"Trabalhe enquanto eles dormem e, assim, viva o que eles sonham." Esse conhecido provérbio japonês , ao metaforizar a necessidade de rendimento nas atividades laborais, elucida o contexto de hipervalorização de um cenário extremamente produtivo, o qual sofre, constantemente, o processo de romantização. Por conseguinte, observa-se que a persistência da problemática engendra em prejuízos ao coletivo e, decerto, demanda intervenções. Nesse viés, para melhor análise, é fulcral analisar a flexibilidade impulsionada por vias tecnológicas, bem como a ascensão do capitalismo hodiernamente.
Em primeiro plano, é imperioso notar a rotina trabalhista versátil proporcionada pelos aparatos tecnológicos. Diante disso, a Teoria da Performatização, da socióloga Judite Burtly, versa sobre a desumanização dos corpos que são inseridos em um contexto de produtividade laboral, o qual é exposto de modo romantizado. Isso posto, pode-se relacionar à conjuntura, o advento da internet como propulsor de uma rotina flexível, porquanto os meios digitais permitem aos trabalhadores empreender e trabalhar em locais e horários diversos, contexto o qual gera uma produtividade excessiva. Com efeito, urge uma análise crítica social acerca da maior disponibilidade de tempo, destinado à realização de tarefas rentáveis, em detrimento da saúde coletiva.
Outrossim, é imperioso destacar a ascensão do cenário capitalista como um empecilho frente ao pragmatismo sobre a resolução da problemática. Desse modo, conforme exposto na obra "Sociedade do desempenho, do escritor coreano Byun-Chul Han, a hegemonia do capitalismo reverbera em um aspecto de falsa liberdade, por impor aos indivíduos um ideal de constante realização. Nessa feita, elucida-se que a extensa produtividade social fomenta o esgotamento físico e psicológico do trabalhador, o qual persiste nessa conjuntura degradante devido, sobremodo, à ideia de dignidade humana advinda do processo laboral. Logo, é imprescindível promover mudanças acerca do rendimento social excessivo, com o fito de evitar o processo de romantização.
Dessarte, reafirmam-se os prejuízos ocasionados pela persistência em idealizar o contexto de extrema produtividade. Portanto, compete às Secretarias Municipais o desenvolvimento de projetos pedagógicos sobre a produtividade nas escolas e universidades, mediante semanas de extensão, nas quais psicólogos discorram acerca da importância do uso responsável em realizar atividades profissionais, a fim de não prejudicar o bem-estar coletivo. Ademais, o Governo Federal deve investir em setores informacionais sobre a produtividade excessiva, por meio de campanhas publicitárias à respeito da saúde dos trabalhadores, as quais busquem prezar pelo conforto psicológico da população, no intuito de não viver as consequências da sociedade do desempenho. Somente assim, obter-se-á uma sociedade saudável, com a produtividade excessiva retrita ao antigo provérbio japonês.