desses mecanismos é de suma importância, mas suas ações não estão sendo satisfatórias para melhorar os índices alarmantes de agressões contra o, erroneamente chamado, “sexo frágil.”
Também dá pra usar os famosos dados, sim. Mas não basta jogá-los no seu texto, tá? Reparem: em negrito, temos o dado. Sublinhada, temos a reflexão sobre eles, que é autoral, ou seja, é fruto da análise do autor. Então, sempre que optar por usar um dado, não se esqueça de trazer a sua leitura sobre ele.
Recapitulando:
O que as estratégias acima têm em comum? Independente da tática escolhida, há um passo a passo a ser seguido para que seu desenvolvimento não fique superficial ou informativo. Se liga no caminho que a gente já traçou aqui, mas faz questão de repetir:
tópico frasal (ideia central do parágrafo) + ampliação/fundamentação (aqui é onde você vai usar a estratégia argumentativa escolhida) + desenvolvimento (fechamento ). Grava isso, hein?
Além disso, todas as estratégias requerem conhecimento. Não precisa necessariamente decorar uma penca de coisas, mas precisa ter o que falar. E como se consegue isso? Ficando ligado nos temas mais atuais do Brasil e do mundo. A gente já conversou com você sobre a importância de estudar os temas antes de treinar redação (meu texto, mas é sempre bom lembrar.
Bem, já que estamos te dando o passo-a-passo pra fazer aquela redação baita, só falta você começar a escrever, né, e enviar pra gente fazer aquela correção linda e atenciosa. Não perca tempo! Comece a praticar agorinha mesmo. O que achou de nosso texto sobre Redação por partes: Desenvolvimento?