Tema de redação – O silenciamento das mulheres na sociedade
Leia os textos motivadores a seguir. Assim, com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo sobre o tema “O silenciamento das mulheres na sociedade”. Use a em modalidade escrita formal da língua portuguesa e apresente proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Então, selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
Texto 1
Presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia é uma das três principais autoridades do País, ao lado dos chefes do Executivo (Michel Temer) e do Legislativo (Rodrigo Maia e Eunício Oliveira). Ainda assim, não sente que tem espaço para falar. E deixou isso bem claro na sessão desta quarta-feira, 10/05/2017, na Corte. O diálogo foi transcrito pelo site jurídico Jota.
Cármen Lúcia: Ministra Rosa Weber, Vossa Excelência tem a palavra para voto.
Rosa Weber: Ministro Lewandowski, o ministro Fux é quem tinha me concedido um aparte.
Cármen Lúcia:Agora é o momento do voto…
Luiz Fux: Concedo a palavra para o voto integral (risos).
Cármen Lúcia: Como concede a palavra? É a vez dela votar. Ela é quem concede, se quiser, um aparte. Foi feita agora uma análise, só um parêntese. Foi feita agora uma pesquisa, já dei ciência à ministra Rosa, em todos os tribunais constitucionais onde há mulheres, o número de vezes em que as mulheres são aparteadas é 18 vezes maior do que entre os ministros… E a ministra Sotomayor [da Suprema Corte americana] me perguntou: ‘”omo é lá?”. Lá, em geral, eu e a ministra Rosa, não nos deixam falar, então nós não somos interrompidas. Mas agora é a vez de a ministra, por direito constitucional, votar. Tem a palavra, ministra.
Os pesquisadores analisaram as discussões no Supremo americano desde 1990 e descobriram um padrão praticamente constante: as mulheres são interrompidas, em média, três vezes mais que os homens – isso embora elas falem com menos frequência e por menos tempo do que eles. Detalhe: elas são interrompidas não só por pares da Corte, mas também por advogados, que, segundo a regra, são proibidos de cortar a fala de um juiz e deveriam ser repreendidos por isso.
Fonte: https://emais.estadao.com.br/blogs/leticia-sorg/deixem-a-carmen-lucia-e-todas-as-mulheres-falar/
Texto 2
Fonte: Revisão Trabalhista
Texto 3
Se você é mulher, certamente já percebeu esse tipo de situação alguma vez no ambiente de trabalho. Uma profissional está em uma reunião, apresentando um projeto aos colegas ou à chefia. No auge da sua fala, um colega homem a interrompe e assume a exposição – como se ela estivesse sendo incapaz de tocar sua argumentação –, apropriando-se de uma ideia que ela já havia pontuado e levando o crédito por ela. Ou ainda: em uma discussão em equipe, essa profissional dá uma sugestão sobre como solucionar um problema ou atingir a meta do mês. Ela termina de falar, é ignorada e a reunião prossegue como se ela não tivesse dito nada.
Em outra situação, em que há dois homens conversando e uma mulher no grupo, quando ela tenta fazer um comentário, eles se viram para ela e explicam algo óbvio, dando a entender que ela não domina o assunto apenas por ser mulher. Parece casual? Cada vez mais especialistas acreditam que não e dão até um nome para esse tipo de situação – violência verbal.
No estudo Sex Roles, Interruptions and Silences in Conversations, os sociólogos Don Zimmerman e Candace West, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, analisaram 31 diálogos gravados em lugares públicos como cafés, farmácias e campus universitários. Eles descobriram que, enquanto nas conversas entre pessoas do mesmo sexo aconteceram sete interrupções no total, nas conversas entre homens e mulheres, foram 48 interrupções – 46 delas feitas por um homem, no meio da fala de uma mulher. Outra pesquisa, realizada em 2014 pela Universidade George Washington, mostra que, durante um diálogo, os homens interrompem as mulheres 33% mais do que quando eles estão falando com outro homem.
Nem poderosas líderes mundiais escapam do constrangimento.
