Confira mais uma dica de tema do Redação Online para você!
Texto 01
“[…] Mas a queda da taxa de mortalidade pode causar uma errônea banalização da Aids. Apenas no primeiro semestre de 2014, 65 novos casos foram registrados em Franca e região pelo Programa Municipal DST/Aids. Segundo dados do Programa, 60% dos diagnósticos são de pessoas heterossexuais, 50% tem dos diagnosticados têm idade entre 21 a 35 anos, e o número de homens portadores do HIV é o dobro do total de casos registrados entre as mulheres.”
Texto 02
Com o sucesso dos coquetéis anti-Aids, nos anos 90, os pacientes deixaram de receber sentenças de morte ao serem diagnosticados. No entanto, os bons resultados do tratamento parecem ter tornado a sociedade mais complacente e os cuidados com a prevenção diminuíram.
O Brasil vem registrando uma média de 38 mil novos casos por ano e de mil mortes por mês. O médico infectologista Jean Gorinchteyn acredita que os índices podem ser ainda maiores. O Ministério da Saúde obriga que seja feita uma notificação de testes que derem positivo para o vírus HIV em qualquer estabelecimento do país, seja na rede pública ou privada. “Esses números vão realmente expressar a realidade”, aponta o especialista.Ele destaca que a população jovem é a mais vulnerável. “Eles têm informação e acesso ao preservativo, mas não usam. Tratamento, na cabeça das pessoas, é igual a cura. Essa visão distorcida faz com que haja uma banalização dos riscos”, afirma Gorinchteyn. O infectologista ressalta que muitos jovens deixam de usar camisinha após quatro ou cinco relações com a mesma parceira, sem, no entanto, fazer exames sorológicos.
Texto 03
Jovens como o morador de Rio do Sul fazem parte de um grupo que gera preocupação em Santa Catarina. O número de pessoas de 15 a 19 anos portadores da doença saltou 56% no Estado de 2012 a 2013. Desde o início deste ano até outubro, foram 50 novos casos diagnosticados.
Para a gerente de Vigilância das DST/aids e Hepatites Virais da Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina, Ingrid Bittencourt, há uma certa banalização da aids, porque com a medicação e tratamento, muitos acreditam que o vírus não leva o paciente à morte:
- Estamos retomando essa conversa, porque aids mata. Se não se cuidar, realmente Mas se o paciente tratar, pode ter qualidade de vida.
Assim como o Estado, Florianópolis é a segunda Capital no país em número de casos detectados. A gerente de Vigilância Epidemiológica de Florianópolis, Ana Cristina Vidor, afirma que houve um relaxamento no uso da camisinha.
- No início, todos os grupos sociais tinham medo da doença e começamos a perceber mudanças de comportamento e o crescimento no uso de Agora, o uso está muito menor que outros anos.
Texto 04
“Doença comum”
Hoje, vivemos uma terceira onda de como a Aids é apresentada no Brasil. As últimas políticas anunciadas indicam que o caminho governamental para o enfrentamento passa por duas ordens claras: descubra o mais rápido possível, e não transmita à ninguém.
Alheio à realidade das pessoas que vivem com HIV, principalmente nas questões apontadas pela sociedade civil organizada, o governo federal investe cada vez mais em ações fáceis, desprezando anos de avanços na concepção de saúde aliada a direitos humanos.
Assistimos a propostas curiosas, como o fim do aconselhamento na testagem e a venda de kits de autotestagem em farmácias e outros locais. Um resultado que impacta fortemente a vida de uma pessoa acaba ao lado de sabonetes e cotonetes.
Na ânsia de localizar o vetor transmissor do HIV, várias organizações da sociedade civil estão sendo cooptadas para esta prestação de serviços ao Ministério da Saúde, testando pessoas vulneráveis sem garantia de retaguarda de tratamento. Os ativistas dessas organizações contam apenas com um treinamento raso.
Além disto, a sucessiva insistência de transferência do atendimento especializado para a atenção básica e a mudança recente do esquema de medicamentos – fornecendo remédios fortes para a pessoa com diagnóstico positivo, independente do seu quadro de saúde – são fatores de culpabilização e de responsabilização à pessoa que vive com HIV ou com Aids.
Vivemos um tempo de banalização da própria vida com aumento da violência e dos crimes institucionais, com a ampliação do descaso do Estado e com a queda da intersetorialidade como preceito de saúde pública mais ampla.
Vivemos também um tempo de banalização da Aids. Se antes o medo se destacava, e depois venderam a ideia do controle, hoje nota-se a estratégia de tornar banal um resultado positivo.
A resposta do momento é totalmente medicamentosa. Saúde pública sem direitos humanos respeitados é mero higienismo disfarçado, que gera banalização de coisas sérias e respostas meramente artificiais e limitadas.
Fonte