Desde 1924 o time de futebol Vasco da Gama é considerado um símbolo da luta contra o racismo, em virtude do clube ter se recusado a disputar um campeonato sem os seus jogadores negros, dado que o futebol da época era um privilégio de pessoas brancas. Consoante a isso, nota-se que, atualmente, a falta de representatividade no esporte segue sendo uma ameaça ao equilíbrio da sociedade. Dessa forma, o descaso social e a negligência estatal contribuem para o crescimento dessa problemática.
Em primeira análise, é imprescindível ressaltar a omissão populacional. À vista disso, segundo a filósofa Hannah Arendt, a "banalidade do mal" é exercida quando atos irracionais e massificados adquirem um caráter normativo pelas pessoas. Sob essa ótica, é perceptível a existência de um preconceito enraizado responsável por inferiorizar os indivíduos que não se encaixam no modelo imposto pelo corpo social, uma vez que, ao analisar a sociedade, verifica-se que os grupos historicamente marginalizados e desfavorecidos, como homossexuais e negros, são os que recebem menos destaque nas práticas esportivas. Com isso, fica evidente que essa discriminação dificulta a democratização do desporto entre os indivíduos e, como consequência, diminui as chances de ascensão social por meio do esporte. Nessa perspectiva, é fundamental que haja a quebra dos paradigmas que impedem a erradicação dessa adversidade.
Outrossim, vale salientar a negligência estatal como propulsora da problemática. Convergente a isso, o contratualista Jean-Jacques Rousseau, em sua obra "O Contrato social", mostra que o Governo deve promover a harmonia e o bem-estar social. No entanto, observa-se que a ineficácia estatal contribui para a falta de representatividade no esporte, por causa da falta de políticas públicas voltadas para o investimento na infraestrutura das escolas, visto que inúmeras instituições não possuem quadras poliesportivas e professores aptos para o ensino das modalidades. Dessa maneira, a ausência de atividades estatais resultam em graves circunstâncias para a sociedade, como a exclusão social no desporto e, por conseguinte, a dificuldade de muitos alcançarem o seu potencial a ser exercido na vida. Destarte, o Estado necessita tomar decisões eficazes, objetivando a erradicação dessa mazela.
Portanto, medidas devem ser tomadas para resolver esse impasse. Desse modo, o Governo, em parceria com a mídia, deve dinamizar a promoção de atividades que visem à mitigação da falta de representatividade no esporte; isso pode ser realizado por meio de campanhas publicitárias que exponham informações acerca das vantagens da inclusão social nas práticas esportivas, além de instruir a população acerca da necessidade de acabar com os preconceitos presentes no âmbito desportivo, buscando educar de forma coerente os indivíduos sobre o assunto em questão. Ademais, o Poder Público, em conjunto ao Ministério da Educação, necessita criar políticas públicas que destinem recursos para o investimento na infraestrutura das escolas, com o fito de oferecer o suporte requisitado para ações desportivas e, como efeito, garantir a representatividade no esporte. Assim, haverá a dissolução da problemática.