O ato de publicar fotos e vídeos dos filhos pelos pais na internet é conhecido com "sharenting", que vem da junção das palavras em inglês "share" (compartilhar) e "parenting" (paternidade). Por mais comum que seja, a exposição execessiva de crianças na internet é extremamente perigosa. Nesse sentido, cabe pontuar a falta de legislação que defina o que pode ser postados pelos pais, bem como os problemas para a saúde psicológica da criança que essa atitude pode gerar.
Em primeiro plano, vale ressaltar o que problema está relacionado à falta de uma legislação que estabeleça limites sobre o que pode ser postado da criança. Em 1998, os Estados Unidos criou a "Children's Online Privacy Protection Act" (COPPA), uma lei que resguarda a privacidade online das crianças, protegendo seus dados e regulamentando a exposição de menores de 13 anos nas redes sociais. Diferentemente dos EUA, o Brasil não possui um conjunto de leis similar a COPPA. Sem uma lei que estabeleça limite, fica a critério dos pais escolher o que postar dos seus filhos, sem qualquer restrição legal do que divulgar ou não. Como consequências, muitos familiares que não possuem consciência dos riscos oferecidos pela internet podem vir a ameaçar a segurança do menor de idade ao compartilhar dados que podem ser usados para roubo de identidade, cyberbullying, uso indevido de fotos e vídeos por pedófilos
Convém destacar, em segundo plano, que a exposição antecipada na internet pode causar problemas à saúde psicológica dos menores de idade. Em 2020, o filho de 16 anos da cantora de forró Walkyria dos Santos tirou a própria vida após receber diversas mensagens de ódio em um vídeo publicado em sua conta do Tiktok. O caso evidencia que crianças e adolescentes não tem recursos emocionais para lidar com as agressões que podem ser recebidas na internet, uma vez que estão em processo de formação e amadurecimento e nesse período da vida são mais frágeis emocionalmente. Ademais, a superexposição desses jovens pode afetar a autoestima, gerar ansiedade, constrangimento durante a fase adulta e torná-los vulneráveis à constante aprovação.
Portanto, fica evidente a urgência em tomar medidas para solucionar o problema da superexposição de crianças e adolescentes nas redes sociais. Dessa maneira, cabe ao Governo Federal conscientizar as famílias acerca dos riscos de expor os menores em excesso e sem as devidas restrições, por meio de campanhas publicitárias vinculadas nos principais meios de comunicação, que devem mostrar aos pais estratégias para preservar a segurança e o bem estar dos filhos ao publicarem suas fotos, com a finalidade de que as divulgações na internet ainda preservem a privacidade das crianças e que os dados publicados não acabem sendo usada de maneira indevida por pessoas má intencionadas. Assim, os pais poderam "sharenting" sem prejudicar seus filhos.