Na série “The Act”, baseada em fatos reais, a narrativa revela a vida conturbada de Gypsy Rose. Ao longo da trama, a jovem percebe que foi manipulada durante toda vida por sua mãe. De tal maneira, que acreditava portar uma grave doença, a qual era incapaz de ter uma vida normal. Fora da ficção, constam-se os inúmeros casos de relações abusivas entre pais e filhos, tal qual a série citada. Uma vez que, ocorre principalmente pela extrema superproteção perante as crianças e adolescentes. Nesse sentido, convém analisar não só a tutela controladora e abusiva dos pais, como também as consequências traumáticas na vida adulta dos filhos.
Antes de tudo, é importante destacar que, para que um cidadão desenvolva discernimento e um bom convívio social, é preciso que o mesmo tenha tido autonomia durante a adolescência. Porém, quando há uma resguarda excessiva pelos pais, os jovens se tornam incapazes de tais atos. De acordo com Iñigo Ochoa de Alda, psicólogo espanhol especialista no tema, afirma que “A superproteção dos filhos é uma falsa proteção”. Seguramente, a afirmação pode ser dita como verdadeira ao observarmos que um adulto ao passar por uma criação abusiva, se torna inapto de tomar decisões sozinhos. Assim, o indivíduo carrega ao longo da vida a dependência emocional.
Além disso, as consequências geradas por determinada situação são arrebatadoras, causando principalmente abalos psíquicos. Na série citada, por exemplo, após episódios traumáticos que a adolescente enfrenta, a mesma comete assassinato contra sua própria mãe. Dessa forma, não há dúvidas que a personagem tenha sofrido abalos psicológicos graves. Na realidade, os transtornos mentais desenvolvidos pelas vítimas são semelhantes. Segundo um estudo publicado pelo “Journal of Child and Families Studies”, tal comportamento controlador dos pais aumenta o risco da criança desenvolver depressão e ansiedade. Logo, o crescimento do jovem é profundamente afetado, tornando-o um adulto repleto de insegurança e medos.
Frente a tal problemática, é de extrema importância que os jovens brasileiros tenham a devida proteção oferecida pelo Ministério Público. De tal maneira, é preciso que a lei contida no artigo 201 - Estatuto da Criança e do Adolesente (ECA) -, seja de fato exercida, juntamente com a colaboração do Ministério da Educação (MEC). Além disso, é preciso inserir rodas de conversa voltadas aos pais, para que possa haver diálogo sobre possíveis atritos familiares e como isso afeta as crianças. Ainda mais, é importante a divulgação do “Disque 100”, número responsável por receber denúncias de abuso infantil; podendo ser feito através de propagandas televisivas e digitais. Somente assim, a segurança poderá ser garantida à essa porcentagem da população.