Segundo um levantamento do portal americano de notícias Quartz, durante o primeiro debate presidencial entre Hillary Clinton e Donald Trump, em setembro de 2016, o republicano interrompeu a candidata democrata em 51 momentos. O caso serviu de inspiração para a criação do aplicativo Woman Interrupted, lançado em março pela agência BETC São Paulo. A finalidade da plataforma é contabilizar quantas vezes uma mulher é interrompida durante sua fala por um homem, o chamado “manterrupting”.
Em consequência de práticas como essas, as mulheres são as que menos se pronunciam em reuniões no mundo corporativo. Em 2012, o pesquisador Christopher Karpowitz, da Universidade Brigham Young, nos Estados Unidos, descobriu que homens falam, em média, durante 75% do tempo em discussões de trabalho. O silenciamento pode ser percebido também pela quantidade de mulheres que evitam admitir situações em que se sentiram constrangidas ou desrespeitadas em função de questões de gênero. Uma pesquisa global realizada pelo instituto Ipsos em 24 países, entre janeiro e fevereiro de 2017, mostra que 26% das mulheres, em todo o mundo, têm receio de defender seus direitos e lutar pela equidade de gênero. No ranking geral, o Brasil ocupa o terceiro lugar como país onde as pessoas mais temem tocar no assunto (36%), ficando apenas atrás de Índia (50%) e Turquia (39%).
Fonte: https://vocesa.abril.com.br/geral/como-a-violencia-verbal-afeta-as-mulheres-no-trabalho/
Exemplo Tema de redação – O silenciamento das mulheres na sociedade
São Tomás de Aquino defendeu que todas as pessoas precisam ser tratadas com a mesma importância. Porém, a questão do silenciamento das mulheres contraría o ponto de vista do filósofo, uma vez que, no Brasil, esse grupo é vitíma de discriminação constante. Nesse contexto, é evidente injustiça, bem como o legado histórico.
Em primeira análise, a questão da impunidade mostra-se como um dos desafios à resolução do problema. Nessa perspectiva, a máxima de Martin Luther King de que ¨ a injustiça num lugar,ameaça em todo lugar¨ cabe perfeitamente. De acordo com essa perspectiva, mulheres são tratadas com inferioridade no relacionamento (caso mais comum é a violência doméstica) e até mesmo em local de trabalho, sendo silenciadas de todas as formas, geralmente por homens. Nesse contexto, é verídico que a dominação masculina ainda é potente em pleno século XXI ,no qual é uma injustiça, pois o sexo oposto não possui nem lugar de fala, o que dificulta a erradicação do problema.
Outro ponto relevante, nessa temática, é o legado histórico. De acordo com o pensamento de Claude Lévi-Strauss, só é possível interpretar adequadamente as ações coletivas por meio do entendimento dos eventos históricos. Desse modo, o rebaixamento de mulheres não é considerado um pensamento atual e sim um retrógrado,ou seja, a voz e o poder masculino já existiam há muito tempo, diferentemente do caso feminino. Assim, é possível notar que o entendimento de muitos hoje é um resultado de seus antepassados, que transferem esse errado e machista¨conhecimento¨ que passa em geração para novas gerações e, dessa forma, se não ocorrer nenhum tipo de intervenção, esse conceito de que o homem é superior à mulher irá permanecer por longos anos, decádas ou até mesmo séculos.
Logo, medidas estratégicas são necessárias para alterar esse cenário. Para que isso ocorra, é necessário que o Ministério dos Direitos Humanos, em parceria com canais de televisão,faça propagandas que falem sobre mulheres a não se silenciarem perante a sociedade e como elas podem lutar contra essa dominação masculina atual,se manisfentando em suas redes sociais,inspirando outras mulheres a fazerem o mesmo. Tal ação pode,ainda,contar com palestras em escolas, desconstruindo pensamentos machistas da nova geração, com o objetivo de dar espaço à mulher futuramente. A partir dessas ações, espera-se a construção de um Brasil melhor.